Por: Benedito Gomes (*)
Há poucos dias estava assistindo noticiário à noite e fui surpreendido com a noticia que ia faltar feijão na mesa do brasileiro. Nossa! Tomei um susto. E logo em seguida o apresentador informa que o Brasil ia importar grande quantidade deste produto para abastecer o mercado e forçar a baixa no preço.
Nosso governo sempre quis combater a inflação com alta de juros. Parece que está começando a aprender que se combate inflação é com produção, ou, como dizemos no interior, se tem fartura não tem carestia.
Não somos territorialmente o maior país do mundo, mas temos a maior área agricultável da terra. Aqui não temos Cordilheira dos Andes, Himalaia, Patagônia, Sibéria, Alaska, etc... isso ai são regiões geladas e improdutíveis para agricultura. Para nosso querido feijão, nem pensar.
A Índia produz alimentos simplesmente para hum bilhão e duzentos milhões de pessoas. A China, a mesma coisa. E o Brasil, com oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados, não está conseguindo produzir feijão suficiente para sua população. Porque será? Vamos seguir o fio da meada:
No dia 28 de julho de 1860 o Imperador Dom Pedro II, pelo decreto nº 1.067 criou a “Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Públicas”. De lá até os nossos dias esta Secretaria teve diversos nomes, atualmente é MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Vejamos os órgãos auxiliares: GM – Gabinete do Ministro; AGE – Assessoria de Gestão Estratégica; SE/SPOA – Secretaria Executiva / Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração; CJ – Consultoria Jurídica, Ouvidoria; SDA – Secretaria de Defesa Agropecuária; SDC – Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo; CNA – Confederação Nacional de Agricultura; CNPA – Conselho Nacional de Politica Agrícola; CNAB – Companhia Nacional de Abastecimento; SFAS – Superintendência Federal de Agricultura, Agropecuária e Abastecimento; CCCCN – Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional; EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; SRI – Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Nos Estados ainda temos Secretarias de Agricultura, Superintendência Federal da Agricultura, EMATER e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Para manter esta gigantesca máquina de fazer despesas são gastos milhões de reais, pouca gente trabalhando e milhares apenas recebendo altos salários através dos famosos cargos comissionados, assessor especial, diretor de coisa nenhum e muitos outros. Existem centenas de apadrinhados com contra cheques de 15 a 20 mil reais que não conhecem nem um pé de maxixe. O alimento que chega à nossa mesa é produzido por centenas de grandes produtores rurais e por milhares de pequenos, a chamada agricultura familiar. Para todos que com o suor do seu rosto, enfrentando sol, chuva e o risco que é a atividade rural, nosso Governo oferece financiamento e custeio a juros altíssimos, impostos absurdos, estradas esburacadas, adubos caros e, além disso, o produtor rural ainda luta contra as pragas, mão de obra difícil e às vezes inverno ruim. Diante do exposto o nosso feijão com arroz não está caro, os custos de produção é que estão elevados. E Você acha que li este assunto no livro de alguém? Não, não li. Conheço pessoalmente o dia a dia da lavoura, afinal fiz roça muitos anos.
(*) Benedito Gomes –
Contador (UFPI)