Pela sexta vez consecutiva, o Banco Central se vê obrigado a elevar a taxa de juros Selic, agora para 13,75% ao ano, o maior patamar em nove anos. Com uma inflação estourando a meta, em torno de 8% a.a., o Brasil passa a ter juros reais (descontada a inflação) de quase 6% a.a., um dos mais altos índices mundiais.
Com o corte de R$ 70 bilhões previsto no Ajuste Fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda, o governo afirma de forma leviana que será capaz de cumprir a meta de economizar 1,1% do PIB, ou R$ 66 bilhões. Faltariam, portanto, uns R$ 250 bilhões para fechar a conta. E esse dinheiro sairá do seu bolso – é daí mesmo.
Para não precisar aumentar mais e mais os juros, o governo necessita segurar de modo dramático suas despesas. E sejamos honestos: um ajuste fiscal de apenas R$ 70 bilhões não será suficiente, se estamos falando de mais de R$ 300 biilhões só de juros da dívida, sem contar os investimentos e demais despesas necessárias para manter qualquer governo.
Apenas com uma máquina pública enxuta e eficiente, o governo conseguirá deixar de ser escravo do tal “superávit primário”, poderá saldar suas dívidas e reduzir os juros a patamares civilizados. Aquém disso, a alternativa é continuarmos a ser um país que não cresce, não reduz a pobreza e vive pendurado no cheque especial. Não há mágica em economia.
(Matias Sene).
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