Meio natural em desconstrução

O vasto território brasileiro pode ser considerado um “mosaico verde”; o laboratório natural do Planeta Terra. Sua identidade biogeográfica o qualifica como a nação da magnitude ecológica. Contemplado por suas belezas naturais, este País de dimensões continentais, de Norte a Sul, apresenta uma diversidade de recortes fitogeográficos e zoogeográficos – relicários ecológicos jamais vistos em outra parte do globo terrestre.

Nossos organismos governamentais e privados precisam mostrar-se eficientes no trato das temáticas ligadas às questões socioambientais – imprescindíveis aos múltiplos interesses sociais e ao desenvolvimento nacional. E, em nosso país, a meu ver, ainda não foi consolidado o tão preconizado projeto socioambiental do século XX – O Desenvolvimento Sustentável: equilíbrio entre o meio ambiente natural e o meio ambiente artificial, sendo este último, resultado das ações impactantes dos seres humanos sobre o Planeta Terra. O mundo torna-se artificial a partir da construção de modelos de desenvolvimento técnico-científico-informacional. Um processo dinâmico e irreversível – marca registrada do modo de produção capitalista.

Hoje, é comum assistirmos ao embate envolvendo os setores desenvolvimentistas e preservacionistas. Atualmente, as calorosas discussões estão focadas no modelo de apropriação territorial de recortes com elevada sensibilidade ecológica – um debate marcado pela utopia e demagogia de alguns irresponsáveis atores sociais. Militantes preservacionistas não podem monopolizar o meio ambiente natural, enquanto os desenvolvimentistas não podem gerar um modelo predatório de expansão econômica que comprometa de modo irreversível os recursos naturais.

Há de se reconhecer as incomensuráveis benesses da Globalização. Mas é preciso que se reflita sobre as profundas cicatrizes gerada por este modo de produção.

Enquanto os habitantes de nosso país, em todos os estratos sociais, não forem submetidos ao processo de “alfabetização ecológica”, nossas  políticas ambientais; convenções; protocolos dentre outros, perderão a relevância e interesse popular em futuras pautas de discussões. A educação ambiental preza pelo zelo à natureza e à perpetuação das espécies. Ainda temos  significativo contingente de pessoas desprovidas de saberes geográficos e ecológicos. Avanços significativos em nossa política ambiental somente ocorrerão mediante educação de qualidade desde a tenra idade e, consequentemente, a maciça inclusão social de nosso povo.

Aqueles que militam em favor de um meio ambiente sustentável necessitam desprover-se de ideologias e siglas partidárias descompromissadas com a nobre causa ecológica. Também, é imprescindível não compactuar com interesses meramente mercadológicos, que ponham em risco a integridade do patrimônio ambiental brasileiro.

Antônio Pereira de Araújo – Professor de geografia – Brasília-DF

Edição Blog do Pessoa