Caro Carlson,
Visito seu blog regularmente para me inteirar das notícias da cidade e, acredidanto no trabalho sério e competente realizado por você, sinto-me à vontade para lhe escrever a fim de que possa tomar conhecimento e quem sabe "repercutir", no seu dizer, algo lamentável que vem acontecendo nestes jogos estudantis.
Sou professora de uma escola aqui da cidade e tenho tido a oportunidade de prestigiar algumas partidas.
Primeiro, é fundamental destacar a pouca quantidade de escolas participantes e em poucas modalidades. Desnecessário destacar a importância desse tipo de evento para nossos jovens.
Inicialmente fiquei me perguntando o motivo dessa baixa adesão. Mas depois de algumas observações ficou claro o porquê. Falta total de organização, de competência dos responsáveis e de segurança.
Não se pode conceber, por exemplo, que o coordenador-geral também seja técnico de times e árbitro. Isso no mínimo gera motivo para suspeição do indivíduo.
A arbitragem é, no geral, despreparada, chegando a prejudicar as equipes com equívocos inexplicáveis e um claro favorecimento às escolas públicas.
Para completar, não há segurança alguma, nem mesmo equipe médica à disposição dos atletas e dos torcedores.
As partidas que acontecem no Roland Jacob contam com a presença de alguns homens travestidos de segurança, que na verdade não têm preparo algum. São truculentos com crianças, adolescentes, tanto meninos quanto meninas. Semana passada um aluno foi constrangido e desreipeitado porque entrou na escola de patins. Entendo que em toda escola há normas, mas se os alunos podem entrar de bicicleta, inclusive dentro da quadra, não vejo razão para não entrar de patins. Caso realmente não seja permitido isso, que na entrada da escola houvesse um porteiro para alertar os alunos de outras escolas. Fui testemunha do fato a que me refiro. Ouvi um senhor chamar o aluno de vagabundo e desferir contra ele umas série de palavras pouco amistosas por conta disso. Percebi que o menino ficou muito envergonhado, pois havia muitas pessoas em volta.
No dia seguinte, fui ao estádio municipal acompanhar algumas partidas do futebol de campo masculino. O público não era grande. Talvez de 200 a 300 pessoas entre crianças, adolescentes,pais, professores, treinadores, atletas, organizadores e arbitragem.
Ao fim da última partida houve ameaça de invasão do campo para promover pancadaria contra o time que havia se saído campeão. Vi a movimentação de professores e do pessoal que compunha a mesa se dirigindo para a entrada do campo a fim de evitar o pior. Não havia qualquer segurança. Soube que ligaram para a polícia militar. Os atletas ficaram do lado de dentro do campo esperando que o marginais que ameaçavam invadir fossem embora. Já era noite. As luzes foram apagadas. E quando fui embora, cerca de 30 minutos após o fim do jogo, ninguém da polícia chegou para pôr fim à situação. O jogo era da categoria infanto, portanto apenas adolescentes de no máximo 15 anos. Muitos de 13, 14 anos, ou seja, sem preparo para enfrentar um conflito com o grupo que aparentemente era mais velho. Um verdadeiro absurdo.
Outro fato é alguns desses jogos de futebol de campo foram marcados para às 14h. Horário de sol a pino. Muito prejudical para qualquer ser humano. O pior, não há a presença de nenhuma ambulância, nem no ginásio do Roland Jacob, nem no estádio municipal para atender a qualquer eventualidade.
Não bastasse tudo isso, hoje tomei conhecimento que sábado houve um incidente no banheiro do Roland, enquanto algumas atletas se trocavam após um jogo de futsal feminino, houve rumores de eventual briga entre os times adversários. Seguranças (homens) invadiram o vestiário das mulheres, enquanto muitas estavam se vestindo, chegando a desferir um forte empurrão no peito de uma menina de 13 anos, que chegou a bater contra a parede. Tal empurrão deixou um hematoma em seu peito.
Agora pergunto, como deixar meu filho participar de uma competição desse nível? Agora estou com medo. Não sinto que ele estará seguro participando desses jogos. É assim que a prefeitura municipal de Parnaíba está incentivando nossos jovens a praticar esportes?
O Brasil se prepara para sediar as Olimpíadas. Será que não seria o momento de haver um forte investimento aqui na cidade para, quem sabe, (nada é impossível quando há oportunidade e determinação) revelarmos algum atleta?
Agora promover esse tipo de evento, com esse grau de desrepeito para com esses meninos e meninas é algo no mínimo temeroso.
Só me resta lamentar profundamente e torcer para que seja feito algo antes que o pior aconteça.
Um forte abraço.
P.S. Caso venha a comentar este email em seu blog ou no rádio, gostaria de pedir para manter em sigilo o meu endereço eletrônico.
O evento acontecerá nos dias 18 e 19 de setembro na praia do Coqueiro.
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