12 de dez. de 2014

Nem o apito da lancha


Por:Pádua Marques(*)
A coluna diária do jornalista Arimatéia Azevedo no jornal O Dia, de Teresina, trouxe nesta terça-feira uma informação estarrecedora pra muita gente aqui do Piauí e de Parnaíba, menos pra mim. O governo do vizinho aqui bem pertinho na biqueira da casa, o Ceará, inaugura agora dia 20 o aeroporto de Jericoacoara, obra iniciada em 2012 e que consumiu nada mais nada menos que R$ 56 milhões. Azevedo ainda tira onda com a nossa cara quando diz que esta obra na casa do vizinho frustra o sonho de nos tornarmos pelo aeroporto encantado de Parnaíba a porta de entrada da Rota das Emoções e que envolve ainda o Maranhão.
Disse e repito que esta informação de Azevedo na sua coluna do O Dia não me impressiona porque desde que estou aqui há 20 anos que vejo as coisas do mesmo jeito de quando cheguei. Pela ordem de tempo já acompanho o desempenho de cinco governadores contando aqueles de dois mandatos, Mão Santa e Wellington Dias. O Piauí não tem tido sorte com seus governadores. Cada um pior que o outro. E essa conversa de que Parnaíba vai ser isso e mais aquilo amanhã ou depois de amanhã é mais uma conversa pra enganar menino, se é que a gente ainda consegue enganar menino hoje em dia. 
Governadores que não tem um projeto de desenvolvimento, um plano de ação e conhecimento geral das deficiências e potencialidades que temos. Porque eu não acredito que o Piauí não tem e nunca vai ter nada que preste, principalmente quem lhe governe. E voltando pra coluna de Azevedo ele completa com outra ainda mais indigesta, pior que Coca-Cola com tira-gosto de ostra. A obra do aeroporto encantado de São Raimundo Nonato, lá nos cafundós do sertão do Piauí e dando no fundo do quintal de Pernambuco, que seria importante pra levantar turisticamente e cientificamente falando do Parque Nacional da Serra da Capivara, se arrasta por mais de dez anos e sem previsão de ser concluído. 
Nem bom pensar e recordar no porto encantado de Amarração em Luiz Correia. Essa é a pior delas, a mais característica dos maus governos que temos e tivemos. De tanto se falar, muita gente, os cientistas políticos, já está associando a sintomas agudos de Alzheimer, a nossa popular caduquice. Então ninguém pode mais a uma altura dessas se acreditar se essa ou aquela obra vai ter fim. E nessa altura dos tempos o Piauí vai se transformando em um lugar sem atrativo empresarial. Nem vou me alongar no tratamento da Zona de Processamento de Exportações, a ZPE. Fica pra o ano que vem.
O Piauí vem acumulando uma montanha de obras paradas desde muito tempo que mais parece um cemitério no meio do deserto do Afeganistão e sendo engolidas pela areia. Se concluídas já estariam dando excelentes resultados, principalmente em Parnaíba. Essetal Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos, que nem desce e nem sai de cima, bem aqui na saída da cidade é um deles. Tudo que foi governador quando assumiu passou por lá e prometeu isso e mais aquilo. E todo mundo na comitiva batendo palmas pra depois de muito tempo tudo voltar pra mesma posição. Continua mais parado que água de cacimba. Mais uma vez e dessa vez é o aeroporto de Jericoacoara que nos passa a perna. Não ouvimos nem o apito da lancha.
(*)Pádua Marque é escritor e jornalista

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