29 de mar. de 2011

CIDADÃO EXEMPLO DE VIDA: A trajetória de José Alencar até a vice-presidência

Mineiro de Muriaé, ele foi senador e um dos maiores empresários da indústria têxtil do Brasil.

O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu na tarde desta terça-feira (29). Ele estava internado "com quadro de suboclusão intestinal (obstrução do intestino com sangramento), em condições gravíssimas", conforme o boletim médico divulgado.

Conhecido pelo largo sorriso, bom humor e otimismo, Alencar fez 14 cirurgias e dois implantes de stent (cateter com um pequeno balão na ponta) devido ao entupimento de artérias. A maior parte das cirurgias foi para combater o câncer, doença contra a qual luta desde 1997. Ele dizia não ter medo da morte, mas lutava sempre pela vida.

Nascido em Muriaé, na Zona da Mata mineira, em 17 de outubro de 1931, o ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva foi senador por Minas Gerais e um dos maiores empresários daquele estado, onde fundou a Coteminas, sua principal empresa, que atua no ramo têxtil.

Começou a exercer a vice-presidência da República no dia 1º de janeiro de 2003, depois da vitória do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2004, Alencar passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa, onde ficou até março de 2006. No governo, destacou-se também por reclamar das altas taxas de juros vigentes no país, que chegou a chamar de "criminosas"
Ricardo Stuckert/PR

Filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, Alencar começou a trabalhar aos 7 anos de idade, ajudando o pai em sua loja. Com 15 anos, foi trabalhar como balconista numa loja de tecidos e, aos 18 anos, começou seu próprio negócio, contando com a ajuda de seu irmão Geraldo Gomes da Silva. Era casado com Mariza, com quem comemorou bodas de ouro e teve três filhos: Maria da Graça, Patrícia e Josué. Também teve netos e bisnetos.

Em 31 de março de 1950, abriu sua primeira empresa, denominada A Queimadeira, localizada na cidade de Caratinga (MG), onde vendia diversos artigos, tais como chapéus, calçados, tecidos e guarda-chuvas. Manteve essa empresa até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo.

Iniciou seu segundo negócio na área de cereais por atacado, ainda em Caratinga. Depois, participou, em sociedade com José Carlos de Oliveira, Wantuil Teixeira de Paula e seu irmão Antônio, de uma fábrica de macarrão. Em 1963, constituiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que mais tarde passou a se chamar Wembley Roupas S.A.

Em 1967, em parceria com o empresário Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros (MG), a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. A empresa cresceu e conta, atualmente, com 11 unidades que fabricam e distribuem fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, Estados Unidos, Europa e países do Mercosul.
Ricardo Stuckert/PR
O ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma Rousseff em visita a José Alencar no mês de dezembro no Hospital Sírio-Libanês

Vida pública
Alencar foi presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre outros cargos. Candidatou-se às eleições para o governo de Minas Gerais em 1994, mas não foi vitorioso. Em 1998, disputou uma vaga para o Senado e conseguiu se eleger com quase três milhões de votos.

No Senado, Alencar foi presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e integrou a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Também participou como membro efetivo da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Como vice-presidente da República, foi voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Sua crítica principal recaiu sobre o método de fixar altas taxas de juros para conter a inflação e manter a economia sob controle. Alencar assumiu várias vezes a Presidência da República, por ocasião das viagens internacionais de Lula. Chegou a ser considerado pela Revista Época um dos cem brasileiros mais influentes do ano de 2009.

Agência Brasil

Em setembro de 2009, disse que pretendia disputar mais uma vez o cargo de senador nas eleições de 2010, caso conseguisse se recuperar dos problemas causados pelo câncer. Em abril de 2010 anunciou, entretanto, que não iria mais disputar as eleições para o Senado nem para qualquer outro cargo. Acrescentou que tal decisão foi tomada após conversa com Lula.

Ele voltaria mais uma vez ao Congresso, no dia 2 de fevereiro de 2010, quando discursou - como vice-presidente da República - durante a cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos, emocionando deputados e senadores ao falar de sua luta contra o câncer. Na ocasião, foi aplaudido de pé, e confessou sentir saudades do tempo em que foi senador por Minas Gerais. 

Fonte: Agência Senado
Edição Blog do Pessoa 

6 comentários:

  1. Em um país em que os políticos em sua maioria prezam pela desonestidade, esse senhor que tão bem soube conduzir sua vida política vai fazer falta ao nosso Brasil. Admiração por esse homem e sentimento de pesar com um misto de saudades de quem nunca conheci.
    Que ele descanse em paz!!

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  2. Exemplo de perseverança e amor à vida.

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  3. E agora? Quem é q vai ficar com a parcela de 0,1% dos políticos ?

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  4. ESTE LUTAVA PELA VIDA!! E AINDA TEM MANES QUE TIRAM SUA PROPRIA VIDA...

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  5. Tem gente que vive morrendo. Alencar morreu vivendo. Exemplo a ser seguido. Deus abençoe a família!

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  6. "Eu Nao tenho medo da morte; tenho medo da desonra.Um homem honrado nunca morre, mas o que perde a honra morre em vida." (Jose de Alencar)

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