Os políticos, pelo
menos estes da nova safra, estão aos poucos modificando a forma de fazer
política e é bom que se diga, pra melhor, embora em muitos casos a maioria
ainda costume trabalhar de forma corporativista e baseada no momento e na
emoção. Mas por outro lado o povo logo que passa a eleição esquece quem
escolheu pra lhe representar e larga a cobrir de defeitos, seja governador,
deputado, senador, prefeito e vereador, principalmente, este último seu vizinho
político mais próximo.
E nesta semana me chega
por um jornal de Teresina uma nota na página de política que me causou
interesse. A vereadora Graça Amorim, do PTB, defendeu que todos os
requerimentos da Câmara Municipal daquela cidade enviados à Prefeitura e não
atendidos sejam enviados à Justiça. Ela justifica essa sua decisão dizendo que
ao legislativo municipal compete, além de criar leis, fiscalizar sua execução
por parte do Executivo. Se a prefeitura não cumpre, agora que se entenda com a
Justiça.
Se foi aprovada a lei
ou requerimento na Câmara Municipal e chegando à prefeitura passa a morar numa
gaveta do chefe de gabinete, vai mofar dentro de um armário se fingindo
esquecimento é uma tremenda falta de respeito pra com o legislativo e mais
ainda com o povo. E a Graça Amorim está no meu entendimento coberta de razão.
Os vereadores são representantes do povo. São eles todo dia e toda hora
cobrados pelo eleitor, seja de forma individual ou coletiva e em qualquer
lugar.
Se o vereador está
dentro do Carvalho Supermercado, no restaurante, na Pizzaria Rústica, na Farmácia
Rodoviária, no Paraíba, no Parnaíba Shopping ou outra infinidade de lugares com
a patroa e as crianças, lá vem eleitor cobrando isso e mais aquilo sem a menor
cerimônia. Se o vereador tira um dia pra levar as crianças pra praia da Pedra
do Sal ou de Atalaia, mal estaciona o carro e lá está o eleitor querendo uma
conversinha. E nem pensar de, por exemplo, ir ao Mercado da Caramuru ou da
Guarita.
E não é conversa pouca
não! É coisa daquela conversa mole e às vezes falando de intimidades e
situações até as mais vexatórias. O sujeito fica deselegante, cria um ambiente
de cobrança em lugar inapropriado. Igual aquele sujeito que você está devendo
dinheiro e ele acha direito de lhe cobrar no meio da rua falando alto e até aos
gritos. Por que tudo isso acontece? Por que essa relação tão cheia de
animosidade entre representado e representante? Porque ao fazer leis ou
requerimentos por mais simples que possam parecer a prefeitura, que é o destino
final das leis, simplesmente coloca uma pedra em cima e diz adeus minha comadre Gertrudes!
Aí o vereador passa a
ser vidraça que todo mundo quer atirar pedras ou a Geni que todo mundo é convidado
a rebolar merda. E fica vergonhoso e constrangedor, eu imagino, um vereador
metendo o pé na carreira e saltando entre bancas de frutas ou de peixes pra não
ser incomodado. Infelizmente o povo não tem interesse ou simplesmente ignora o
trabalho de uma Câmara Municipal. Republicanamente toda prefeitura tem de dar
satisfações pra seu vereador, que é o representante do povo, sobre a quantas
anda ou ficou a aplicação daquela lei ou requerimento aprovados. Porque o
vereador acaba sendo sacrificado e sem ter como se defender.
Porque muitos são os
requerimentos ou projetos de leis que são aprovados de grande alcance social e
político todos os dias nas câmaras municipais pelo Brasil. Certo que tem
aquelas que pelo despreparo e a cultura do vereador são verdadeiras peças de
vexame, repetidas ou simplesmente modificadas na redação. Mas grosso modo e,
agora vindas de uma nova geração de políticos, muitos com excelente formação ou
experiência, são documentos importantes pra facilidade da vida urbana, social e
democrática.
Quer um exemplo? Na
sessão do dia 12, segunda-feira, da Câmara Municipal de Parnaíba, foi aprovado
projeto de lei de autoria do vereador Carlos Alberto Santos Sousa, o Beto,
propondo aos órgãos municipais de saúde e de educação que em conjunto
disponibilizem todo ano no início do período letivo, testes e exames de saúde
nos alunos da rede de ensino municipal. Exames de acuidade visual e auditiva,
diabetes, colesterol e de coração, entre outros.
Eu particularmente vejo
neste projeto uma das peças legislativas da mais alta importância entre tantas
outras que ali são apreciadas no período mensal de trabalhos. Outra peça
legislativa importante e votada na semana passada de autoria do vereador e
fisioterapeuta Ricardo Veras e que trata sobre proteção de animais, sejam aqueles
de estimação, os ditos domésticos, como cães e gatos e se estende pra outras
situações como o controle de reprodução e monitoramento principalmente daqueles
criados fora de casa.
Se nós formos à procura
de leis no âmbito federal que nunca foram ou não estão sendo cumpridas
certamente ficaremos estarrecidos. Porque como disse no início, poucos são
aqueles que se interessam pelo que se passa numa sessão legislativa municipal.
Agora, se na Câmara Municipal da Parnaíba e que é bem na cumeeira da casa o
sujeito não vai por isto ou mais aquilo, imagine falar pra ele do que se trata
sobre a vida política em Brasília. E que o Governo Federal faz letra morta.
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