A religião primitiva da humanidade surgiu principalmente de um medo dos acontecimentos futuros. Uma característica que anda de mãos dadas com o medo é a adulação. O deus criado pelos homens por conta desse medo passa a ser visto como um protetor particular, e seus devotos tentarão por todos os meios obter seus favores.
Os sacrifícios humanos dos cartagineses, dos mexicanos e de muitas nações bárbaras raramente superaram a Inquisição e as perseguições de Roma e de Madri. A barbárie e a arbitrariedade são “as qualidades, ainda que dissimuladas com outros nomes, que formam, como podemos observar universalmente, o caráter dominante da divindade nas religiões populares”. As religiões criam monstros, deuses cruéis que castigam, que punem, atormentando o sono dos crentes. “Quanto mais monstruosa é a imagem da divindade, mais os homens se tornam seus servidores dóceis e submissos, e quanto mais extravagantes são as provas que ela exige para nos conceder sua graça, mais necessário se faz que abandonemos nossa razão natural e nos entreguemos à condução e direção espiritual dos sacerdotes”.
O medo é uma arma muito eficaz no controle das pessoas. Se a religião oferece conforto por um lado, cria grilhões por outro. “A crença na vida futura abre perspectivas confortáveis que são arrebatadoras e agradáveis. Mas como esta desaparece rapidamente quando surge o medo que a acompanha e que possui uma influência mais firme e duradoura sobre o espírito humano!”
David Hume
O medo aumenta a dependência. Quando o medo atinge um nível muito alto e perdura por tempo prolongado, sem que o indivíduo consiga detectar sua fonte, ocorre uma evolução no sistema e há um envolvimento maior, onde o organismo como um todo, reage manifestando um quadro de angústia, extrema irritabilidade e depressão. A tensão interna aumenta tanto, que o indivíduo necessita manifestar seu descontentamento e descompasso. Observam isto a partir do nascimento de um bebê, por exemplo.
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