No aniversário de 122 anos da Abolição da Escravatura, o senador Mão Santa (PSC-PI) exaltou em discurso a escrava piauiense Esperança Garcia, que se rebelou contra os maus tratos de seu feitor e escreveu ao governador da Capitania do Maranhão relatando seus sofrimentos e pedindo para voltar à fazenda onde havia trabalhado, pois fora separada do seu marido. Ela argumentou ainda que isso lhe permitiria confessar e batizar sua filha.
- Ela fez isso em 1770, muito antes da princesa Isabel assinar a Lei Áurea. Ela foi a primeira escrava a redigir uma petição denunciando maus tratos que sofria. Foi muita coragem, muita revolta. Ela estava em uma fazenda que fica no atual município de Nazaré do Piauí - afirmou.
Acrescentou que hoje o hospital de Nazaré leva o nome da escrava e uma leidetermina que o Dia Estadual da Consciência Negra será comemorado sempre no dia 6 de setembro, data em que Esperança Garcia assinou sua petição. O senador observou que Esperança Garcia sabia ler, lembrando que na época era proibido "ensinar a leitura aos escravos", o poderia levar à cadeia quem descumprisse a determinação.
Mão Santa leu trechos de uma entrevista do historiador e antropólogo Luiz Mott, que descobriu a petição. O senador também leu a íntegra da petição da escrava, onde ela sustenta que se transformara em um "colchão de pancadas" pelo feitor da fazenda e que havia ainda agressão a crianças. Conforme o senador, ela se encontrava em uma das fazendas dos jesuítas que haviam sido transferidas, um ano antes, à administração governamental depois que o Marquês de Pombal, ministro do Reino de Portugal, determinara a expulsão os jesuítas do Brasil.
Agência Senado
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