Tarcísio Arquimedes Araújo Carneiro |
Queria,
primeiramente, saudar a presidente desta casa, aos senhores vereadores,
educadores e educandos do IFPI e demais presentes. Boa noite a todos.
Senhores
legisladores, muito já tem sido dito em relação à ausência do transporte
público na cidade de Parnaíba. Ser repetitivo, diante da gravidade do problema,
não nos parece ser tão ruim assim.
Mesmo
sendo considerada uma cidade jovem, com seus 169 anos recentemente comemorados,
Parnaíba passa por um processo vertiginoso de ‘crescimento’. Lembramos aqui que
crescimento não implica, necessariamente, em desenvolvimento.
Crescimento
este que tem gerado um aumento considerável das demandas por serviços, sejam
eles públicos ou privados, ligados à moradia, educação, saúde, lazer,
transporte etc.
Eu,
como tantos outros cearenses que decidiram morar aqui, assumi o papel de me
dedicar à cidade e colaborar para o seu desenvolvimento.
Em
agradecimento ao acolhimento recebido pelos irmãos Parnaibanos, me sinto mais
do que na obrigação de cobrar direitos que, apesar de serem considerados
básicos e indispensáveis, infelizmente não estão sendo garantidos.
Onde
anda a pavimentação das ruas de Parnaíba? E a nossa energia elétrica?
Há
quem diga que temos transporte alternativo. Mas como? Alternativo seria se
tivéssemos um transporte público regular e que suprisse a demanda. Mas as Vans
dominam o cenário das “latas de sardinhas móveis” nas ruas de nossa cidade!
Nossos
índices educacionais, infelizmente, ainda são preocupantes! Nosso trânsito mata
muito e se não cuidarmos, a poluição sonora nos prejudicará muito também!
Sabemos
que os problemas sociais são de responsabilidade de todos, não estamos aqui
para culpar ninguém, mas para propormos um pacto de cidadania.
Afinal
de contas, nós, enquanto educadores, responsáveis pela formação cidadã de
nossos jovens, não podemos deixar de expressar também o quanto a cultura
nordestina, especificamente a piauiense, é rica em valores diversos.
Identidade
cultural é condição necessária a uma postura de amor à cidade e,
consequentemente, cumprimento de deveres e cobrança de direitos.
Lembramos,
senhores legisladores e demais presentes, que estamos tratando aqui da garantia
de direitos e não favores ou caridades advindas de alguém que, para nossa “sorte”,
esteja de bom humor na hora de garantir o “presente”.
Reforço
este aspecto por conta, infelizmente, da ainda sobrevivente cultura populista,
herdada de nossos antepassados, que procura transformar fragilidades, problemas
sociais e carências em oportunidades para mais um “palanque”.
A
ausência de um transporte público nos fere o direito de ir e vir e, pelo que a
história nos revela, cerceamento do direito de ir e vir é algo intimamente ligado
aos regimes ditatoriais.
Não
deixemos que a não efetivação de direitos sociais implemente em nossa cidade
uma “ditadura” velada. Afinal de contas a cultura do favor e a corrupção, assim
como as ditaduras, possuem também uma raiz patriarcal e autoritária.
Esperamos
que, a partir de hoje, seja plantada uma semente de uma consciência coletiva,
consciência esta que entende os problemas sociais como um verdadeiro efeito dominó.
Muito obrigado!
Tarcísio Arquimedes, Parnaíba - PI (14/10/2013).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.