Segundo o dicionarista Luiz Antônio Sacconi (Minidicionário Sacconi, editora nova geração, 11ª edição-2009 p.75), a palavra fofoca significa: boato meledicente e fútil; mexerico; intriga; diz que diz. E ainda, fofocar: criticar a vida de outrem; falar mal da vida de outrem, irresponsavelmente. É improvável que neste mundo de contrastes interpessoais exista algum ser racional que não tenha sido vítima da língua ferina de humanóides perversos, de ignóbeis desprovidos de moralidade, civilidade, honradez e dignidade.
Por que se fofoca tanto? Por que a sórdida gentalha é dotada de personalidade maldosa a
ponto de denegrir e destruir a reputação de outrem? Será que o maldizente possui algum tipo
de insanidade? Ou faz uso da fofoca pelo simples desejo de nutrir o prazer da malignidade?
O que estudiosos do comportamento humano tem a dizer da conduta antissocial de entes
fofoqueiros?
Em minha opinião o fofoqueiro inveterado carrega consigo outro atributo: a inveja. E
mais. A sua incapacidade de ascender socialmente, ou até mesmo de ostentar felicidade,
inteligência, nobreza e elegância, o faz ser um tolo e estúpido. Não sabem os “linguarudos de
plantão” que mais cedo ou mais tarde, estarão fadados ao fracasso e ao desprezo, a ponto de
serem excluídos de meios sociais salutares onde determinados grupos não comungam, nem
compartilham de suas atitudes funestas e medíocres. É normal que pessoas bem intencionadas
e de conduta ilibada passem a evitar o ente maldizente, retirando-se de ambientes onde
impera a praga da fofoca.
Mas, atenção! A fofoca evoluiu em nossa cultura ocidental. Tornou-se notória; modernizou-
se. Em territórios moldados pela tecnologia da informação ela ganha destaque. Hoje,
fofoqueiro formalizou –se como “profissional do fuxico”. Faz da fofoca um produto
vendável capaz de gerar vultosas cifras. As emissoras de TV estão recheadas de programas
especializados em bisbilhotar a vida alheia de gente simples e também das celebridades. O
sensacionalismo é tanto, que chegam a expor brigas de família ao vivo! Podemos também
encontrar revistas especializadas; colunas sociais de jornais; internet e suas redes sociais
etc. Frases como: “Fulano, me conte as últimas fofocas sobre beltrano”; “Vou soltar a língua-
metralhadora”; “Vou lançar meu veneno” são jargões utilizados pelo marketing exploratório
da “fofoca midiática”.
Sem o intuito de elevar ou diminuir classes de pessoas, faço questão de mencionar
outro tipo de fofoca. As fofocas do “povão”, que não são vistas como chiques ou de alto
nível, pois é desse meio que emerge contingente mais estigmatizado da sociedade. Aqui, os
fofoqueiros não são os entes da moderna comunicação. São os barraqueiros e os fuxiqueiros
da comunidade local. Tem sempre aquele vizinho que dá conta da vida de todo mundo; o
cunhado dedo duro; a titia de “língua venenosa”; a mulher feia mexericando a vida da mulher
bonita etc.
Acredito que a imoralidade da fofoca seja uma praga social que não faz distinção de
pessoas. Infecta de maldades e malícias tantos os ricos como os pobres.
Você, caro leitor, há de saber que neste exato momento, prestes a concluir a leitura
deste texto, inúmeros “bisbilhoteiros de plantão” estão exercitando a língua da forma mais
prazerosa: deturpando sua imagem pra quem quer que seja.
Professor Antônio Pereira
Brasília-DF
Edição Blog do Pessoa