Mão Santa derrota o PT na Parnaíba, litoral do Piauí
O cacique da popularidade ressuscitou! E não é renascimento místico, não. É a vontade popular, a prova de que o povo é soberano, de que somente o povo move os seus próprios desejos, de que a democracia é o veio da mudança.
Mão Santa ganhou as eleições na Parnaíba em dupla virada, uma vitória bela de se ver, para se aplaudir mesmo. O embate de vinte partidos coligados com o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula e Dilma, contra apenas dois: Solidariedade 77 e Partido Social Liberal (PSL).
Sem arrogância, sem prepotência, calcada no bom senso, com os pés no chão, com o suor nas ruas, com a alma na esperança, com o diálogo direto e permanente com os mais humildes (e humilhados) da Parnaíba, Mão Santa e seus poucos (porém bravos) coligados conseguiram cremar a miséria cancerígena da política e o terror da corrupção que é o PT - como organização criminosa - instalado no seio da sociedade brasileira. Parnaíba deu sua resposta tão necessária, bem-avinda.
A conquista de Mão Santa é também a preservação de um mito político, que todos julgavam estar plenamente adormecido. Junto a outros trinta e cinco mil parnaibanos, tenho a satisfação de expressar o meu fora PT e desejar que a gestão do mais novo prefeito Mão Santa traga melhores rumos à paisagem de estagnação que paira sobre a Parnaíba, faz tempo!
(Adalgisa, primeira dama, e Mão Santa)
Ainda sobre o Prefeito Mão Santa:
Mão Santa é um dos últimos homens populistas vivos da política brasileira. Há 60 anos estavam nesse simbólico papel, Getúlio Vargas e Ademar de Barros. Entende-se por populista aquele ser paternalista que se vale da emoção e do sentimento para renovar seu campo político, sempre ao lado do povo.
Mão Santa é carismático, provoca a rápida simpatia do seu interlocutor, um autêntico homem das massas. Esse Mão Santa, filho da poetisa Jeannete de Moraes Souza, completa no próximo dia 13 de outubro de 2016 os seus 74 anos de vida, já que nasceu na Parnaíba, nos idos de 1942.
Nascido Francisco de Assis de Moraes Souza, a alcunha Mão Santa veio de sua valorosa experiência médica no interior do Maranhão, onde um paciente, se sentindo recuperado após uma cirurgia, avistou Francisco na rua e gritou: "Esse homem tem as mãos santas!"; o apelido ficou.
Mão Santa foi deputado estadual, prefeito da Parnaíba, governador do Piauí, senador da República, notabilizando-se como homem público e influente nos caminhos do Brasil contemporâneo. Cogitou-se o seu nome para a presidência do país.
Mão Santa é amigo dos intelectuais, dialogou com personalidades do porte de Gerardo Mello Mourão (escritor, um dos maiores da América Latina, o primeiro brasileiro indicado ao Nobel de Literatura), Darcy Ribeiro (sociólogo, autor de O Povo Brasileiro), Abdias do Nascimento (teatrólogo, ativista do movimento da consciência negra), Álvaro Pacheco (editor, político constituinte e poeta), Celso Furtado (economista, escreveu Formação Econômica do Brasil), Evandro Lins e Silva (jurista, membro da Academia Brasileira de Letras), José Sarney (político e escritor, autor de O Dono do Mar, membro da Academia Brasileira de Letras)...
Esteve no programa do Jô Soares, valorizou a mulher na pessoa de sua esposa Adalgisa - um raro caso de amor no meio político e que merece aplausos. Foi Mão Santa quem garantiu a instalação no Piauí de uma sede da União Brasileira de Escritores, ato importante para a cultura do estado.
Em fragmentos de sua extensa biblioteca, encontrei livros autografados por preciosos escritores brasileiros. Livros de filosofia, história, ciência política, poesia, romances de clássicos universais, ensaios, crítica literária, comprovando a capacidade intelectual de Mão Santa. Por estas razões, aprendi a admirá-lo.
Diego Mendes Sousa
Escritor e Advogado
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(Poeta Gonçalves Dias)
Canção do Tamoio
I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
E o homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
VII
E a mãe nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranquilo nos gestos,
Impávido, audaz.
IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Poema de Gonçalves Dias
Fonte: Proparnaíba