Por:Fernando Gomes(*)
No dia 14 de novembro de 2014 a empresa Contact Center Vikstar anunciou a instalação de sua unidade operacional em Parnaíba. Com a presença do Prefeito Florentino Neto (PT) e do Governador Wellington Dias (PT), o diretor da Vikstar no Piauí, Élio Salles falou da expectativa de gerar 3.000 postos de trabalho na cidade. Uma notícia que certamente gerou esperança em meio aos que desejam uma oportunidade, uma grande maioria da população economicamente ativa de nossa sociedade.
O prefeito comemorou e corretamente cuidou para que a prefeitura desse a estrutura necessária para a instalação da empresa na cidade. Pois, com a unidade aberta, 3 mil empregos seriam gerados, absorvendo uma boa parcela de jovens desempregados de Parnaíba e de toda a região.
Porém, no mês passado veio o anúncio que ninguém queria ouvir: a obra foi paralisada! Diante a fatídica declaração da Vikstar muitas pessoas se manifestaram nas redes sociais. Em boa medida chatearam o prefeito como se fosse ele o principal prejudicado. Quem perdeu foi a cidade! Esses perderam a sensata oportunidade de fazer uma crítica não à saída da empresa, mas à forma como o prefeito municipal quis dar conotação politiqueira ao fato de ter sido o agente público que criou as condições para a sua instalação doando o terreno e concedendo incentivos fiscais. Isto precisa ser visto como obrigação do gestor!
A impressão que ficou para alguns é de que a ideia foi a do “quanto pior melhor”! Inclusive os partidários do prefeito saíram em ataque às “críticas” sob o argumento de que fora dada conotação política às manifestações. Ora, igualmente foi a exploração anterior desde o primeiro momento da implantação da empresa. O fato é que não se podem excluir os “dividendos” políticos que a administração quis colher dos atos que anunciou para apoiar a instalação da empresa na Terra de Simplício Dias.
Nesta perspectiva os ataques ao prefeito foram desmedidos! “E agora cadê os empregos?!”. Irremediavelmente o que se poderia questionar é o necessário princípio da “impessoalidade” do ato do Chefe do Executivo. "O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.
A dizer de outro modo, o princípio da impessoalidade determina que o agente público proceda com desprendimento, atuando desinteressada e desapegadamente, com isenção, sem perseguir nem favorecer, jamais movido por interesses subalternos. Mais: postula-se o primado das ideias e dos projetos marcados pela solidariedade em substituição aos efêmeros cultivadores do poder como hipnose fácil e encantatória.
Separar a pessoalidade da administração pública, eis o grande desafio que se quer superar com o cumprimento do princípio da impessoalidade. Na atualidade, apesar das revisões legislativas e da proibição de certas práticas que infringem o princípio em questão, é aparente que ainda sobram resquícios do absolutismo quando se observa nas práticas administrativas a extrema ligação entre os atos da administração e a pessoa do administrador. Leiam-se as notas e observem as fotos publicadas na imprensa local.
Este é um traço marcante da política parnaibana e que merece ser registrado para que cesse finalmente! O jogo de interesses dos grupos políticos estão acima das questões da sociedade. Eles vivem se digladiando por questões menores, vivem se comparando (eu fiz assim, antes era daquele jeito...), porém jamais abordam as questões sociais e econômicas na sua essência. E o pior é que este debate inócuo dos “líderes” é absorvido inconscientemente pela cidade.
O caso da paralisação das atividades da Vikstar é um exemplo vivo de tais posturas!.
De parte a parte não se deve tirar proveito político de uma situação que envolve questões sérias como a oportunidade de emprego para a população. O problema ocorrido precisa ser tratado com compreensão em razão da crise, mas também não se deve perder de vista o que se passa na gestão e as suas intenções reais.
Oportuno seria a união das forças políticas para tentar viabilizar a implantação da empresa, independente da agremiação partidária a que se pertence. Mas como o prefeito absorveu toda a responsabilidade por isso, agora paga o preço de ser responsabilizado por algo que sabemos não ser da sua culpa. Mas é o preço por ter trabalhado astutamente para tirar proveito político da causa, inegavelmente!
Peter Ferdinand Drucker, austríaco, considerado o pai da moderna gestão de empresas nos ensina: “Não há nada tão inútil quanto fazer eficientemente o que não deveria ser feito”.
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.