O político é comumente comparado à raposa, pela sua astúcia, a sua malícia e a sua elevadíssima capacidade de dissimulação. Nenhum fica ofendido quando é chamado de raposa felpuda. Chega a ser até a glória suprema ser reconhecido como o mais esperto entre os de sua espécie. O que ofende a vaidade do político é ser apontado como pato.
Desde a deflagração precoce do processo sucessório estadual, apenas um dos atores vem falando o tempo inteiro o mesmo enredo: é o vice-governador Wilson Martins: se ele assumir o governo, será candidato a governador. Esta é, também, a expectativa de seu partido. Já disse alguma coisa diferente disso?
O outro político que também diz o que pensa é o deputado federal Nazareno Fonteles. Suas críticas ao PTB e aos demais aliados são sinceras, ao contrário dos elogios que um ou outro petista faz ao senador João Vicente Claudino. Nazareno pode pecar pelo excesso, jamais pela falta de coerência.
Se a sua franqueza prejudica os entendimentos entre os partidos da “base” aliada, aí já é outra história. O que não pode ser negado é que ele fala não apenas por si, mas por muitos outros petistas que não encontram razão para o partido abdicar da candidatura própria em favor de quem quer que seja, nas próximas eleições.
A questão é que o PT, a vida inteira, aprendeu a discutir internamente suas decisões. Até se dizia, em tom de pilhéria, que o partido chegava a marcar uma reunião para marcar uma reunião. Agora, no entanto, é diferente. O PT começa a fechar acordos de cúpulas, a fazer conchavos políticos, sem passar pela base.
É esse novo pragmatismo do PT, e não propriamente o “radicalismo” do deputado Nazareno Fonteles, que está provocando mal-estar no partido. O que há de incoerente no fato de o deputado defender, à sua maneira, a candidatura própria, se os demais aliados também defendem com unhas e dentes os nomes de seus candidatos a governador?
Em outras palavras, Wilson Martins e Nazareno Fonteles não estão tentando enganar a ninguém.
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