Por: Bernardo Silva (*)
Nem lembro direito quando comecei a escrever e me interessar por política. Quando iniciei no jornal “Folha do Litoral”, dia 31 de março de 1975 (fiz ontem 39 anos), era só para fazer revisão das matérias(revisor era uma profissão). Mas logo começaria assinar coluna falando de artistas, shows, etc. Política foi meio por acaso, incentivado talvez pelo jornalista Batista Leão, que fazia política e era o chefe do Jornal e da Rádio Educadora, para onde escreveria também, poucos meses depois, as “crônicas da cidade”, em substituição ao professor Antônio Gallas, que me deu o primeiro emprego – o do jornal.
O que eu quero dizer mesmo é que há mais de 3 décadas interesso-me pela política e sobre elas e os políticos em geral muito já escrevi. Li bastante os grandes colunistas políticos daquela época, os principais do jornal “O Pasquim”, jornal “O Movimento” e tantos outros de esquerda que por aqui chegavam naqueles tempos do período de chumbo, da ditadura militar. Daí o interesse despertado muito cedo, querendo ser o Fausto Woff, do “Pasquim”.
E com pouco mais de 20 anos tornei-me um dos principais redatores do jornal mimeografado “Inovação”, que fez história nesta cidade, na passagem dos anos 70 para os anos 80. E eu falava mal dos políticos daquela época. Conheci de perto parte deles. Do ex-prefeito Batista Silva, responsável pela destruição da Praça da Graça original, ao Mão Santa dos dias atuais e suas campanhas arrebatadoras na luta pela conquista da Prefeitura de Parnaíba. Ouvi muitos discursos, xingamentos entre candidatos, grandes oradores... parece que tudo era mais interessante, apesar de tudo.
Uma coisa eu tenho certeza. Se havia roubalheira naquele tempo não era tão escancarada como nos dias atuais. Não havia no ar este mal cheiro intenso, que se tornou mais forte de uns 12 anos para cá, com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao Poder. Parece que perder a vergonha na cara agora é condição sine qua non para ser militante partidário. Olhando hoje para trás, pelo retrovisor, sou obrigado a reconhecer que eu era feliz e não sabia.
Fiz críticas severas a este Mão Santa quando prefeito. E ele saiu da prefeitura para o governo do Estado com uma aprovação de mais de 94 por cento do eleitorado parnaibano; críticas severas fiz de vários vereadores da Câmara Municipal de Parnaíba e a cada eleição eu os via sendo reeleitos, apesar das minhas críticas. E eu tinha a certeza, por entender do assunto, que as minhas críticas eram pertinentes, porque sabiam que eles enganavam o eleitor, porém, o modus operandi dos meus criticados, suas práticas políticas, sempre foram mais convincentes do que meus comentários, fossem no rádio ou no jornal. Eles se elegiam e se reelegiam, sempre, contando “tempo de serviço” para se aposentarem, como se o mandato fosse profissão.
Será que fiz ou ainda estou fazendo o papel de besta, tentando conscientizar quem não quer ser conscientizado sobre quem é bom político ou não? Ou quem é menos ruim? Afinal, caso o eleitor quisesse, já não haveria excluído da vida pública a maioria dos políticos que estão aí? Mas o que acontece? Ele os reelege quase sempre e passa os anos seguintes a reclamar, querendo se eximir da culpa que somente a ele cabe.
Nova eleição se aproxima. Quase as mesmas caras de sempre. Sequer os discursos modificam. As mesmas mentiras, as mesmas promessas, tudo igual. E o eleitor, a quem cabe passar a limpo a classe política, parece anestesiado, vai sendo tangido para as urnas para renovar por mais 4 anos o mandato de quem o enganou a vida inteira. Se há político FDP é porque existe eleitor idem. Isso é fato. Por que, então, votar nas mesmas pessoas que você já conhece e sabe que não servem para o exercício do mandato? Por que escolher ladrões dissimulados, que deveriam estar na cadeia? A imprensa está aí, mostrando tudo à toda hora. Ligue-se. Ajude a mudar este Brasil e mandar para a lama, para o limbo, todos esses que não souberam honrar o mandato recebido. Tem gente boa ainda na política. Procure com cuidado. Não seja mais um FDP dando um cheque em branco para outro ganhar um mandato.
(*)Bernardo Silva é jornalista e professor
(Publicado no "Jornal Tribuna Popular)