Eu já escrevi muita coisa referindo-me aos animais. Principalmente no tocante aos sofrimentos deles. Tive uma cachorra chamada Priscila, em que me debrucei em carinho e escrevi para ela destacados poemas. Muitos deles estão publicados em vários portais Brasil afora.
Eu também publiquei uma poesia intitulada BURRO DE CARGA, que foi lançada em portais. Neste texto com sabor de crônica, que ora início o derramamento de meu pensamento no que diz respeito aos sofrimentos dos animais, não deixa de ser um desabafo. É, também, um grito: na esperança de que outras pessoas possam ouvir-me e sensibilizar-se, no intuito de se fazer algo para amenizar a dor desses seres desvalidos.
É bem verdade, que muitos cachorros e gatos são tratados como reis. Entretanto, centenas de outros vivem na sarjeta, passando fome, sede, frio e tratamento desumano.
A começar pelos carroceiros, que usam de burros e jumentos, para transformá-los em meios de ganhar o sustento, vemos que esses seres, tidos erroneamente, como irracionais, não passam – para a grande maioria dos que os usam – de meros objetos.
Quem mora em Parnaíba e quem já viu e ouviu pela televisão em outros estados da federação, levam pesadas cargas, andam pelo calçamento ou asfalto quentíssimos, língua de fora com sede e, quase sempre, em pé, no sol a pino, quando os que dizem seus donos estão sem trabalho. E se alguém reclama, eles fazem de conta que não ouviram, ou dão respostas desaforadas.
Eu e minha esposa ficamos indignados com isso. Oramos por esses coitados, muitas vezes conversamos com os responsáveis por eles. No entanto, as providências nunca são tomadas. Conversei com o Jornalista Evandro Cícero sobre o assunto, na esperança de como homens de imprensa pudéssemos fazer algo de positivo. O Evandro ficou de conversar com algum vereador, contatar com o IBAMA. Eu não me esqueci do problema, nem me esquecerei. Estamos no aguardo de uma reunião que já era para ter acontecido.
Em setembro de 1870, o senador norte-americano George Graham Vest ficou conhecido por um discurso em defesa da morte de um cão. Disse ele, de forma emocionada e decisiva: “(...) O único amigo desinteressado que um homem pode ter neste mundo egoísta – aquele que nunca é ingrato ou traiçoeiro – é o seu cão. Senhores jurados, o cão permanece com seu dono na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença. Ele dormirá no chão frio, onde os ventos invernais sopram e a neve se lança impetuosamente, se apenas o deixarem ficar ao lado de seu dono. Ele beijará a mão que não tem alimento a oferecer, ele lamberá as feridas e as dores que aparecem nos encontros com a violência do mundo. Ele guarda o sono de seu dono miserável como se fosse um príncipe. Quando todos os amigos o abandonarem, ele permanecerá. Quando a riqueza desaparece e a reputação se despedaça, ele é constante em seu amor, como o Sol em sua jornada através do firmamento (...)”
Todos sabemos do quanto de cachorros e gatos abandonados pelas ruas, de burros que tombam pela fraqueza da fome e sede pelas andanças pelas avenidas carregando todo tipo de móveis e eletrodomésticos, madeira e areia com tijolos para construções. E os que se consideram donos desses infelizes dizem que é um animal e podem carregar até mais peso. Outro dia, minha esposa viu um jumento despedaçar-se no chão, pelo peso da carga. Fui, certa vez, conversar com alguém porque o porco estava todo amarrado, ao sol, aos gritos, e ele quis brigar comigo. E as esporas e chicotes voando soltos! Os animais que dão show em circo e diante das câmeras de televisão, o fazem sob dor, forçados pela repetição, embora haja os treinadores competentes e responsáveis. Será que não temos a mínima sensibilidade para lutarmos contra isso?! Será que prefeitura e IBAMA também acham que animal não tem sentimento?! Já foi provado que o nível de raciocínio de muitos animais deixa o ser humano boquiaberto. Pesquisem e conhecerão essa verdade. Mas, se e o jornal quiser, posso voltar a esse assunto na próxima edição. Se escancararmos a nossa mente, veremos que há mais racionais irracionais do que o contrário.
Wilton Porto- Jornalista
Edição Blog do Pessoa