Parte da população brasileira fica alheia a debates de temas importantes, mas dá palco a ditos influenciadores que viram celebridades nacionais.
As eleições para escolha de prefeitos e vereadores vão acontecer daqui a 23 dias. É no pleito municipal do próximo dia 6 de outubro que serão eleitos aqueles agentes públicos que estão na base da pirâmide política, ou seja, os que conhecem de perto o dia-a-dia das cidades, dos bairros e das comunidades rurais dos municípios.
Trata-se, portanto, de um pleito que terá impacto direto na vida das pessoas e no futuro das cidades. Contudo, há uma parcela da população, inclusive jovens, que preferem ficar à margem desse processo eleitoral. Mesmo tão perto da eleição, é fácil encontrar quem ainda não está nem aí para o pleito. Há, também, os que nem mesmo sabem quem são os candidatos, seja por falta de instrução, por alguma condição de vulnerabilidade social ou puro desinteresse.
Mas, muitos daqueles que não se interessam pela escolha dos agentes públicos que vão governar suas cidades, sabem absolutamente tudo sobre fatos que em nada importam para o dia-a-dia do País. Como exemplo, pode-se apontar o caso da influenciadora Deolane Bezerra, presa no último dia 4 em Pernambuco por suspeita de participar de um robusto esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais. Ela chegou a ser solta, mas voltou à cadeia na última terça-feira (10) por descumprir medidas cautelares estabelecidas pela Justiça.
A prisão da dita influenciadora desperta em muita gente mais interesse do que a eleição municipal que se avizinha. A nossa mídia, diga-se de passagem, às vezes também colabora para essa supervalorização de figuras que, do ponto de vista prático, em nada contribuem para o andamento da vida nacional. Desde o dia 4, as redes sociais estão inundadas de assuntos relacionados ao caso Deolane e muita gente se mantém o tempo inteiro engajada no tema.
Num País onde parte considerável da população fica alheia a debates de temas importantes no Congresso, à mudanças na política econômica, a debates sobre meio ambiente e a discussões sobre corrupção e privilégios no Judiciário, influenciadores que em nada de positivo influenciam viram celebridades nacionais, admiradas por uma legião de fãs e impulsionadas pela mídia. Numa nação com tantos problemas sérios, futilidades ganham ampla repercussão.
Não é a operação policial contra Deolane que é fútil, pelo contrário, ela é importante e muito necessária. O que se critica aqui é o endeusamento de certos personagens que viram celebridades e despertam atenção de tanta gente, sobretudo de uma parcela que se prende às fofocas do mundo dos famosos e dos pseudo-famosos. Enquanto essa realidade persistir, estaremos sujeitos a ver figuras irrelevantes se dando bem, políticos da pior qualidade tendo vez no debate público e uma população, em parte alienada, convivendo com os mesmos problemas de sempre.(Gustavo Almeida)
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