Emocionante, esse foi o
tom da realização do II Seminário em defesa da Memória, Verdade e Justiça: pela
abertura dos arquivos da ditadura. O evento ocorreu dia 06 de Junho,
quarta-feira, no Auditório da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Campus de
Parnaíba.
Segundo os
organizadores do evento o Prof. Dr. Roberto Kennedy Gomes Franco do Curso de
História da UESPI e a Prof. Dr. Tânia Serra Azul Machado Bezerra do Curso de
Pedagogia da Universidade Federal do Piauí – UFPI, o Seminário deseja trazer
para o debate, possíveis outras Histórias da Ditadura Civil-Militar no Piauí
entre os anos (1964-1988).
Participaram dos
Debates:
O Seminário foi aberto
com apresentação do Projeto de Pesquisa:
OUTRAS HISTÓRIAS DA DITADURA CÍVIL-MILITAR NO PIAUI, uma
forma que o Grupo de Estudos Marxistas Piauiense encontrou para destacar a luta
pela memória daqueles que foram “silenciados”, mortos e/ou torturados durante o
regime militar.
O projeto tem como
objetivos:
·
Realizar,
transcrever e analisar entrevistas com familiares diversos, amigos entre outros
que conheciam Antônio de Pádua Costa, assim bem como, localizar imagens e/ou
outros vestígios de sua existência;
·
Questionar
sobre que possíveis outras histórias da ditadura militar pós-64 podem ser
escritas e/ou por que foram “esquecidas”, “silenciadas” no Piauí?;
·
Mobilizar
sociedade civil, entidades jurídicas, acadêmicas, religiosas, escolas para o
Debate sobre o Comitê Memória, Verdade e Justiça mediante o debate em torno da
memória do guerrilheiro piauiense morto no Araguaia Antônio de Pádua Costa;
·
Foto-digitalizar
os documentos do 1º Inquérito Policial Militar da Subversão, realizado pela 10ª
Região Militar, encontrado tanto nos arquivos da 10ª Região Militar, situada em
Fortaleza/CE, como nos arquivos da Associação 64-68 Anistia, também em
Fortaleza/CE.
·
Mapear
registros diversos, sobre prisões, monitoramentos, desaparecidos e/ou torturas
de piauienses dentro e fora do estado.
·
Analisar
nos arquivos digitais do Projeto Brasil Nunca Mais, disponível para acesso via
internet, contendo a reprodução de 707 processos judiciais contendo cerca de 1
milhão de cópias em papel e 543 rolos de microfilmes, índicos sobre a memória
da ditadura militar no Piauí.
Esteve presente também
na segunda etapa do seminário, Antônio de Damião de Sousa, trabalhador Rural,
membro do Sindicato dos Trabalhadores rurais de Campo Maior, recentemente
anistiado, Sr. Damião, conforme ele mesmo diz: “foi judiado, torturado e quase
assassinado (quando amarrado e jogado dentro do rio Poty em Teresina) pelo
latifúndio capitalista de exploração do homem pelo homem na era da ditadura”,
entre outras coisas lembrou das perseguições, fuga para os Estados Unidos, com
o apoio da Igreja Católica, e ainda, da importância da Educação para os jovens
de nossa era.
Se fezainda presente, Maria
do Carmo Moreira Serra Azul: Economista e AuditoraFiscal do Estado do Ceará.
Esta, durante a ditadura, organizou a revolta das saias no Ceará,considerada a
maior manifestação feminina da América Latina na época.Foi Diretora do
CESC-Centro dos Estudantes Secundaristas do Ceará e Militante de AP-Ação
Popular. Maria do Carmo debateu sobre as torturas que sofreu, sobre as
consequências do golpe civil-militar de 1964 para sua geração, como economista
fez uma análise crítica de conjuntura das relações político-econômicas do
Brasil nas últimas décadas, contextualizou os limites e possibilidades da
comissão da verdade instaurada pelo governo federal em 2012, entre outras
reflexões.
O evento
simboliza a conquista da luta de muitos brasileiros que se mobilizaram pela
punição dos crimes cometidos durante a ditadura civil-militar. No Brasil todo,
têm sido criados Comitês em nome da Memória, Verdade e Justiça. Na cidade de
Parnaíba, por iniciativa do Grupo de Estudos Marxista Piauiense – GEMPI, o
Comitê foi criado dia 22/05/2012, nas dependências da Universidade Estadual do
Piauí, reuniram-se no Seminário, pessoas e entidades diversas, representando a
sociedade civil organizada em prol da Memória, Verdade e Justiça do povo
brasileiro/piauiense.
O evento contou também
com o apoio do Centro Acadêmico de História da UESPI de Parnaíba, Centro
Acadêmico de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), de Parnaíba e
do Diretório Acadêmico ‘3 de Março’ também da UFPI de Parnaíba.
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