O senador petista Wellington Dias (PT) não consegue esconder sua admiração pelo ex-senador e ex-governador Francisco Moraes Souza, o Mão Santa (PSC), de quem foi adversário e seguidor, alternadamente, durante o período em que o mencionado esteve no poder.
Em 94, quando Mão Santa foi eleito governador, Wellington foi eleito deputado estadual. No dia 15 de março de 95, uma quarta-feira, quando o então governador compareceu à Assembleia Legislativa para apresentar sua mensagem anual aos parlamentares, os petistas tinham organizado uma grande manifestação, nas galerias, para tentar desmoralizar Mão Santa.
De fato, o chefe do executivo estava começando seu pronunciamento quando os partidários de Wellington Dias começaram a vaiá-lo. O presidente da Assembleia, deputado Juraci Leite, ameaçou chamar a polícia para conter os manifestantes. O petista foi até seus companheiros e os convenceu de que deveriam dar uma chance ao governador. Todos silenciaram. Mão Santa agradeceu com um aceno de cabeça. Wellington fez um sinal positivo com o polegar direito erguido.
Durante o mandato, o petista fez muitas denúncias contra a administração estadual, a começar pelo escândalo do PAPP (Programa de Apoio ao Pequeno Produtor), hoje PCPR, passando depois pelo Detran/PI até chegar na CPI do PDV (Programa de Desligamento Voluntário), da qual foi presidente e concluiu que os demitidos tinham direito de ser reintegrados.
Apresentou denúncia contra o governador pelo uso de recursos do estado em autopromoção. Segundo ele, na época, a logomarca do governo simbolizava uma mão, o que remetia imediatamente ao nome pelo qual o governador era mais conhecido. Pelo que se vê, sempre foi uma relação constante de amor e ódio.
Embora tenha investido seriamente contra Mão Santa naquele período, e até mesmo depois, quando se elegeu deputado federal e o governador se reelegeu, Wellington nunca escondeu de ninguém que adoraria seguir os passos de Mão Santa, tornando-se governador. Programas de Mão Santa, como o "Sopa na Mão", que foram condenados pelo petista na oposição, foram aproveitados em seu governo, tornando-se o "Prato do Dia".
Wellington Dias contribuiu de forma determinante, com suas denúncias, para a cassação de Mão Santa, em 2001, por entender que se ele permanecesse no pode dificilmente seria apeado pela via direta. O populismo do governador era adorado pelas massas. O instrumento utilizado foi o senador Hugo Napoleão que tinha como advogado Marcus Vinícius Furtado Coelho, que fora assessor jurídico no gabinete do petista na Assembleia. Uma relação que nunca se explicou completamente.
No pleito de 2002, certo de que tinha que vencer de qualquer maneira, Wellington firmou entendimento político com Mão Santa. Finalmente os dois podiam andar juntos pelo Piauí, em palanques dissimulados, porque a Lei Eleitoral os proibia de fazerem campanha unidos publicamente. O próprio Mão Santa se vangloriava de ter desdobrado a verticalização. Seu partido naquele tempo, o PMDB, apresentou um candidato a governador, Jônathas Nunes, mas ele apoiou mesmo foi a candidatura do petista.
Uma das coisas que mais Mão Santa gostava de fazer em seus tempos de poder era cortejar a primeira-dama Adalgisa Moraes Souza, a quem chamava de "Adalgizinha". Eles se beijavam em público costumeiramente. O mesmo Wellington faz agora com Rejane Dias. Mão Santa também gostaria de ter premiado a mulher com um mandato eletivo. Tentou fazê-la prefeita de Teresina e de Parnaíba. Não conseguiu. Questionado sobre formação de oligarquia, disse: "Quem decide é o povo. Precisa ter voto." O mesmo fez Wellington Dias quando perguntado sobre o mesmo assunto. "É preciso ter voto", ele respondeu. A criatura imita o criador.
Assim como Mão Santa pôs sua mulher Adalgisa, Wellington põe a sua, Rejane Dias
Repórter: Fábio Carvalho
Publicado Por: Allisson Paixão
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