A aceleração das obras não entregues a tempo para a
Copa do Mundo de 2014 depende de uma reforma da Lei de Licitações, defendem
engenheiros e arquitetos. Para entidades que representam esses profissionais, a
legislação precisa ser modernizada para dar privilégio a critérios técnicos e
permitir que uma obra pública só comece com o projeto executivo concluído.
Na semana passada, o Senado impediu a extensão do Regime
Diferenciado de Contratações de Obras Públicas (RDC) para todas as obras públicas,
proposta que chegou a ser incluída na Medida Provisória 630. Pelo acordo no
Senado, a reforma da Lei de Licitações agora passou a ser discutida em um
projeto substitutivo relatado pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Para as
entidades, a rejeição do regime, que simplifica as licitações de obras,
representa uma oportunidade para aprimorar a Lei de Licitações e melhorar o
planejamento dos projetos.
Saiba
Mais
Vice-presidente do Sindicato da Arquitetura e da
Engenharia (Sinaenco), João Alberto Viol diz que a Lei de Licitações criou uma
distorção ao abrir espaço para que o Poder Público escolha os projetos apenas
pelo menor preço, desconsiderando a qualidade. “É a história do barato que sai
caro. Um bom projeto evita que uma obra comece com um preço e termine com
outro”, declara.
Segundo Viol, o governo costuma alegar que os
editais padronizam os critérios técnicos e que o critério do menor preço só é
aplicado aos projetos habilitados. O problema, segundo ele, está nas empresas
que reduzem artificialmente os custos para ganhar as concorrências. “A empresa
constrói uma planilha inexecutável e vence a licitação. Só que, mais tarde, a
obra é interrompida, gerando prejuízo para a sociedade”, argumenta. “As obras
da Copa, na verdade, puseram em evidência um problema constante.”
Assessor de Assuntos Institucionais do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), o arquiteto Gilson Paranhos defende
que as licitações de obras sigam o modelo de concurso público, em que todos os
projetos têm valores tabelados, e a concorrência se dá não pelo menor preço,
mas pela qualidade técnica. O sistema, ressalta, é usado em países como a
França, o Reino Unido, a Suécia e Finlândia.
“Não dá para um trabalho intelectual como um
projeto ser tratado como um objeto, que pode ter o preço leiloado lance a
lance. No modelo de concurso público, todo mundo que entra concorda em receber
um valor fixado e procura se diferenciar pela qualidade do trabalho”, explica.
“Essa pode ser uma saída para destravar as obras que deveriam ficar como legado
da Copa."
Fonte: Agencia Brasil
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