12 de jan. de 2011

Tributo ao pai Raimundo Reis: 10 anos de sua partida

 
Raimundo Reis e Leila de Maria
 
“Já pensei que fosse morrer de tanta saudade e... ...tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!” (VIDA - Texto de Charles Chaplin).
Prezado leitores, peço licença e passo a efetivar uma homenagem ao pai iluminado que tenho, porém, faço a ressalva de que há 10 anos nos encontramos em dimensões diferentes. Sei que a princípio tal ato lhe apresentará como sem relevância, tendo em vista que a minha coluna é relativa ao Direito. Mas talvez você possa entender a importância que o homem, radialista, filho da professora Maria José Reis, pioneira na catalogação da história de Araioses, como a descoberta de artefatos da balaiada, nascido dia 23 de outubro, casado com a também professora Leila de Maria e pai de Fabiano, Emmanuel, Rafael, Nataly, desencarnado dia 12 de janeiro de 2001, tenha frente aos valores solares que a célula da sociedade, a família, pode apresentar àqueles que participam de uma.
Por Carlson Pessoa: Raimundo Reis - O Reporter do rádio parnaibano
Desde sua morte escuto seus amigos pessoais e seus ouvintes, apontando histórias que me impressionam, “!Puxa!! Não sabia disso!!”, varias vezes indago impressionado com as qualidades e também com os defeitos, esses, em 99%, transpassam pela bebida, que colho de tais depoimentos. As histórias que se repetem reluz a Rádio Educadora do Piauí em seus áureos tempos, onde ali começou a exercer sua profissão, fazendo amigos, alguns já não mais conosco também, recebendo caixas de cartas por semana, era o Programa Gosto Popular, onde, lembro bem, cartas continham até dinheiro; lembro ainda dos feitos com as transmissões de futebol, ganhando troféu de melhor locutor esportivo de 1990, além da pioneira transmissão do futebol de salão disputado em Manaus – AM, bem como da primeira transmissão de uma partida pela TV Delta, ao vivo; sem falar nas transmissões dos carnavais, bem como das inúmera campanhas das eleições em Parnaíba, e das minhas idas ao estúdio da Educadora, ficava encantado. Quando ainda menino vi seu sofrimento com a morte dos filhos de Ayrton Alves, que carinhosamente chamo de tio, onde ali passou a me levar mais para a rádio, a fim de tentar ajudar o amigo com minha presença.
Ô tempo lindo pai! Você me levava de bicicleta para o colégio; você se esforçava para fazer meu aniversario e do Rafa; você digladiava para ter à mesa o pão, e estava tão longe de sua família, sua mãe, sua avó-mãe, seu irmão e irmãs, tinha apenas nós; você bebia, talvez para superar alguns fardos, e eu tão jovem não conseguia perceber que tudo era para o meu bem querer.
Crescemos, e em um dado momento da nossa história você era eu e eu era você, até cuidávamos do Rafa, nos jogos que o vasco perdia, era o combinado, para não deixá-lo com raiva. Por muitos anos, nos amávamos e não sabíamos dizer um ao outro. Mas, talvez por uma dessas obras Divinas, em meados de 1999, Fabiano reaparece, nossos laços se reafirmam, enfim digo que te amo, deixo o ranço pela bebida de lado, andamos abraçados, sinto enfim um orgulho de ser seu filho, algo que sempre tive medo de demonstrar, buscamos saídas para não mais haver a bebida; até que passamos, os três filhos, no vestibular, e sua alegria é tamanha que todos que o cercam percebem a mudança. Meu Deus, obrigado, tive tempo de fazer perceber que tudo o que fez por nós foi correto, pois ali estampamos sua educação, mesmo Fabiano, longe de nós, percebeu sua importância, apontando a nós que ter caráter, honrar o trabalho a família, tendo responsabilidade é o caminho para se ser família. Mesmo que por poucos anos tive o prazer em ser filho e te lembrar de como era ser pai, algo inesquecível, já que nestes dias de alegria, após a inscrição na Faculdade de Direito o senhor partiu, tal acidente que nunca imaginei entender.
Hoje, temos já 10 anos de lonjura material, pois sinto-me, às vezes, ao seu lado, já que meu coração sente os seus abraços, seu cheiro, sua voz imponente, suas risadas; hoje tenho os netos que tanto quis, mas dona Leila se encarrega de tal forma que parece que o vejo sempre ao lado dela e deles. E é assim que passo os meus dias, quer na advocacia, quer lecionando, quer sendo hoje o pai que você foi para mim, tomando sues ensinamentos para as resoluções das problemáticas da vida.
Amigos desculpe o texto, mas queria dizer, talvez em especial aos meus alunos, aqueles que fazem a distância em casa se espalhar em sala de aula, que “a vida é prosa firme: fluxo rápido”[1], aproveitem seu pai, sua mãe, digam que os amam, digam aos filhos o que é o amor, tenha sempre o querer bem, colocando-os acima de todas as situações, pois se sobrevivi , como Chaplin afirmou, foi porque tive a oportunidade de receber carinho, educação e orientação para sobreviver sem ele, mesmo que naquele momento eu tivesse a certeza de que minha vida também acabara, e vejo, depois de tamanha tempestade, que ela apenas começou, e assim passo a levar a semente de sua sabedoria e bons exemplos, acabando por descobrir que o porto seguro é unicamente a família.
Atenciosamente, aos amigos do pai José Raimundo Reis Melo.
Missa de 10 anos de seu desencarne: 17h Catedral.
EVOCAÇÃO
"COMO É BOM RECORDAR ... LEMBRANDO A GENTE
COMO NUM S0NHO DE OURO SE ILUMINA
RECORDAÇÃO É FONTE, ALTA E DIVINA,
DE ONDE BROTA O CONSOLO DO PRESENTE.

