11 de abr. de 2011

LEITOR: “Se o crime é uma doença, eu sou a cura”


    A lendária frase que intitula este texto é temática central do filme hollywoodiano, Cobra, estrelado por Sylvester Stallone, em 1986. De que maneira um chamativo de forte teor apelativo serviria de alento e encorajamento às autoridades legais para o “real” enfrentamento a múltiplas e crescentes práticas criminosas, territorialmente consolidadas em nosso País?
Hoje, é sabido que a repressão a agentes criminosos tem se tornado cada vez mais complexa, pois em muitas ocasiões há a supremacia de poderes das forças do mal (especialmente: logístico e de inteligência) em detrimento do bem.
Vivenciamos a “banalização do crime” nos quatro cantos do Brasil. Já se foi o tempo em que o referido jargão melhor se aplicava a importantes complexos regionais de elevada densidade demográfica como São Paulo e Rio de Janeiro. Cidades médias e/ou pequenas (dentro e fora do eixo RJ-SP) têm experimentado a notoriedade que, infelizmente, nem sempre se dá exclusivamente pelo viés de crescimento econômico, mas, pelo emergir social via criminalidade escancarada das ruas. Novas formas de violência foram projetadas nas cidades. Há uma multiplicidade de atividades criminais espacialmente estabelecidas, e novos militantes que se predispõe a cometê-las.
O mais recente dos exemplos de notoriedade urbana mediante atos de criminalidade se deu no município de Realengo-RJ. Um franco-atirador, aparentemente insano, protagonizou a primeira matança coletiva de estudantes em nosso País – prática genocida quase sempre atribuída a psicopatas – bastante peculiar ao território norte-americano.
Já nas regiões Norte e Nordeste, a situação nunca foi tão grave. Nestes recantos do Brasil, em remotos tempos pretéritos, pouco se noticiava sobre latrocínios; redes tráfico de drogas; golpes financeiros, desde o simples golpe da saidinha de banco, aos mega-assaltos; máfias de caça-níqueis; prostituição internacional; seqüestros; estelionatos etc.
É notório que a cidade contemporânea comporta uma infinidade de problemáticas sócio-urbanas. Vejo que o recrudescimento da criminalidade multifacetada, como fator integrante deste mosaico de irregularidades, desconstrói parte do sentimento cidadão pautado de “qualidade de vida urbana”. O sonho de habitar a cidade ideal; harmônica; pacífica; bela e ordeira vai se desfazendo; vai se transformando em pesadelo; numa utopia.
Caro leitor. Não estou aqui a promover apologia da chamada “justiça com as próprias mãos”; nem tampouco a apoiar “grupos de extermínio” como se os mesmos estivessem contracenando em filmografia policial até porque o título do texto dá margem a profundas reflexões nesse sentido. Não! Nada disso! Meu desejo, como o de todo cidadão sensato deste País, é ver a consolidação de um Código Penal Brasileiro, totalmente reformulado e adequado aos dias atuais, bem como presenciar a justiça sendo efetivamente posta em prática, ao julgar, e se for o caso, condenar e, finalmente, excluir do cotidiano das urbes, mentores e adeptos da criminalidade de toda espécie.
E se o crime da vida real for entendido como uma patologia almeja-se que os Poderes e as Forças Legais do Estado brasileiro não sejam mero paliativo, mas um eficaz antídoto curativo.


Antônio Pereira de Araújo – Professor de geografia

5 comentários:

  1. Prezado Professor António. Visitei o Brasil a 1ª vez em 1976 e resido 14 anos em Parnaíba. Ao fazer a comparação com ao meu estado natal Baviera, constato que no Brasil a principal ação errada que antecede a violência é o DESRESPEITO EM GERAL. O desrespeito é conseqüente das injustiças e afrontamentos, sejam sociais, sejam econômicos, sejam de relacionamentos conjugais e interpessoais etc. A irreverência e o excesso de liberdades e libertinagens, estimuladas pelos cultos religiosos, atos políticos e last but not least pela impunidade também produzem desrespeito. E o desrespeito produz desejos de vingança que se transformam em violências.

