28 de nov. de 2015

O DEBATE, O EMBATE E O COMBATE: COMO SE DESENVOLVER SEM ELES?

Nesses últimos dias tem se tornado pauta de debates em Parnaíba as opiniões sobre os Professores Renato Santos e Fernando Gomes. Ambos são pessoas públicas e de relevantes serviços prestados ao município e entorno. Não entrarei nas questões de quem está certo ou errado, quem se excedeu ou quem deve ceder.
Sou um “forasteiro” instalado nessa terra por opção pessoal há quinze anos. Outros há mais tempo, como os Silva, Furtado, Jacob, Clarck, Costa, Castelo Branco, Neves, Neres, Santos, Fontenele, Almendra, Machado... Desde os primeiros dias nessa terra, sou totalmente inserido, em todos os seus níveis. Sou naturalmente um crítico e sempre participo de algum debate sem maiores medos. A crítica é o elemento fundamental para a mudança e para evolução, porque é nela que se identifica por outra parte os pontos a serem melhorados, corrigidos, redirecionados. As vezes ela pode ser interpretada como a vontade do crítico em estar no lugar do criticado, embora isso possa ser verdade eventualmente, a rigor o crítico quer é colaborar com a construção de um mundo segundo suas crenças (sociais, políticas, econômicas, religiosas). Normalmente não gostamos de ser criticados, pelo menos no momento da crítica.
O Prof. Renato Santos, em sua crítica a Fernando Gomes, deixou claro que Parnaíba não gosta desse tipo de embate e que em sendo feito precisa de muita cautela. Ouso colocar que as causas dessa postura está calcada na cultura da harmonia e da paz pregada pela igreja ao longo desses três séculos de história e do compadrio na política. Em outros territórios o debate é uma prática comum no meio intelectual, o embate no meio empresarial e o combate no meio político, em maior ou menor grau. Na prática por aqui, isso se dá de maneira superficial, parcimoniosa, quase passiva. São muitos os exemplos: Porto, Aeroporto, ZPE, Tabuleiros Litorâneos, Turismo. Estamos parados? Não. No geral estamos evoluindo, se desenvolvendo, mas de maneira muita mais lenta do que poderíamos.
O Porto é uma lenda. O Aeroporto teve seu único voo regular cancelado. O Tabuleiros Litorâneos está com sua área irrigada estagnada há 5 anos. O Turismo idem. Temos polo educacional impulsionado pela explosão do ensino universitário privado que “arrastou” o ensino público na sequência. Parnaíba pouco participa das ações políticas do Piauí, mesmo sendo a segunda cidade e de forte participação histórica não se posiciona de forma contundente na busca por esses espaços.
Dando um recorte analítico na região Nordeste, quer seja pelas mãos do Estado (que tem como missão primeira promover o desenvolvimento) ou pela iniciativa privada, temos exemplos bem sucedidos de desenvolvimento como os pólos tecnológicos de Campina Grande e Recife, o de irrigação do Vale do São Francisco, a interiorização da indústria do Ceará, o pólo têxtil de Caruaru, as primeiras montadoras de automóveis da Bahia e Pernambuco, a apicultura do Piauí, a exploração dos Cerrados, dentre muitos outros.
Parnaíba ainda patina em relação as oportunidades existentes aqui e devemos compreender que os exemplos citados só se efetivaram com muito debate, muito embate e muito combate.

Josenilto Lacerda Vasconcelos
Agrônomo

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