Prof. Dr. Geraldo Filho – UFDPar (10/05/25)
Em setembro do ano em curso faço 33 anos de vida acadêmica (professor universitário da UFPI/UFDPar), ao longo dos quais procurei me dedicar à ciência com honestidade, pois em 1983 fiz escolha consciente pela profissão que sustentaria minha vida: a sociologia/antropologia/
Ser fiel com objetividade aos fatos significa olhar as coisas como elas são, não como se desejaria que elas fossem! Assim, muito do que aprendi desde que ingressei na Universidade Federal do Ceará, aos 19 anos, em 1983, temperado pelos conhecimentos adquiridos desde os precoces 09 anos, quando herdei o hábito de leitura de mamãe (Dona Maria de Lourdes Barreto), foi sendo revisto, reciclado ou abandonado, o que me levou para novas ciências, como sociobiologia (biologia evolutiva e neurociência). O objetivo: procurar as melhores explicações para o que era observado e descrito nos meus trabalhos (livros, artigos científicos ou artigos públicos), e a evolução da estrutura política-econômica do Brasil compôs um dos objetos de estudo.
Sempre tive esperança de em vida ver o país bem! Não com as responsabilidades de uma Potência Hegemônica, mas pelo menos como Potência Média Regional, liderando a América do Sul ate o Caribe, o que não era esperar demais em razão do gigantesco potencial energético, mineral, agropecuário (melhor agronegócio do mundo), ecológico (biodiversidade) e de água potável que o seu território tem. Mas aos 60 anos, a feia realidade da estrutura política que se construiu no Brasil depois do Império massacrou o sonho e me legou (deixou) a decepção do pesadelo!
Um cretino comunista uruguaio, que depois de velho se arrependeu, escreveu, nos anos 70, Veias Abertas da América Latina, livro mentiroso que a esquerda utilizou (sobretudo dentro das universidades) para justificar o atraso brasileiro, como consequência da exploração dos países capitalistas imperialistas, Estados Unidos à frente, que sugavam como vampiros a riqueza dos países latinoamericanos, dentre os quais o Brasil!
É claro, isso era só um panfleto político da esquerda! Não tinha sustentação na observação e descrição objetiva dos fatos, porém, para ignorantes e tolos sempre é melhor acreditar numa fantasia que transfere para um “outro indefinido” (o imperialismo dos dominantes malvados) a responsabilidade pela sua condição fracassada, e, talvez, o mais perturbador, não perceber que essa ficção escondia um projeto de dominação comunista a partir da corrupção mental das pessoas, a começar pelos meios artísticos e acadêmicos.
No entanto, quando se retira da frente essa cortina de demagogia (enganação) e se vai à história da evolução política-econômica a verdade se revela: o insucesso do Brasil em se tornar uma sociedade desenvolvida é uma crônica de tomada de decisões equivocadas, motivadas por ódio, ambição egoística e ignorância intelectual, a mistura perfeita para um coquetel de desastres e perda de oportunidades!