    Exceto nos casos de psicopatas, a violência pode ser interpretada como uma tentativa de corrigir o que o diálogo não foi capaz de resolver. A violência funciona como um último recurso que tenta restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor. Em geral, a violência não tem um caráter meramente destrutivo. Na realidade, tem uma motivação corretiva que tenta consertar o que o diálogo não foi capaz de solucionar. Portanto, sempre que houver violência é porque, alguma coisa, já estava anteriormente errada. É essa “coisa errada” a real causa que precisa ser corrigida para diminuir, de fato, os diversos tipos de violências.

    Enfim, a VIOLÊNCIA NOS CENTROS URBANOS está diretamente ligado ao EMBRUTECIMENTO dos sentidos humanos. Segundo relatos de autoridades do assunto, em NOVENTA E NOVE POR CENTO das brigas entre vizinhos a causa é a mesma: SOM ALTO, algazarra, festas que mais parecem orgias, veículos transformados em danceterias ambulantes, modos bizarros de diversão, tudo com o barulho infernal reinando absoluto. Até os cultos religiosos se tornaram verdadeiros shows de roque, espetáculos grotescos de histeria coletiva. A praga devastou até as “gincanas culturais” das escolas e as singelas festinhas de criança.

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  2. Sr. Josef,
    Grato pelo sensato comentário. Acredito que toda forma de violência possua caráter destrutivo, pois esta afeta a humanidade de várias maneiras. A violência destrói moralmente, fisicamente e socialmente. Acredito que o senhor, desde que se estabeleceu em terras brasileiras, venha sofrendo um grande choque cultural. É sabido que processos de adaptação a novos costumes e lugares são muito difíceis. Digo isso, pois dentro de meu próprio País passei por um grande choque cultural, ao deixar a capital federal e tentar viver em outra região. Acabei voltado e aqui sigo minha vida. Acredito que só será possível atenuar a violência e a desigualdade social deste Brasil, mediante educação de qualidade e, acima de tudo, interesse de cada sujeito em se educar, se corrigir. Dificilmente atingiremos patamares socioculturais similares aos dos países do Eixo Econômico Norte. Insisto na tese de que qualidade de vida (urbanidade, patriotismo, amor ao próximo, paz, saúde, educação etc.) caiba em qualquer lugar, seja numa pequena província, município, estado ou país.

    Abraço forte extensivo aos familiares.

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  3. Prezado Professor Antônio. Estou em consenso com sua manifestação. O "choque cultural" não era tão grande para mim porque trabalhei como consultor em 35 países, entre eles os no Oriente Médio em que regem ainda os tiranos ditadores.

    O que me assusta profundo é o objetivo que no Brasil a situação na segurança pública e na categoria RESPEITO às leis, normas e outras pessoas, por exemplo, pioraram a partir da redemocratização. Como se fosse os maus sujeitos afugentados ou reprimidos pelo regime militar voltaram a tomar o poder. Outro aspecto hipotético pode ser que o povo brasileiro não está preparado conviver com a democracia, ou seja, confunde a democracia com a libertinagem na qual pode fazer o que quiser. Comparo a situação com uma família, cujos pais criam seus filhos anti-sociais com mimos e privilégios exagerados e deixam-nos a vontade ilimitada que gera desrespeito e violência.

    O filósofo, teórico político e escritor suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) examinou que a liberdade é obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria. E Milton Friedman (1912-2006), um dos mais influentes teóricos do liberalismo econômico constatou que não há excesso de liberdade se aqueles que são livres são responsáveis. O problema é liberdade SEM responsabilidade!

    Abraço forte, extensivo aos seus familiares.

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  4. Olha só, o deputado Bossanaro fazendo escola!!!!! Josef discípulo de Bossanaro.

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  5. Jair Messias Bolsonaro e não Bossanaro, Senhor Anônimo de 12 de abril de 2011 20:29. Evite erros no "ouvi falar" e clone.

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