Frases são empregadas para formar uma unidade significativa e efetivar a comunicação. Nestes tempos pautados pela supervalorização da escrita e velocidade da informação, a frase concisa tem enorme poder de repercussão social. Enaltece pessoas e instituições; gera conflitos interpessoais; mexe com grandes interesses etc. Imagine se não existisse o poder apelativo da frase. Como seria o mundo dos negócios, em especial
dos mercados publicitário e midiático?
Num mundo essencialmente urbano, onde a cidade é o lócus das manifestações socioculturais, o emprego de frases é algo imprescindível em campanhas educativas e de conscientização. A seguir alguns exemplos: “Senso crítico e liberdade de expressão, são ideais democráticos”; “Respeite o meio ambiente”; “Com a poluição urbana, as pessoas vivem sufocadas e doentes”; “O aquecimento global é ameaça à vida terrestre”; “Água é fonte de vida”; “Se dirigir não beba”; “Sem educação, não há desenvolvimento”. Quantas frases impactantes! Reportemo-nos a elas
novamente: “As cidades estão impregnadas por uma atmosfera tóxica, uma narcobomba
atômica, tão letal quanto à degradação ecológica. São as drogas, aniquiladoras de
seres humanos”. “As drogas são uma espécie de câncer social arraigado em nosso
mundo”; “A narcocultura é passaporte para o submundo do crime”.
As frases acima nos remetem a um estado de sensibilização; levam-nos à reflexão da
realidade social, muitas vezes funesta, a que estamos imersos. Dos exemplos citados
há o alerta sobre as drogas – o gravíssimo problema que assola famílias de diferentes
extratos sociais de nosso país.
O Brasil vê-se, atualmente, envolvido na discussão sobre a descriminalização da posse de substâncias entorpecentes para consumo pessoal. Um tema, sem dúvida, de difícil abordagem num País em que os níveis de civilidade e senso crítico são medianos, muito aquém do elevado grau de desenvolvimento sociocultural das nações ricas. Já lidamos com os males do álcool e do tabaco em nossa sociedade e, agora, temos pela frente a possibilidade de conviver com essa aberração do “liberou geral” da maconha e de tantas outras drogas. A meu ver, o direito ao livre usufruto de entorpecentes em terras brasileiras é algo pernicioso.
Tenho muitas dúvidas quanto à possível liberalização do consumo, em nosso território, das drogas classificadas como ilícitas. Fico a me questionar: Como funcionariam as cadeias produtivas de entorpecentes? A figura do traficante deixaria de existir? Ou apenas mudaria de nome, e seria intitulado de “representante comercial de entorpecentes”? A violência, inerente aos efeitos psicotrópicos das drogas, deixaria de ocupar lugar de destaque nos noticiários e estatísticas criminais? Um exemplo: usuários, quando desprovidos de dinheiro ou da própria droga, no intuito de saciar o vício, não cometeriam crimes como roubo, furto ou latrocínio? E a assistência médica a dependentes químicos, deixaria de onerar o já combalido sistema de saúde pública? Será que a poderosa indústria tabagista não acrescentaria novas “drogas legais” aos
tradicionais cigarros? As mazelas deixadas pelas drogas deixariam de destruir lares?
São perguntas que ainda não encontrei respostas. Com a palavra, gestores públicos e
especialistas.
Professor Antonio Pereira
Brasilia - DF