Esta semana me pus a refletir sobre a
possibilidade e o próprio direito à liberdade que conquistamos de expressar
nossos pensamentos. Alguns o fazem de forma covarde, no anonimato. Como tantos
outros, eu faço a opção por assumir o registro dos meus pensamentos. Assino
aquilo que penso e escrevo.
Tenho anotado algumas ponderações sobre
a realidade de Parnaíba. Pretensiosamente, desejo a reflexão e não é meu
intento ferir, caluniar ou difamar quem quer que seja. Mas, alguns temas e a linha de abordagem tem
valido a revolta e comentários anônimos. Pessoas que saem em defesa de seus “amigos”, que julgam serem prejudicados
com meus textos.
Um exemplo disso tem sido a esfera
municipal, alvo de alguns desses escritos. A motivação vem do pouco zelo e desleixo
com a coisa pública. Porém, o governo
pouco faz e muitas vezes, faz mal! Quem o representa parece não ter a noção
exata do que seja a obrigação. Não a cumpre, fielmente, e ainda se vangloria do
pouco feito. E, o pior, o objetivo quase sempre é a politicagem!
Sem se identificar ou usando nomes
falsos, alguns têm disparado contra a minha pessoa: “quer aparecer”; “quer espaço no governo”... Nem aos covardes é
tolhido o direito de se expressar, eles o fazem anonimamente porque são
covardes!
Aparecer todo mundo quer, mas confesso
que não quero espaço neste governo. Afinal tenho profissão definida e um trabalho
que me honra. Ademais, posso dizer que se fosse esse o meu objetivo, o teria
aceitado quando fui procurado muito antes da composição da última eleição
municipal.
E, naquela oportunidade eu disse que não
tinha interesse de participar da aliança que dizia que “ia revolucionar Parnaíba”, porque não acredito nesse projeto. O
que verdadeiramente anseio é uma gestão diferente do que aí está. Para os que
fazem e defendem o governo “está tudo bem”.
A avaliação positiva da atual administração só se dá quando usam como parâmetro
comparativo os últimos mandatos ruins.
Devemos buscar a comparação com aquilo
que é justo, reto, correto, pois assim melhoramos. Do contrário estaremos
apenas justificando a própria incapacidade de fazer bem, especialmente quando a
situação exige como obrigação. A propósito, verificando a história da Parnaíba,
o atual governo, deveria buscar exemplos nos gestores como: Ademar Neves,
Alberto Silva e João Silva Filho.
Esses homens sim podem e devem ser
lembrados pela figura pública e humana quando estiveram à frente da gestão
parnaibana. Para ilustrar melhor o exemplo vou usar a figura do Dr. João Silva
Filho. Médico brilhante foi prefeito desta cidade, durante dois períodos: 1967-1970
e 1983-1988.
Se se voltar no tempo, verificando a
declaração de bens patrimoniais deste cidadão vai-se verificar que ao final do
mandato ele tinha exatamente os mesmos bens. A honestidade é uma marca sua.
Está também consignado ao seu estilo de governar: a austeridade e o compromisso
com os interesses coletivos. Fato que se lamenta registrar não ocorrer nos dias
atuais, nem num passado mais recente!
Tem prefeito que, entre o pouco tempo do
assumir e o encerrar do seu mandato, sai com fortuna de causar inveja a grandes
grupos empresariais estabelecidos há décadas no mercado, gerando empregos e
pagando impostos. Você conhece alguém assim? Pois é, é o milagre da “multiplicação”!
Mas, tudo começa com a forma de
conquista do mandato. Já começa errado. A história não registra a façanha de
ganhar uma eleição, ou seja, como se chega ao poder. O que para muitos, é
vergonhoso. Tem gestor que arrota ética e seriedade, mas é protagonista da mais
escancarada compra de votos que se registrou na história política de Parnaíba.
Qual a fonte desses recursos? Qual o compromisso com quem patrocinou?
Deslealdade igual se patrocina também na
manutenção do mandato. Alguns se valem da estratégia de comprar lideranças para
manter o status quo. São “bacanas” que recebem sem trabalhar e não
são poucos... Mesmo diante todo este quadro caótico e apesar da transparência
exigida em lei, da informação que circula nos dias atuais, o grande público
ainda está distante e alheio a toda esta forma de manutenção do poder político.
Gostaria de ver uma Parnaíba sendo levada a sério, onde fosse real a
possibilidade de oportunidades, aqui, à grande maioria da população.
Fala-se num momento de crescimento
econômico da cidade, como se fosse obra e graça dos gestores dos últimos dez
anos. Parnaíba cresce graças a eles! A verdade é que a cidade foi impulsionada
pelos arranjos produtivos que despontaram com a estabilidade econômica e a
distribuição de renda, resultantes de uma macro política econômica nacional. Não
titubeio em afirmar que, se os poderes públicos estadual e municipal, tivessem
cumprindo o seu papel, fielmente, estaríamos muitos passos à frente.
Parafraseando o saudoso Tancredo Neves,
diria: “Enquanto houver na Parnaíba um só
homem e uma só mulher com fome, sem letras, sem trabalho, sem teto e sem saúde
toda prosperidade será falsa!”.
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão,
eleitor e contribuinte parnaibano.