RECORDO. O PENSAMENTO ESVOÇA, A ESMO
RECORDO. E RECORDANDO É QUE EU VOU TENDO
A CONSCIÊNCIA DE MIM MESMO."

[1]Verso da poesia - PROSA À VIDA, (E.R.R).
Edição Blog do Pessoa 

8 comentários:

  1. Parabens a Voce, Emanuel, pelas suas palavras que emocionam aos que conheceram e coviveram profissionalmente ao lado do nosso saldoso José Raimundo Reis, ele foi uma das pessoas que me deram as primeiras oportunidades na comunicação esportiva (Radio Educadora). Seu pai era um abnegado do meio radiofônico, pois diante das dificuldades tecnológicas para as transmissões externas naquela época, não tinha a palavra impossível em seu vocabulário. Aquele sim transparecia um apaixonado pelo radio.
    José Raimundo Reis um companheiro que partiu, mas deixou sua marca, não há como se esquecer de um cidadão protagonista de uma impresnsa sadia e cheia memorias, que fazem parte da historia do radio e da comunicação esportiva.

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  2. Sinceras palavras, verdadeira declaração de amor de um filho ao pai. Raimundo Reis cravou seu nome na comunicação, sem dúvida sua ausência é percebida, porém fica a sua marca, sua dedicação. Que Deus perdoe-nos e ao nosso R.R., para que possamos continuar nossa jornada.

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  3. O TEMPO PASSA RÁPIDO...
    Amigos eu tive a honra de começar no rádio através do ensinamento de grandes nomes, e certamente um dos grandes foi meu eterno AMIGO JOSÉ RAIMUNDO REIS, tive o prazer e a honra de divdir com ele várias reportagens quando o Carlson pedia que o acompanhesse para aprender, agradeço ao Carlson por isso, Saudades do AMIGO, mas sei que DEUS tem um espaço reservado ao seu lado para os puros de coração.
    A FAMÍLIA MEU ABRAÇO E SEI O QUANTO SEMPRE TEVE ORGULHO DE SUA FAMÍLIA.

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  4. Carlison, Paulo Cesar...obrigado, primeiro por postar o texto e o segundo pelas palavras, voces eram a vida dele, voces, pq representam o rádio, bem como todos aqueles que o fizeram e fazem comunicação aqui em Parnaíba, saudades, ainda que seguindo outra profissão, sinto que tenho que contribuir também para esse seguimento, é a minha gratidão...abçs..

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  5. oi emanuel, Rafael, leila e Carlson. parece que foi ontem que eu me despedi do meu caro reis ao sairmos da tv delta por volta de meio dia e meia. não sabia eu que ali seria a ultima vez que conversariamos e eu o chamaria de "speaker". mas valeu por ter tido o prazer de ter compartilhado do seu profissionalismo e de sua amizade. o tempo passa mas as lembranças não. um abraço aos familiares. até mais amigos.

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  6. Grande Manoel, gostei muito da homenagem ao seu pai. Os ensinamentos ficaram, não é toa que você também está se tornando um grande pai. Que Deus te abençoe.

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  7. Manoel, durante vários anos tive o prazer de conviver com seu pai, uma pessoa fantástica, quando digo fantástica porque ele tinha defeitos enormes, como todo ser humano, você sabe disso, mas tinha a pureza no coração e uma enorme gana para o trabalho. Conheci muitos radialistas que amavam e amam o rádio, mas ninguém amou mais a sua profissão do que Raimundo Reis, pode até ser que alguém ame ou amou igual, mas ninguém amou mais do que Reis. De sorriso fácil estava sempre pronto para ajudar um companheiro, nas transmissões era incansável, quanta e quantas vezes vi Reis ajudando os outros colegas de profissão(concorrentes)a montar o equipamento, aprendi que para ser bom não precisa torcer para o insucesso dos outros. Suas virtudes eram superiores aos defeitos, passado aquele momento da bebida, a de se destacar que não era viciado, só bebia nas folgas, onde custumávamos dizer que não nos reconhecia(amigos), ninguém guardava rancor, pois Reis sempre foi amigos de todos e jamais tratou mal um colega, seja um contemporâneo ou alguém que estava começando como o Queiroz.
    e "O TEMPO PASSA RÁPIDO...", abraços Arlindo

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  8. "Roooseeebrinck é o nome dele, Gláucio? Roooseebrrinck...". É uma das frases mais alegres da narração do inesquecível Raimundo Reis. Inconfundível na Unidade Móvel da Igaraçu e nas narrações esportivas. Aprendi com muitos amigos no rádio, durante quase 20 anos de minha vida profissional, e não poderia ser diferente com ele. É isso que fica: a legado de ter falado para milhares de pessoas e ter deixado a sua marca na história. Raimundo Reis: eterno.

    Lee Cavalcante

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