Equívoco 1: O fim do Império monárquico parlamentarista, com o degredo inescrupuloso e malévolo da Família Real, motivado por ódio contra a abolição da escravidão e, em seguida, a proclamação de uma República corrupta, sem nenhuma raiz na soberania popular. A história republicana é uma história de crises políticas constantes;
Equívoco 2: A mudança, depois dos anos 50, do modelo de transporte interno (escoamento de mercadorias e passageiros) baseado nas ferrovias, barato e com maior capacidade de carga (que começou no Império); pelo rodoviário, muito mais caro e com menor capacidade de carga. Essa é a razão pela qual o preço dos alimentos é alto (custo de frete de caminhão) e também a razão de não existir pelo interior do país milhares de cidades com economias efervescentes, interligadas por trens;
Equívoco 3: Elites incultas (ignorantes) de regiões de ciclos econômicos agroextrativistas (borracha, cacau, carnaúba algodão, café) ou pecuaristas (gado de corte e leite) que no auge dessas riquezas não investiram no aprimoramento técnico dos produtos in natura, o que requeria faculdades e laboratórios especialiados, voltados para eles. Essa é a explicação para o país não ser rico em tecnologia, nesse setor do agro, a grande empresa de tecnologia só surgiu em 1973, no Governo Garrastazu Médici;
Equívoco 4: O abandono de um modelo de educação e alfabetização baseado na cartilha, na tabuada, na cópia, no ditado e na disciplina da sala, técnicas que hoje são validadas pela neurociência, pois essas atividades são experiências sensoriais-cognitivas que utilizam várias regiões do cérebro e favorecem a aprendizagem; para adotar modelos utópicos, baseados em muita brincadeira (o tal lúdico) e pouca transmissão de conhecimento, o tal do “aprender brincando”. Isso explica o alarmante estudo divulgado essa semana sobre a baixa capacidade de cognição e aprendizagem da população brasileira, e, ao mesmo tempo, me leva a agradecer a Escola Gurilândia, da saudosa Wanda Maria de Oliveira Escórcio, e suas professoras Dona Lourdinha, Tereza Christina, Eugênia Mavignier, Gracinha e Socorrinha.
Equívoco 5: Parte da população acreditar e eleger 03 vezes para a Presidência da República um indivíduo que não tem qualificação intelectual adequada, nem produziu nada como empreendedor (que nunca foi) e, como trabalhador, pouco trabalhou, passando a maior parte da vida como sindicalista, na ilusão de que o Brasil pudesse avançar. Bem, o resultado foi escândalos de corrupção como Mensalão, Petrolão, a falência dos Correios e agora, o pior de todos, o assalto aos idosos, aposentados e pensionistas do INSS. Enorme oportunidade o Brasil perdeu desde 2002 ate agora, com o breve intervalo dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, quando a racionalidade administrativa voltou a aparecer para novamente ser soterrada pela demagogia manipuladora da esquerda.
A questão é: qual desses equívocos foi resultado do imperialismo capitalista de qualquer país estrangeiro?! Nenhum! Todos, por motivações diferentes, foram cometidos por brasileiros! Por que fizeram isso, se o caminho para a prosperidade parecia tão cristalino?! Sinceramente, depois de tanto procurar entender o Brasil, sinto que pelos meios convencionais da ciência iluminista estou me sentindo desmotivado para responder, pois não encontro resposta plausível para tanta idiotice, que tem como consequência o sofrimento, o incômodo e o desassossego de milhões de brasileiros no seu cotidiano!
Se vocês pudessem ler comigo um livro publicado em 1863, pelo francês Charles Expilly, Costumes e Mulheres do Brasil, descrevendo suas viagens do Rio, capital do Império para as províncias do Sul e depois para o Norte (não existia Nordeste) até a Bahia certamente ficariam surpresos com o choque que ele sentiu com as brutalidades, as humilhações, os desesperos dos escravos diante da violência dos castigos corporais, do rebaixamento da condição humana pela prostituição na senzala e da angústia da separação dos filhos vendidos... ele foi mais longe, ressaltou também o ciúme recalcado das sinhás na presença dos filhos mulatos dos maridos, que muitas vezes extravasava em maldades vingadoras contra as belas negras! Talvez haja um carma coletivo muito pesado, formado por energias espirituais geradas em muito sofrimento, ódios, ciúmes e vinganças, perpassando as gerações formadoras da sociedade brasileira, que tem grande dificuldade de ser curado, paralisando o país numa sucessão de oportunidades perdidas.
Talvez parte da minha resposta vá por esse caminho! Principalmente depois de ter voltado nos quase 02 últimos anos aos estudos espíritas, como autodidata, após longo período de décadas erroneamente afastado! Como disse o grande Papa Bento XVI: “Eu sou um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor!”


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