29 de fev. de 2016

Basta!


A incompetência e a corrupção exauriram o país. Ele não pode continuar mais se arrastando sem direção


Em que momento de sua história o PT se perdeu?
Foi quando Lula, depois de três derrotas consecutivas, achou que para vencer em 2002 deveria “jogar o jogo”?
Foi quando a governar com partidos, ele preferiu aliciar o apoio individual de deputados e senadores?
Ou foi quando ele, uma vez superada a fogueira do mensalão, convidou o PMDB para ser o principal parceiro do PT no seu segundo governo?
Escolha o momento que lhe pareça o mais significativo. Existem outros.
O meu preferido é o primeiro – aquele de “jogar o jogo”. Dirão os pragmáticos inescrupulosos: sem jogar conforme as regras usuais, Lula e o PT jamais teriam chegado ao poder. 
Pergunto: valeu a pena ter chegado desprezando os valores e princípios que pareciam distingui-los de outros políticos e partidos?
Apenas pareciam, como ficou demonstrado nos últimos 13 anos. Lula e o PT governaram sem dispor de ideias para o país. Favorecidos por uma conjuntura econômica mundial positiva, improvisaram o quanto deu.
Quando não deu mais, viram no aparelhamento do Estado e na corrupção os únicos meios de se sustentar no poder. Deu no que vemos.
O PT foi inventado pela ala progressista da Igreja Católica. Para combater a influência dos partidos comunistas no meio operário, a Igreja imaginou reunir em um novo partido as demais correntes de esquerda.
Conseguiu. E por muito tempo, as comunidades eclesiais de base, alimentadas pela teologia da libertação, funcionaram como células do PT.
Por mais que tenha radicalizado seu discurso na tentativa de eleger Lula presidente em 1989, 1994 e 1998, o PT jamais foi criado para pregar a revolução social.
É verdade: abriga tendências de esquerda sem compromissos com a democracia tal qual a conhecemos. Mas  foi sempre o partido da ordem.
“Nunca fui de esquerda”, uma vez comentou Lula. “Quando cedi às pressões dela, me dei mal”.
Lula não passa, nunca passou de um malandro esperto e carismático que concordou em ser cavalgado por parte da esquerda – e que acabou por cavalgá-la.
Não foi muito difícil para ele e seus adeptos trocarem o discurso radical pelo discurso conciliador de 2002. Quem imaginou que Lula, para se eleger afinal, assinaria um documento como a “Carta aos Brasileiros”?
Mais adequado seria chamá-lo de “Carta aos Banqueiros e Empresários”. Ou “Carta ao Capitalismo Internacional”.
Foi a garantia dada por Lula de que seu governo manteria a política econômica do governo do então presidente Fernando Henrique. Assinou e cumpriu.
A Bolsa Família, mais tarde, em nada desautorizou a carta do pai dos pobres e mãe dos ricos.
Naquele momento, deu-se a assimilação de Lula e do PT pelas elites, acusadas por eles, hoje, de aliadas do PSDB.
De fato, aliaram-se a Lula e ao PT. E lucraram os tubos com isso. Se dependesse delas, e se não existisse a Lava-Jato, seguiriam apoiando o PT e torcendo pela volta de Lula em 2018.
Como torceram há dois anos. Lula e o PT as espancam por puro marketing.
A opção por “jogar o jogo”, que empurrou Lula e o PT rampa acima do Palácio do Planalto, empurrará Dilma, Lula e o PT ladeira abaixo em 2018 - ou mesmo antes.
Simplesmente, a maioria esmagadora dos brasileiros quer vê-los pelas costas. A incompetência e a corrupção exauriram o país. Ele não pode continuar mais se arrastando sem direção.
Chega! Basta!
Ricardo Noblat

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