Boa tarde Senhor Carlson.
Referente a
"Cobertura do Carnaval 2011 - Blog do Pessoa e
FLAGRANTE na TV" publicado no seu valioso Blog do Pessoa, sirvo a
analise da jornalista
Rachel Sheherazade em relação
ao Carnaval atual, para que seus leitores possam refletir, tirar a própria
conclusão e formar o juízo.
...eu não vejo a hora de chegar a quarta-feira de cinzas.
Não, não é que eu seja inimiga do carnaval. Inclusive já
brinquei muito: em clubes, nas prévias, nos blocos....Fui até a Olinda em plena
terça-feira de carnaval... Portanto, vou falar com conhecimento de causa. E,
como um véu que se descortina, como uma máscara que cai, gostaria de revelar
algumas verdades que encontrei por trás da fantasia do carnaval.
A primeira delas: o brasileiro
adora carnaval.
Não acredito. Na Paraíba, por exemplo, o maior bloco de
arrasto disse ter registrado cerca de 400 mil foliões no desfile do ano
passado. Mas, a população paraibana conta com mais de 3 milhões e 600 mil
cidadãos.
Portanto, a maioria do povo não foi para a rua ou por que
não gosta de carnaval ou por que não se reconhece mais nessa festa dita
popular.
Segunda falsa verdade: o carnaval
é uma festa genuinamente brasileira.
Não, não é. O carnaval, tal como o conhecemos, surgiu na
Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a
outras culturas.
Quarta falsa verdade: É uma festa
popular.
Balela!
O carnaval virou negócio
– dos ricos. Que o digam os camarotes VIP, as festas privadas e os abadas
caríssimos, chamados "passaportes da alegria".
E quem não tem dinheiro para comprar aquela roupinha
colorida não tem, também, o direito de ser feliz??? Tem não.
E aqui, na Paraíba, onde se comemoram as prévias não é
muito diferente. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma
atração sobe em um trio elétrico para divertir o povo só por ser, o carnaval,
uma festa democrática.
Milhões de reais são pagos a artistas da terra e fora
dela
para garantir o circo a uma população miserável
que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas, hoje, me revoltam no carnaval.
Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por
"hits" do momento como o "Melô da Mulher Maravilha", e
similares que eu nem ouso citar.
Fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias
disponibilizadas num desfile de carnaval
para atender
aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra - quebra.
Onde estão essas mesmas
ambulâncias quando uma mãe de família precisa socorrer um filho doente?
Quando um trabalhador está infartado? Quando um idoso no interior precisa se
deslocar de cidade para se submeter a um exame?
Revolto-me em ver que
os
policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval, e,
no dia a dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o direito de ir e
vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa! Dizem até que faz
girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas,
seu churrasquinho...
Se esses pais de família
dependessem do carnaval para vender e viver, passariam o resto do ano à míngua.
Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para
proprietários de trios elétricos e uns poucos artistas baianos.
No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular
o
quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões
embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou invalidez
decorrentes desses acidentes?
Quanto o poder público desembolsa com os procedimentos de
curetagem que muitas jovens se submetem depois de um carnaval sem proteção que
gerou uma gravidez indesejada?
Isso sem falar na quantidade de
DST’s que são transmitidas durante a festa em que tudo é permitido!
Eu até acho que o carnaval já
foi bom... Mas, isso foi nos tempos de outrora.
Abraço forte, extensivo aos seus familiares, ouvintes e
leitores.
Por Josef Anton Daubmeier
Edição Blog do Pessoa