O Ministério Público do Piauí (MP-PI) confirmou o relato de uma mulher no Piauí vítima do médium João de Deus, suspeito de praticar abusos sexuais no estado de Goiás durante sessões espirituais.
A denúncia foi feita através do canal de denúncia disponibilizado pelo Ministério Público de Goiás. No total, 506 denúncias já foram feitas por mulheres de vários estados do Brasil e até de outros países, desde que o caso veio à tona.
Após serem repassadas as informações pelo MP de Goiás, o MP-PI vai colher o depoimento da vítima e depois repassar as informações de volta para Goiás, local onde as investigações estão sendo apuradas.
O Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID) vai auxiliar a vítima no decorrer do processo. A cidade e a identidade da vítima está sendo preservada.
O Ministério Público do Piauí também possui um canal de denúncias e montou uma força-tarefa para identificar, orientar, auxiliar e colher depoimentos de possíveis vítimas de crimes sexuais supostamente praticados pelo médium.
PRISÃO
O médium João Teixeira de Faria, internacionalmente conhecido como João de Deus, entregou-se às autoridades policiais de Goiás, no domingo (16), em área rural nas proximidades de Abadiânia, na região central do estado. Um dos responsáveis pela rendição, o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, disse que João de Deus não apresentou resistência e que a prisão é preventiva, ou seja, sem prazo para terminar.
João de Deus, que estava acompanhado pelos advogados de defesa, apresentou-se ao delegado titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), Valdemir Pereira da Silva, e o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes. A rendição teve um longo período de negociação, disse Fernandes.
João de Deus é acusado e suspeito de ter abusado sexualmente de mais de 300 mulheres que o procuraram para cirurgias espirituais. As denúncias vieram de todo o país e também do exterior, após o programa Conversa com Bial, da TV Globo, que entrevistou mulheres que se disseram molestadas pelo médium.
DEFESA
O advogado Alberto Toron, que defende o médium João de Deus, de 76 anos, entrou com habeas corpus para transformar a decisão judicial de prisão preventiva em prisão domiciliar com tornozeleira. Segundo o advogado, é preciso levar em conta a idade avançada e o estado de saúde de João de Deus.
Os advogados reiteram a inocência de João de Deus e levantam dúvidas sobre o comportamento das possíveis vítimas e o conteúdo de seus depoimentos.
Nota da defesa de João de Deus:
1. O Ministério Público vem falando em ocultação de valores e lavagem de dinheiro em razão do suposto “saque” de RS 35 milhões do Banco por João de Deus. Em primeiro lugar, o relatório do COAF descreve o resgate de aplicações financeiras, não saque. Como sabem os promotores de justiça, não se lava dinheiro limpo, não se lava dinheiro que é seu e estava no banco .
2. Sequer está claro se houve realmente movimentação nesse valor. Pelo que a defesa teve conhecimento, apenas uma aplicação foi resgatada e em valores menores .
3. Até agora, tivemos acesso apenas a algumas poucas declarações, todas fornecidas pela Polícia Civil de Goiânia e, nelas, não há qualquer referência à participação de terceiros nos fatos narrados. Parece estar havendo um processo intimidativo indevido, talvez para ensejar novas denúncias e declarações.
4. Por fim, importante esclarecer que estivemos diversas vezes na sede do Ministério Público em Goiânia e, até agora, tivemos acesso a apenas um procedimento investigativo o qual, para surpresa da defesa, tem apenas cópia das matérias do Fantástico, sem cópia de nenhum dos inúmeros depoimentos que estão sendo divulgados pela imprensa.
A complexidade das suspeitas exige serenidade e tempo para que seja realizado um julgamento justo, imparcial e válido.