16 de ago. de 2014

Histórico de campanhas no PI revela equívocos de institutos de pesquisa

O Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) é um dos mais famosos institutos de pesquisas do país. E parte dessa fama se deu por erros absurdos de suas pesquisas. As eleições no Piauí, aliás, sempre foram campo fértil para os “enganos” do Ibope.
A começar pelo pleito de 1986, quando o Ibope publicou pesquisa em que os números diziam ser Freitas Neto o governador, vencendo a disputa contra Alberto Silva. No entanto, o resultado da eleição, em 15 de novembro daquele ano, foi exatamente o inverso. Silva venceu com 1,4% dos votos numa apuração lenta e marcada por muita tensão, haja vista que na época a contagem se dava voto a voto. Questionado sobre a expectativa, em meio ao processo de apuração, Silva declarou a jornalistas que a eleição realmente tinha sido muito difícil e que o PFL (hoje DEM) era uma máquina. Tinha que ser desmontada peça por peça.
O mesmo se deu nas eleições de 1994, quando Átila Lira concorria contra Francisco Moraes Souza, o Mão Santa. Átila contava com apoio do Governo do Estado, oito dos 10 deputados federais, de 26 dos 30 deputados estaduais, de 145 dos 148 prefeitos e de pelo menos 1,2 mil vereadores. Mão Santa, por outro, tinha seu apoio mais forte junto ao prefeito de Teresina, Wall Ferraz, apenas dois gestores municipais no interior. Os institutos, principalmente Ibope e Ipop (Instituto Piauiense de Opinião Pública), hoje Amostragem, erraram feio ao dizer que o candidato oficial seria eleito em 1º turno com uma vantagem arrasadora sobre o seu oponente.
O estatístico João Batista Teles, do Amostragem, explicou na época que a pesquisa reflete o momento da disputa e não a eleição em si e deve servir como parâmetro para que os candidatos adotem posições que possam consolidar ou reverter a sua condição. Disse ainda que, no caso da eleição de 94, o PFL foi o grande responsável pelo equívoco na interpretação do processo, pois pegou uma pesquisa feita no começo da campanha, que realmente mostrava uma grande liderança do candidato Átila Lira, e ficou divulgando ela o tempo inteiro, mesmo quando as projeções já se mostravam diferentes.
Considerando-se eleito por antecipação, Lira costumava não comparecer aos debates promovidos pelos diversos meios de comunicação. Mas o resultado foi bem diferente. Ele teve maioria na primeira etapa, mas não conseguiu evitar um 2º turno e, ali, Mão Santa conseguiu convencer o eleitorado de que era a melhor opção e teve maioria aproximada de 128 mil.
"Foi uma verdadeira luta de Davi contra Golias", disse o então governador eleito, que ainda ganharia outro pleito, em 1998, desafiando os institutos de pesquisa, pois que o Ibope também previa a vitória do seu adversário, o então senador Hugo Napoleão, em 1º turno e com arrasadora votação. A eleição foi para a segunda etapa e Mão Santa foi novamente vencedor.
Em 17 de setembro de 2002, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria, assinada pelo jornalista André Luis Nery, informando que a eleição estava empatada entre o então governador Hugo Napoleão e o deputado federal Wellington Dias. Informava-se o seguinte: "O candidato Wellington Dias (PT) e o atual governador Hugo Napoleão (PFL) estão tecnicamente empatados na disputa pelo governo do Piauí, mostra pesquisa Ibope, realizada entre os dias 6 e 8 de setembro (daquele ano). O levantamento do instituto, com 800 eleitores em 36 municípios do Estados, apresenta o candidato petista com 45% das intenções de voto, contra 43% do adversário do PFL."
A reportagem prosseguia informando que os demais candidatos contabilizaram 3%. Os brancos e nulos somaram 2%, enquanto 7% não sabem ou não opinaram. A margem de erro da pesquisa era de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A três dias do pleito, nova pesquisa, agora o empate era literal. O candidato da oposição não aceitou a história. Wellington Dias denunciou uma fraude técnica na pesquisa Ibope que indicava empate técnico entre ele e Hugo Napoleão, cada um com 48% da preferência do eleitorado. O candidato disse que isso foi feito às vésperas do pleito para influenciar a população. O PPS (partido que estava na oposição e que dava sustentação ao candidato petista) entrou com uma ação na Justiça pedindo uma auditoria no instituto e na pesquisa que foi divulgada.
Mais recentemente, na disputa pela Prefeitura de Teresina, mais um erro do Ibope. Em outro pesquisa encomendada pela TV Rádio Clube, os números eram os seguintes: Elmano Ferrer (PTB) tinha 39%; e Firmino Filho (PSDB) 31%. O resultado nas urnas foi bem diferente. Ao final do primeiro turno era Firmino quem liderava a disputa, com 38,77%. Prefeito à época, Elmano obteve 33,14% dos votos. Era como se os números tivessem sido trocados. Já no segundo turno da mesma eleição, o comentário dos erros do Ibope era tamanho que o juiz da 1.ª Zona Eleitoral de Teresina, João Henrique Sousa Gomes, proibiu que o Ibope divulgasse outra, alegando que o instituto não definia claramente critérios do plano de amostras.
No Piauí, como se vê, o eleitor se acostumou a não levar a sério os resultados de pesquisas anunciadas pelo Ibope.
Repórter: Toni Rodrigues
Publicado Por: Apoliana Oliveira

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