O Brasil se reencontrava com as urnas para eleger os governadores, em 1982, depois de 20 anos de escolha deles pelo voto indireto. No Piauí, o eleitorado se dividia de forma muito clara entre dois candidatos - o então deputado federal Hugo Napoleão (PDS), apoiado pelo governo, e o senador Alberto Silva (PMDB), que se apresentava como alternativa de oposição ao esquema estadual.
Em meio a esses dois paredões, um partido que também acabara de nascer, dentro da nova organização partidária brasileira, tentava abrir passagem: era o PT. O candidato que o partido apresentou para enfrentar os gigantes Hugo Napoleão e Alberto Silva foi um pequeno comerciante do conjunto Saci, zona Sul de Teresina, José Ribamar dos Santos, que mais tarde ficaria conhecido como Ribamar do PT. Campanha modesta. O resultado foi o que se poderia esperar: Ribamar obteve 5.814 votos, totalizando 0,87% dos votos dos candidatos a governador.
Mas a semente estava plantada. 20 anos depois, após insistir no Governo do Estado, com Nazareno Fonteles (1986), Antônio Neto (1990) e novamente Nazareno (1994), sempre com votação crescente, o PT viria finalmente a conquistá-lo em 2002, com Wellington Dias, reeleito para um novo mandato em 2006.
Ajudou a fundar diversos sindicatos rurais e urbanos pelo Estado, bem como instituições não governamentais como a FAMCC (Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários do Piauí) e a AMOR (Associação de Mulheres Organizadas), além de associação de bairros. Deficiente visual há vários anos, ele não deixou de lutar. Era incansável.
A chegada do PT ao poder não mudou a sua cabeça. Ele continuava o mesmo homem simples, morando no mesmo bairro, na mesma casa, feliz com a vitória dos companheiros e com o sucesso dos programas do governo do seu partido. Também não dispensava uma ou outra crítica ao que considerava inevitável corrigir.
Ribamar do PT, o primeiro candidato a governador do Partido dos Trabalhadores, morreu ontem, em Teresina, aos 87 anos, de falência múltipla dos órgãos, após sofrer de complicações pulmonares. Era uma figura muita querida dentro e fora do partido, destacando-se pelo seu idealismo e pela sua simplicidade.
Edição: Allisson Paixão
Repórter: Zózimo Tavares
Fonte: (Diário do Povo)
Publicado Por: Zózimo Tavares
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.