O Piauí está pondo em xeque, dia 31.10.2010, seu destino. Não vale a máxima de que
está em jogo 04 anos de avanço ou atraso, pois esses 04 anos de sucesso ou insucesso têm projeções
muito além, pelo dinamismo atual da economia, o que pode significar um verdadeiro desastre para a
população de poucas oportunidades como é a piauiense.
Uma das virtudes de todo governante é ter a capacidade de formar sua equipe de
governo. Com ela, sob a supervisão daquele, tem-se como elaborar e executar projetos, afinal,
impossível tudo se centralizar na figura de uma só pessoa. Cargos estratégicos devem ter sob
comando pessoas técnicas, conhecedoras do assunto, com experiência, livres de paixões políticas,
sob pena de comprometimento de um plano de governo.
A necessidade de se fazer uma boa equipe de governo, com pessoas comprometidas
em fazer um bom serviço, acredito, é de conhecimento de todos os candidatos. Aliás, creio que não
exista nenhum candidato sem a vontade de realmente pôr o Piauí para se desenvolver, a questão é
qual deles tem mais condições de fazê-lo.
Composições políticas, acordos, alianças são necessárias, e a história mostra-nos que
nenhum político pode se tornar alheio a isso, sob pena de um verdadeiro desastre que pode virar seu
governo. Ter habilidade nessa hora é preciso, manter a decência, é essencial.
Por isso é preciso saber até onde o candidato está compromissado com seus aliados.
Terá ele, diante de sua ampla aliança, condições de pôr pessoas realmente isentas, técnicas para
assumir posições estratégicas na gerência administrativa? Afinal, todos os aliados vão querer uma
“fatia do bolo”, ponderar isso é preciso, ter isenção é essencial.
Por esse motivo, além da pessoa do candidato, o eleitor tem de saber analisar qual
das opções oferece maior capacidade de formar uma boa equipe de governo. Não basta um bom
capitão, o time inteiro tem de ser bom. Composições forçadas, alianças por pura conveniência,
interesses pessoais acima de qualquer outro dão sinais de que, desse “bolo” não se pode retirar uma
boa equipe.
Mas como o eleitor pode fazer para escolher bem seu candidato? Certamente se
deve olhar no candidato seu passado, suas idéias, seu pensamento político, sua experiência etc.
Todavia, esse raciocínio não é a receita infalível para o sucesso, pois não incomum é o eleitor, depois
de tanto raciocinar, pesar virtudes e defeitos, analisar o passado do candidato e, depois de eleito o
candidato, só decepção teve em troca. Promessas não cumpridas, entendimentos antes defendidos,
hoje, renegados, mudanças repentinas de posicionamentos políticos etc. Esses descontentamentos,
tão comuns nos nossos dias, são os fatores que acabam desanimando a população, já descrente das
boas intenções dos políticos.
O que fazer então, “nivelar por baixo” e deixar de ter esses cuidados? Não é a
solução mais inteligente. Além disso, precisamos observar bem os “sinais” deixados pelos candidatos,
o que eles deixam escapar nas entrelinhas.
Hoje em dia, a escolha de um vice representa bem que time o candidato pretende
formar. Foi-se o tempo em que frases do tipo “vice não manda em nada”, “vice não tem vez” tinham
sentido. Não é o que diz a política recente do Piauí, afinal, o atual canditado à reeleição para o
governo do estado, sucessor do hoje eleito senador Wellington Dias, foi vice deste nas eleições de
2006 e conseguiu se lançar canditado sob protestos do partido do então governador, mostrando o
quão havia crescido politicamente na sua condição.
O cargo é de uma responsabilidade enorme, não devendo sua escolha se dar por
mera composição política, fruto de alianças mal formadas, moeda de troca. É, pois, umas das
“posições estratégicas” que o bom candidato deve escolher de forma bastante pensada. Quem
escolhe mal seu vice, de logo dá sinais de como será a composição de sua equipe de governo.
Escolher um vice que o povo não quer, é arriscar-se a levar um não dos eleitores.
A história recente do Brasil tem dois exemplos distintos de vices-presidentes que
acabaram por assumir a condição de presidente da República. O primeiro foi José Sarney, vice do
idolatrado Tancredo Neves, à época unanimidade, que ao assumir o cargo mostrou-se um verdadeiro
desastre em seu “desgoverno”. O outro foi Itamar Franco, vice de Fernando Collor de Melo, que fez
um bom trabalho à frente de seu governo. Nas duas situações, os dois acabaram tendo a
oportunidade de dar rumo à nação, sendo figuras marcantes na história do Brasil.
No Piauí, eleger um governador é levar “a tiracolo” seu vice, que deve ter
obrigatoriamente sintonia com o candidato, representar, pelo menos em linhas gerais, suas idéias,
apresentar a mesma confiança. Vejamos a situação do atual governador do estado. Em conseguindo
sua reeleição, pode o mesmo, em 2014, renunciar ao cargo para candidatar-se a senador, deixando
como sucessor seu vice, pelo prazo de no mínimo 9 (nove) meses, tempo suficiente para o
comprometimento de todo um trabalho, ou o começo de um trabalho inovador, desenvolvimentista.
Será que o vice passa essa idéia? É uma questionamento importantíssimo, uma reflexão a ser feita.
Deve então o eleitor atentar para a importância que tem o vice-governador de cada
candidato. Você o conhece? Como é seu passado político, suas idéias? Tem postura, índole, serviço
prestado, comprometimento com o povo? Entre a população que o conhece, tem reconhecimento?
O vice de hoje pode ser o governador de amanhã!
Por essa razão, conclamo a todos os eleitores, em especial do estado do Piauí a,
quando forem fazer a análise de qual canditado escolher, atentar qual deles individualmente é mais
capacitado, qual deles tem melhores condições de formar uma boa equipe de governo, e qual deles
oferece um bom vice a substituí-lo, seja temporariamente, de forma efêmera, ou por no mínimo 9
meses. O futuro do Piauí está em jogo, e não só por 04 anos, mas por muito mais, e está em nossas
mãos o nosso destino.
Francisco Fábio Oliveira Dias