(Foto:Thiago Amaral)
Uma tradição passada de geração em geração, que requer agilidade, movimentos precisos, inspiração e grandes doses de amor ao trabalho executado. Esses foram os elementos citados por dona Maria Socorro Reis, 59 anos, enquanto elencava os atributos que uma “mulher rendeira” tem de dominar e vivenciar. Ela faz parte do grupo de mulheres que ganhou visibilidade com o trabalho artesanal feito da renda de bilro, desenvolvido no município de Ilha Grande, anteriormente chamado de Morro da Mariana, no litoral do Piauí.
Os bilros são pequenos objetos de madeira usados pelas rendeiras para dar forma ao bordado. A arte que envolve a renda de bilro encanta desde o início da produção das peças, até a sua conclusão. Roupas, brincos, toalhas de mesa, guardanapos e tantos outros produtos feitos através da técnica do uso do bilro atraem pela riqueza de detalhes e delicadeza constatada em cada bordado. Uma única peça pode demorar até três meses para ser concluída.
A beleza do artesanato feito através da Associação de Rendeiras, composta por 120 mulheres, ficou nacionalmente conhecida quando os bordados do Morro da Mariana preencheram as passarelas de um dos maiores eventos de moda do país, o São Paulo Fashion Week, através do estilista Walter Rodrigues, em 2001 e, também, quando vestiram a ex-primeira-dama, Marisa Letícia, durante a posse do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 2007.
(Foto: Thiago Amaral)
O reconhecimento em nível nacional do trabalho executado há dezenas de anos pelas rendeiras é uma conquista ímpar, segundo dona Maria Socorro. “A maioria das mulheres que trabalha com a renda de bilro são esposas de pescadores e produzem as peças para ajudar na renda familiar. Ver nosso trabalho sendo procurado e reconhecido em todo o país é uma satisfação sem tamanho”, explica dona Maria, que começou a fazer renda ainda aos oito anos de idade.
Outra Maria, de 73 anos, também se dedica diariamente à produção de peças com a renda de bilro. É a dona Maria José, que se especializou em produzir acessórios, como brincos e colares. Cada peça dura em média uma semana para ser concluída e tem preços que variam de 5 a 20 reais.
Atualmente, as rendeiras já ministram cursos fora do Estado e trabalham através da Associação, local onde também expõem os produtos criados e recebem turistas e visitantes em geral.
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