A lendária frase que
intitula este texto é temática central do filme hollywoodiano, Cobra, estrelado
por
Sylvester Stallone, em 1986. De que maneira um chamativo de forte teor
apelativo serviria de alento e encorajamento às autoridades legais para o “real”
enfrentamento a múltiplas e crescentes práticas criminosas, territorialmente
consolidadas em nosso País?
Hoje, é sabido que a repressão a
agentes criminosos tem se tornado cada vez mais complexa, pois em muitas ocasiões
há a supremacia de poderes
das forças do mal (especialmente: logístico e de inteligência) em detrimento do
bem.
Vivenciamos a “banalização do crime”
nos quatro cantos do Brasil. Já se foi o tempo em que o referido jargão melhor
se aplicava a importantes complexos regionais de elevada densidade demográfica como
São Paulo e Rio de Janeiro. Cidades médias e/ou pequenas (dentro e fora do eixo RJ-SP)
têm experimentado a notoriedade que, infelizmente, nem sempre se dá exclusivamente
pelo viés de crescimento econômico, mas, pelo emergir social via criminalidade
escancarada das ruas. Novas formas de violência foram
projetadas nas cidades. Há uma multiplicidade de atividades criminais
espacialmente estabelecidas, e novos militantes que se predispõe a cometê-las.
O mais recente dos exemplos de
notoriedade urbana mediante atos de criminalidade se deu no município de
Realengo-RJ. Um franco-atirador, aparentemente insano, protagonizou a primeira
matança coletiva de estudantes em nosso País – prática genocida quase sempre
atribuída a psicopatas – bastante peculiar ao território norte-americano.
Já nas regiões Norte e Nordeste, a
situação nunca foi tão grave. Nestes recantos do Brasil, em remotos tempos
pretéritos,
pouco se noticiava sobre latrocínios; redes tráfico de drogas; golpes
financeiros, desde o simples golpe da saidinha de banco, aos mega-assaltos;
máfias de caça-níqueis; prostituição internacional; seqüestros; estelionatos
etc.
É notório que a cidade contemporânea
comporta uma infinidade de problemáticas sócio-urbanas. Vejo que o
recrudescimento da criminalidade multifacetada, como fator integrante deste
mosaico de irregularidades, desconstrói parte do sentimento cidadão pautado de
“qualidade de vida urbana”. O sonho de habitar a cidade ideal; harmônica; pacífica;
bela e ordeira vai se desfazendo; vai se transformando em pesadelo; numa
utopia.
Caro leitor. Não estou
aqui a promover apologia da chamada “justiça com as próprias mãos”; nem
tampouco a apoiar “grupos de extermínio” como se os mesmos estivessem contracenando
em filmografia policial – até porque o título
do texto dá margem a profundas reflexões nesse sentido. Não! Nada disso! Meu
desejo, como o de todo cidadão sensato deste País, é ver a consolidação de um Código
Penal Brasileiro, totalmente reformulado e adequado aos dias atuais, bem como presenciar
a justiça sendo efetivamente posta em prática, ao julgar, e se for o caso,
condenar e, finalmente, excluir do cotidiano das urbes, mentores e adeptos da criminalidade
de toda espécie.
E se o crime da vida
real for entendido como uma patologia almeja-se que os Poderes e as Forças Legais
do Estado brasileiro não sejam mero paliativo, mas um eficaz antídoto curativo.
Antônio Pereira de
Araújo – Professor de geografia