Mais uma vez ocorreu do advogado ser tratado pela polícia e o judiciário como suspeito de um crime, somente por que sua adesão ao cliente, preso, não é compreendida como o que de fato é: o papel do profissional da advocacia, no cumprimento do mandato recebido, através da procuração outorgada, como efetivação do direito da ampla defesa, do contraditório, do acesso ao judiciário e da presunção de não culpabilidade.
O fato é que nessa semana passada ocorreu um assalto na agência do Banco do Brasil, em Cocal da Estação, aqui no norte do Piauí, com a fuga dos assaltantes levando dinheiro, reféns e deixando feridos na cidade.
Um suspeito foi preso por que foi encontrado com um veículo igual ou parecido ao dos assaltantes e com quantia expressiva de dinheiro, em seu poder. Chamado seu advogado, direito que assiste a qualquer pessoa presa, o delegado foi questionado pelo causídico sobre o fundamento da prisão, dizendo que se era daquela forma, ele, advogado, também tinha em seu poder dinheiro e, nessas condições, também seria suspeito?
Pronto, bastou isso para o delegado correr na magistrada da comarca e dela conseguir uma ordem e mandado de busca e apreensão ao veículo do próprio advogado, onde, de fato, havia quantia considerável de dinheiro, prontamente apreendido e, como de praxe, gerar notícias nos meios de comunicações estaduais, principalmente na internet - mais ágil - já apontando o advogado como cúmplice. A fonte da informação, certamente, foi a polícia, sempre pronta a fornecer notícias aos jornais e outros meios de comunicações.
Nem o delegado fez qualquer investigação ou apuração; nem a magistrada estava nem aí para isso; e a imprensa sequer fez qualquer apuração, mínima que fosse. Mas para quê?
Ter uma política de segurança pública bem planejada e efetivada com responsabilidade para o município de Cocal da Estação e o Piauí todo, nem pensar. Porém, depois do crime ocorrido, tem-se que mostrar "serviço", qualquer "serviço", mesmo que para isso seja preciso passar por cima da lei, do advogado ou quem quer que se interponha na frente.
E o que aconteceu com este advogado - por sinal o advogado atualmente presidente da OAB, subseção da Parnaíba, Faminiano Machado - não é um caso isolado, mas uma repetição assustadora pelo país inteiro, com maior ou menor ousadia, dependendo do sabor da hora, onde as ações policiais contra os advogados de pessoas acusadas de crimes levam estes a terem seus próprios escritórios, arquivos e ligações telefônicas devassadas sem pejo ou pudor.
Não descarto, entendam-me, que um advogado não possa ser incriminado por um crime; não possa ser suspeito de um crime. Pode, claro, e deve ser tratado como qualquer outro cidadão nessa situação, devendo ser investigado. Pode ocorrer, sim, de algum advogado associar-se a algum cliente de seu escritório num crime. Nesses casos, a lei se lhe aplica inteiramente.
Contudo, não é o que aconteceu no caso acima descrito, e nem em muitos outros pelo país afora.
Têm-se multiplicado ações policiais reiteradas, coonestadas por juízes, que são flagrantemente violadoras das prerrogativas do advogado e, muito mais, violadoras da ordem constitucional, na medida que desrespeitam o direito da ampla defesa, do contraditório, do acesso ao judiciário, da presunção de não culpabilidade, e visam intimidar a atuação do advogado.
É preciso, assim, que haja uma reação firme, pronta, que sirva de exemplo para que outros não se animem em repetirem atitudes tão estapafúrdias e despropositadas contra os advogados ou qualquer outra pessoa, sem amparo legal, sem amparo em fatos concretos.
É preciso um desagravo público ao advogado Faminiano Machado, não só para uma satisfação ao mesmo, mas a todos os advogados já vítimas desse tipo de abuso e para que outros não venham a sofrer algo semelhante, principalmente os mais jovens e os novatos na profissão, para que não se intimidem nunca diante de absurdos deste jaez.
Minha solidariedade, portanto, ao colega advogado, o qual, por sinal, obteve de volta o dinheiro apreendido ilegalmente.
09/05/2010
Marcos Antônio Siqueira da Silva
Concordo com meu colega, Dr. Marcos Siqueira.
ResponderExcluirRealmente, por que não se apurou os fatos antes de divulgar a notícia falaciosa na imprensa local? Não quero ser corporativista ou coisa que o valha, pois todo criminoso deve receber a punição que merece, isto após um julgamento justo.
Não existe punição maior para um advogado do que a má impressão da opinião pública, sendo isto exatamente o que a polícia incompetente de Cocal fez neste triste episódio. E o que é pior, teve o apoio de parte da imprensa, que nem se preocupou em ver o desfecho da acusação para poder divulgar a notícia. Um absurdo!
