Em seu segundo mandato, a
presidente Dilma Rousseff (PT) lançou a nova marca do governo federal com o lema: “Brasil. Pátria Educadora”. A constatação de que temos uma educação ruim motivou a presidente Dilma a criar a nova marca do governo. Ou seria
somente mais uma jogada de marketing?
O fato é que, mal anunciou a nova marca,
prioridade máxima do seu governo para os próximos quatro anos, a educação foi o
alvo mais importante no corte de despesas de 2015. O bloqueio chega a R$ 7
bilhões anuais. A área concentrou 31% do corte. Como transformar a Pátria em
Educadora?!
Segundo analistas, trata-se de um valor alto, ainda mais se considerado que os recursos
são insuficientes para manter a qualidade desejada. A educação, ou os projetos ligados
a ela, deixam mais uma vez de compor a pauta de prioridades do governo. E ela
insiste em dizer que é prioridade (?).
A OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) mantém um ranking da educação em 36 países, no qual
o Brasil atualmente amarga a penúltima posição, à frente somente do México. Alguns
números
são assustadores, mesmo quando comparados com os nossos vizinhos: o Brasil tem
uma porcentagem de universitários menor que o Paraguai; a Argentina tem 5
prêmios Nobel, a Colômbia 4, o Chile 3, a Venezuela 1, o Brasil??? Zero!; entre
as 300 melhores Universidades do mundo, não tem nenhuma universidade
brasileira; no Brasil há 33 milhões de analfabetos funcionais; ano passado
surgiram 300 mil novos analfabetos; no ranking da ONU de 2012 o Brasil, que já
estava mal colocado, caiu mais 3 posições, e hoje é o número 88 no mundo.
A socióloga portuguesa Maria Filomena
Mónica andou meses a procurar resposta para a pergunta "O que se passa
dentro das nossas salas de aula?" e as respostas que obteve, a partir dos
diários de duas professoras, quatro alunas e uma mãe, confirmaram os seus
piores receios. “É uma escola criminosa, indigna e estúpida. Que não suscita a
curiosidade para aprender, que não ensina as crianças a pensar”.
Tal conclusão em nada surpreende. Não se
pode generalizar, mas as conclusões a que chegou não diferem da realidade
Brasil afora. Conclusões, aliás, alinhadas com as críticas habituais dos que
desconfiam da péssima qualidade da escola pública: a indisciplina reina; a
exigência é baixa; salários indignos; violência entre discentes e com os
docentes; os programas das disciplinas são deficitários; sistema gerencial
ruim, não participativo, autoritário; e as crianças não aprendem sequer o
elementar.
Porque um professor da rede municipal
que também ministra aulas na rede privada, cumpre o seu papel de forma
diferenciada? O modelo privado não poderia ser utilizado para a educação
pública?
A vergonha mais recente: na edição 2014 do
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), 529.373 candidatos tiraram nota 0
(zero) na redação. O que está errado???
Entretanto, não é porque há escolas onde
tudo corre mal que todo o sistema está comprometido. Vejamos o caso de Cocal
dos Alves. Historicamente, o Piauí é um dos estados brasileiros mais pobres
do país, com o segundo maior índice de analfabetismo (23,4%),
atrás apenas de Alagoas (24,6%). Mesmo com os contrastes
socioeconômicos, os alunos deste pobre município piauiense conseguem
concorrer em pé de igualdade com estudantes que moram nos grandes centros
urbanos, onde geralmente existe mais facilidade no acesso ao conhecimento
e à cultura de uma forma geral.
Os números são impressionantes: 13
medalhas de ouro, 12 de prata, 42 de bronze e 94 menções honrosas traduzem os
resultados obtidos por alunos do professor Antônio Amaral nas Olimpíadas
Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
Qual o segredo? "Não existe
milagre. Talvez o resultado seja explicado pela cobrança e dedicação de
professores, combinadas com o interesse dos alunos pelos estudos",
responde Antonio Cardoso do Amaral, professor das escolas Teotônio
Ferreira (municipal), e Augustinho Brandão, única escola estadual de
ensino médio da cidade. Força de vontade, dedicação de professores e comprometimento
de alunos com os estudos. Eis alguns dos motivos que explicam este
fenômeno. Cocal dos Alves está na contramão do atual sistema educacional? No
modelo tradicional ensina-se matemática igual que há 30 anos, a sociedade atual
tem outros valores, outros sonhos...
Talvez isso explique tantos índices
negativos na educação brasileira: os alunos não estão suportando o atual
modelo..., falta reconhecer a linguagem, o que pensa, o que tem, o que quer o
jovem?!
O mais célebre educador
brasileiro defendia que a
escola devia
ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo. Paulo
Freire (1921-1997) desenvolveu um pensamento pedagógico em relação as parcelas desfavorecidas da
sociedade, no sentido de levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da
própria libertação. Mas, nada disso está no foco do
governo “educador” de Dilma.
Estamos ferrados: uma pátria onde nem se
ensina a contar, nem a escrever e nem a pensar!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão,
eleitor e contribuinte parnaibano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.