Ilustríssimo Sr. Carlson
Segue mais uma crônica de minha autoria. Vejo que nos últimos dias, o
debate tem sido acalorado.Os internautas tem colaborado com ótimos
temas, e, também, as fontes noticiosas alimentam a página com os
acontecimentos do dia a dia. Isso é ótimo para aqueles que buscam
maturidade intelectual e informação. Infelizmente, seu blog como
qualquer outro ainda recebe mensagens desprovidas de enriquecimento
cultural. Cidadãos despreparados para a interação. A internet é uma
ferramenta excepcional, quando utilizada de forma salutar. Obrigado mais
uma vez pela oportunidade de divulgar minhas idéias. Este é um espaço
que considero especial. Parabéns! Bom trabalho.
Internauta: Antônio Pereira de Araújo - Professor de geografia
Brasília-DF
Máquina mortal
A inteligência humana vem sendo posta em prática desde os mais remotos tempos, quando nossos ancestrais, na luta pela sobrevivência, passaram a explorar o meio ambiente natural. Graças à nossa evolução civilizatória deixamos para trás as rudimentares técnicas para vivenciarmos novos tempos do incessante incremento
tecnológico. Hoje, somos artífices da surpreendente criação de objetos. Nossas engenhosas máquinas e parafernálias revolucionaram o mundo.
A meu ver, o veículo (tudo aquilo que serve para transportar pessoa ou coisa de um lugar para outro; meio de transporte) é uma dessas magníficas obras, e, sem sombra de dúvida, uma das mais bem sucedidas concepções da engenharia de produção incorporada no Brasil, no início do século XX.
Infelizmente, nosso maior atributo, a inteligência, que deveria ser aplicada exclusivamente em benefícios próprio e coletivo, não foi capaz de frear o impulso assassino de muitos humanóides – insanos, e às vezes desprovidos de racionalidade, que se apoderam de automóveis e/ou motocicletas, transformando-as em “máquinas assassinas”. Nossas pistas dão lugar a verdadeiros “circuitos da morte”, onde o campo de batalha chama-se trânsito – o grande palco de derramamento de sangue. Esta é a nossa guerra. Diferentemente daquela em que os combatentes utilizam tanques, armas pesadas e aviões, mas, que também faz nossos soldados ruírem sobre terra. Desta destrutiva “batalha do asfalto” não haverá vitória; não se conquistará
território ou riqueza; nem jamais será erguida bandeira de independência. Homens, ao volante e/ou guidão, indiferentes às leis; ensandecidos; às vezes alcoolizados e/ou drogados, destroem famílias; projetos de vida; amores e sonhos. Quanta dor, quanta calamidade!
Nossa vida social é como um livro onde são retratadas as realidades de nosso lugar; de nossa trajetória. Felizes histórias são descritas, mas muitas são as páginas borradas de sangue. Evoluímos na produção e disseminação tecnológicas; alavancamos em vários setores da economia; ganhamos notoriedade mundial, mas ainda estamos numa posição desfavorável no ranking internacional quando somos avaliados pela qualidade
educacional. Um país não consolida riqueza alguma se não investir prioritariamente em educação. A meu ver, seria de grande valia a incorporação da “alfabetização para o trânsito” no conjunto de temas transversais do currículo da Base Nacional Comum do ensino básico brasileiro.
Outro ponto crucial: As sociedades mais modernas, sejam ocidentais ou orientais, prezam pela civilidade de seus povos – conjunto de formalidades observadas pelos cidadãos entre si quando bem educados, dotados de boas maneiras, delicadeza, atenção, cortesia, etiqueta, polidez, etc. Infelizmente, em pleno século XXI, atributos inconsistentes em terras tupiniquins.
Lembremo-nos do programa de conscientização e respeito à faixa de pedestre – uma campanha das mais civilizatórias já concebidas em Brasília nos fins dos anos 90.
Precisamos mantê-la viva para que sirva de bandeira na luta pela tão sonhada paz no trânsito.
Antônio Pereira de Araújo – Professor de geografia
Brasília - Distrito Federal
Edição Blog do Pessoa