Túnel do Tempo (Álvaro Braga)
O Figueirense e o Botafogo de Catanduvas
O bairro Catanduvas, na região do Aeroporto de Parnaíba e da zona próxima aos mangues fornecedores de caranguejo, sempre foi um celeiro de muitos craques da bola, mas que apenas forneciam jogadores para as equipes formadas pelos diversos bairros de Parnaíba.
A partir do final dos anos 70 e inicio dos anos 80 os peladeiros do “campinho” resolveram se organizar para valer e incluíram no futebol suburbano o time do Figueirense. Antes, outras pequenas equipes já haviam se aventurado, mas com pouca expressão e pouca organização.
Coube ao Figueirense com suas cores verde e amarela iniciar um padrão futebolístico que simbolizava o bairro Catanduvas, sempre tão pobre e discriminado através dos tempos e que era visto apenas como o bairro onde os ricos podiam conseguir empregadas domésticas para suas casas ou então ir na BR que vai à Luis Correia para comprar caranguejos.
O embrião estava formado com o Figueirense, e logo depois formou-se o alvinegro Botafogo, com muitos jogadores do antigo Figueirense, como Miro, Boró, Seu Zeca, Gatão, Pirró, Batista e outros.
Muito importante nessa fase foi a dedicação dos esportistas Sales e Urêia que não mediam esforços para alugar um ônibus toda semana para levar o time e sua fanática torcida, formada pelos familiares dos jogadores, aos mais diversos campos da cidade.
O zagueiro Boró pelo seu excesso de virilidade, digamos assim, não perdoava nenhum atacante e “baixava o sarrafo” mesmo sem dó nem piedade. Inúmeras foram as vezes em que ele pegou cartão vermelho e também tirou algum adversário de campo mais cedo por conta de seus sopapos.
Lembro que até o experiente e disciplinador juiz de futebol, o militar Oliveira, respeitava o Boró, e com pena de expulsá-lo logo aos 5 minutos de jogo, encostava nele e dizia: - Calma Borozin, senão vou te mandar pro chuveiro mais cedo!”.
Além de boas campanhas no futebol suburbano, o Botafogo também iniciou sua participação na Liga a partir dos anos 90.
Um destaque também era a atuação do goleiro Batista, uma atração à parte pois, era um excelente goleiro, apesar de ser muito baixinho.
Batista, sempre mereceu a admiração de todos por ter desempenhado um papel de cidadania junto às sua comunidade, quer incentivando a garotada a participar de novos times formados no bairro ou então fazer um trabalho social da maior importância com essa mesma inclusão social. Ajudou a desportista doutora Ilvanete durante algum tempo.
Foto 1 – Figueirense no Campo da Mercedes em 1981
Foto 2 – Botafogo no Campo da Mercedes em 1989, no dia chuvoso em que foi vice-campeão do Torneio Carlos Antônio, perdendo por 2 X 1 para o Copeças. Taça e troféus entregues pelo Mão Santa e Prentice Medeiros, em jogo irradiado por Gláucio Resende.
Edição Blog do Pessoa