A Rede Globo de Televisão ensina quase todos os dias como deve agir a verdadeira imprensa. Aquela que investiga e vai em busca da verdade antes de colocar a notícia para seus telespectadores. Acho que isto está faltando para alguns repórteres de Parnaíba. Ora, por que não se esperou a liberação do dinheiro apreendido, logo depois de esclarecidos os fatos e, somente depois, divulgar a notícia verdadeira? A notícia verdadeira seria: “POLÍCIA DESESPERADA POR NÃO TER IMPEDIDO O ROUBO, APREENDEU DINHEIRO DE CLIENTES DE ADVOGADO, PRESIDENTE DA SUBSEÇÃO DE PARNAÍBA”.
Já dizia o filosofo Plantão: “não pode haver justiça sem homens justos”. Assim, homens e mulheres da Justiça, Polícia e Imprensa devem ser justos para promoverem a justiça que se esperam deles, no exercício de suas profissões.
Concordo com tudo o que foi escrito aqui.A noticia foi dada antes de uma minunciosa investigação do acontecimento,o que é inaceitavel,já que o papel da imprensa é fazer com que a notícia chegue corretamente à população.
ResponderExcluirAo se acusar alguém de um crime, deve-se tomar muito cuidado,pois, uma acusação falsa pode acabar com a reputação de uma pessoa.
ResponderExcluirOnde estão agora aqueles que, assim que a notícia foi veiculada apontaram seu dedo acusador e bateram no peito dizendo "eu já sabia que ele era bandido"? Em nossa cidade e muitas outras a imprensa sob a prerrogativa da "liberdade de expressão" primeiro acusa, difama, denigre, para depois ficar com cara de tonta e como se não tivesse nada haver com o caso.
ResponderExcluirFalta mais, e muito mais, responsabilidade por parte de nossos meios de comunicação.
Eu tenho nojo de advogado. espero em DEUS nunca precisar de um. existem varios casos de bandidos formados em direito e juizes também. lembram do LaLau só pra citar 1 exemplo. nem todos são bandidos, mas não são imunes a corrupção, ou exemplos de idoneidade. CONHEÇO um caso de um advogado "perto da ponte" que queria passar a perna num analfabeto em 4 mil reais (quando de DIREITO - eita palavra bonita) só deveria receber 1.200,00 - eu que não sou formado em bos ta nenhuma foi que esclareci o coitado analfabeto e o mesmo foi na OAB aqui reclamar..... eita raça nojenta.
ResponderExcluirÈi pq foi tão dolorido uma simples averiguação do carro dele está acima da lei por acaso.
ResponderExcluirquem não deve não teme, mas criaram tanto por causa disso e os inúmeros casos de advogados que dividem até produtos de furtos em PHB não são crimes por acaso, eles tbm devem ser fiscalizados.
Oh povo p querer está acima da lei
Èi pq foi tão dolorido uma simples averiguação do carro dele está acima da lei por acaso.
ResponderExcluirquem não deve não teme, mas criaram tanto por causa disso e os inúmeros casos de advogados que dividem até produtos de furtos em PHB não são crimes por acaso, eles tbm devem ser fiscalizados.
Oh povo p querer está acima da lei
Se você tivesse lido direito a noticia,notaria que a averiguação foi arbitraria e desnecessária.
Tenho pena dessas pessoas que falam que tem nojo de advogado,quero ver quando necessitarem de um advogado para se defender de alguma injustiça. Não se pode generalizar,é claro que em todas as áreas existem os maus profissionais,mas,falar que todos os advogados são desonestos é uma tremenda imbecilidade.
ResponderExcluirMAS QUE O TAL DE FAMINIANO TEM CARA DE SEIS DEDOS, HÁ ISSO ELE TEM.
ResponderExcluirque bela representação da oab em parnaiba,brilhante discurso corporativista dos defensores publicos, quanta falta de profissionalismo de meia duzia de advogados empregados,compromisados,apaixonados,verdadeiros capachos de seus clientes endinheirados. operradores do direito lembrem-se ao menos dos ensinamentos de um grande jurista que ja dizia: ADVOGADOS ALUGUEM SUAS PENAS E NÃO SUAS CONCIÊNCIAS. Quanto ao cliente do nobre ADVOGADO porque ainda está preso?
ResponderExcluirMuito bonito o texto do defensor publico, mas com certeza contem distorçao, pois caso fosse como relatou nao haveria esse estardalhaço, realmente é fundamental que se investigue antes, pois a divulgaçao só atrapalha a continuaçao da investigacao, pois logo aparece os ilustre defendendo o nobre colega, ou melhor blindando, assim o poder de investigar fica timido.
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