Todo mundo ouviu ou fez
esta pergunta um dia pra alguém. Dependendo da situação daquilo que estamos
fazendo, demonstrando vocação, como se dizia no meu tempo, tendo queda pra isso ou aquilo, estava respondida a pergunta. Agora
era trabalhar e muito pra manter aquela curiosidade e audácia, duas
características próprias de quem está se iniciando em alguma coisa. Não existe
nada que dê mais satisfação do que quando estamos começando e alguém nos dá
incentivo.
E se na vida social
esta curiosidade humana é maravilhosamente boa e importante pra o nosso
crescimento, imagine em se tratando de uma cidade, com seus milhares de
habitantes, cada um tendo seus sonhos e fazendo sua parte pra que no todo, no
fringir dos ovos a coisa dê certo, a carroça ande e assim por diante. Porque o
desenvolvimento coletivo, a distribuição do conforto na vida das cidades
depende de que cada um faça sua parte, seja lá em que atividade seja. O importante
é que o trabalho, a curiosidade, a audácia provoquem esta situação.
Digo isso porque outro
dia me larguei a pensar sobre qual é a real vocação econômica de Parnaíba. Hoje
com seus quase 170 anos, mais de 150 mil habitantes, carro, moto, bicicleta,
mulher, velho e menino dando no meio da canela e ainda não se verificou qual
ela é. Comércio, indústria, serviços, estagnação, recuos, tudo junto e
misturado? Fica difícil pra qualquer pessoa, principalmente quem precisa
decidir e rápido, que linha tomar quando se tem capital, mas não se sabe pela
pouca visibilidade qual a expectativa de investimento. É a velha pergunta: a
banda de vocês toca o quê?
Sinceramente esta
dúvida ainda está me martelando a cabeça. Parnaíba precisa dizer qual a sua
vocação econômica. Porque foram várias as iniciativas, principalmente de
governo, tocando obras e desenvolvendo projetos de sustentabilidade, mas foram
poucas as iniciativas do setor privado nesta parte do Piauí no sentido de dar
um alívio, uma folga, nesta pesada missão do governo estadual ser o principal
empregador de mão de obra. Esta cidade pela sua classe empresarial precisa e
urgente mostrar iniciativas corajosas.
Porque ao que parece, a
Parnaíba com a idade que tem e a população que tem, renovada, que tem zona
norte e zona sul, moças bonitas, universidade e universitários, gente que tem
autonomia intelectual, gente que anda fazendo bonito por aí afora, essa mesma
Parnaíba ou parte dela ainda pensa e age com timidez, medo, covardia. Uma
cidade sem representação e peso na sua indústria. Uma cidade que se fossilizou.
Uma cidade onde nem as micro empresas ultrapassam o tempo de expectativa de que
se espera quando se abre um negócio.
Uma cidade que não tem ambição
por e para um parque industrial, por menor que seja, uma cidade que não
empregou e não está empregando centenas e até milhares de trabalhadores, jovens
principalmente, onde uma população e qualificada fica esperando uma vida
inteira a resposta da classe empresarial e não sai absolutamente nada! De que
vive uma cidade dessas? Nesse tal projeto de irrigação, somente pra dar um
exemplo e que tem um nome pomposo, Tabuleiros Litorâneos, que me perdoem alguns
amigos que trabalham nele, até hoje tem sido um verdadeiro saco sem fundo a
consumir recursos de governo!
Desde 1983 que esse
mostrengo engole verbas e mais verbas. Troca presidente da República ou
governador e a história é a mesma. Depois vem ministro, todo mundo vai lá numa
porção de carros, discursos, solta foguete e mais discursos, promessas e a
gente acreditando que agora a coisa vai. Passado um tempo ninguém vê a situação
andando ou demonstrando que está tomando um rumo, seja pra cima ou pra baixo. E
fica no que está como sempre. O certo é que este tal de Distrito de Irrigação
dos Tabuleiros Litorâneos em trinta anos ainda não deu sequer uma fabriqueta de
doce de goiaba que seja.
Perdão, tem apenas uma
fábrica de cajuína, a do Josenilton Lacerda. Pra encurtar caminho que eu tenho
mais é o que fazer: Parnaíba precisa é de indústrias, seja de pequeno e médio
porte. Mas que sejam indústrias
empregando dezenas ou centenas de trabalhadores. Porque no meu entendimento
ainda é a indústria a maior expressão e a materialização do princípio da
economia. Parnaíba precisa definir o que quer da sua vida econômica, qual o seu
perfil pra entrar no século XXI. Porque senão vai ser igual aquele pai que
nunca botou o filho pra ter um ofício. Aí o bicho cresce e fica velho vivendo
de bicos.
Pádua Marques
Jornalista e Escritor