6a Parte: Tiro no pé?

Carlson Pessoa - Programa Flagrante

Sobre a suspensão do programa FLAGRANTE exibido na TV Delta, canal 02, nos cabe algumas considerações. A quem realmente interessa o amordaçamento do jornalista Carlson Pessoa que de segunda a sexta exibia denúncias contra o poder público municipal, denúncias essas não só exibidas na TV, mas veiculadas também em diversos portais e blogs que não têm nenhuma relação com o programa suspenso. Vão denunciar também esses portais, sites e blogs por mostrarem à sociedade a verdadeira cara de Parnaíba?

A imprensa e os meios de comunicação apenas noticiam fatos, não os criam. Não se vê repórter arrancando pedras no meio da rua para se fabricar notícia ou sequestrando médicos e enfermeiros para noticiar que este ou aquele posto de saúde não funciona. Até porque a mentira tem perna curta e ainda manca. Não basta a manchete e a foto imprensa, senão o E.T de Varginha estaria rico.

Ficou claro que a democracia ainda não chegou à Parnaíba e pela demora, parece que vem no porão das antigas caravelas, e pela ausência da senhora democracia estamos nós, parnaibanos ou não, à mercê do autoritarismo dos velhos coronéis escravocratas refugiados em seus burgos. Foi um duro golpe contra a liberdade de expressão, prevista na Constituição Brasileira e claramente desrespeitada neste triste episódio. É a lei do “quem pode manda e quem tem juízo obedece”, simples assim.

Politicamente falando foi uma péssima estratégia tirar do ar o único programa que defendia o governo DENTRO DA TV DO GOVERNO, defesa essa baseada apenas na divulgação dos atos do governo como reza a legislação da TV Pública que muitos evocam e poucos conhecem de fato, o que é compreensível, pois conta-se nos dedos de uma mão aqueles que ainda leem alguma coisa.

Não existe “tv educativa” pura e simplesmente. TV Pública sim, cujo papel é difundir a educação, a cultura regional, a cultura local só para citar algumas de suas funções. Um dos papéis mais importantes da TV Pública que engloba tudo isso é a informação. Todo e qualquer cidadão deve ter acesso à informação, livre do jugo dos meios de comunicação pagos, usados à serviço daqueles que detém o poder.

Um dos argumentos usados para legitimar a suspensão e a posterior retirada do programa do ar e citados em comentários apostos em blogs, se refere às acusações feitas pelo apresentador e jornalista Carlson Pessoa a este ou aquele político, porém, as vítimas também são algozes, pois se havia acusações daqui para lá, acusações vinham de lá para cá. É uma via de mão dupla, pois as duas TVs existentes em Parnaíba são públicas e geridas por fundações. Uma pela “Fundação Antares” e a outra pela “Fundação 14 de Agosto”. Pelo menos é o que diz a “wikipédia, a enciclopédia livre”, basta digitar no “Google”.

Quem tem telhado de vidro não pode jogar um grão de areia no telhado do vizinho. É o “sujo falando do mal lavado”, pois ao tempo em que o jornalista foi punido por falar deste ou daquele político na “tv educativa” do governo, os mesmos “estes e aqueles” estavam xingando e ofendendo o jornalista e membros do governo na outra TV, que também é “educativa”, com o agravante de receber cento e cinquenta mil reais por ano da prefeitura de Parnaíba sem licitação.

Quem tem dinheiro dá-lo a quem quer, mas se a “justiça” foi feita para um, que também se faça para outro segundo a jurisprudência, porém não sou advogado e nem bacharel em direito. É como disse: foi uma péssima estratégia tirar do ar o único programa que defendia o governo DENTRO DA TV DO GOVERNO, mas me dou ao direito de corrigir a mim mesmo...Talvez tenha sido uma excelente estratégia tirar do ar aquele que mostrava à população as falhas da atual administração municipal, pois no caso de uma possível coligação do partido do governador com o partido do vice-prefeito de Parnaíba, que aspira ser prefeito, o jornalista Carlson Pessoa seria uma “pedra no meio do caminho”...

Por Gilson Brito

Foto: Gilson Brito

Por Gilson Brito/acesso343.com

Foto: Gilson Brito