Já no final do século XVIII, os
patriotas brasileiros que estudavam na Europa se reuniam em prol da liberdade
do Brasil; esse grupo ficou conhecido como geração
de 1790; nela os patriotas parnaibanos
Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, Simplício Dias da Silva e João Cândido de
Deus e Silva, mas também brasileiros como Hipólito José da Costa, Gonçalves
Ledo, José Bonifácio e irmãos, e tantos outros;
Em 1808, o Brasil recebe a
Família Real, e Dom João abre os portos às nações amigas. Em 1815, Simplício
Dias compra uma franquia do Correio do Ceará para a vila da Parnaíba, a fim de
se unir aos patriotas cearenses e pernambucanos; o Brasil é elevado à categoria
de Reino Unido a Portugal e Algarves;
A vila da Parnaíba adere a Revolução Pernambucana de 1817, e esta ao
ser sufocada, é também abafada a sublevação parnaibana, conforme ofício do
governador do Piauí; são fuzilados patriotas
pernambucanos, entre eles, o amigo de Simplício Dias, Domingos José Martins,
que contribuiu para a instalação do Correio parnaibano em 1815;
1820, a Revolução do Porto, em Portugal, proclama uma monarquia constitucionalista
e faz retornar o Brasil à condição de colônia; as províncias brasileiras elegem
os seus deputados à Corte de Lisboa: o parnaibano Ovídio Saraiva de Carvalho e
Silva, e o campo-maiorense Miguel de Sousa Borges Leal Castelo Branco; o primeiro
não aceitou, já estava no Rio de Janeiro e sabia dos rumos da independência, sendo
substituído pelo pároco de Parnaíba, o padre português Domingos da Conceição;
ambos juraram defender os interesses de Portugal (uma vergonha!);
Os patriotas reagem e fundam no
Rio de Janeiro, o Grande Oriente do
Brasil e a Ordem dos Cavaleiros da
Santa Cruz; esta trabalha três lemas: União
e Tranquilidade; Firmeza e Lealdade;
e Independência ou Morte, sociedades
secretas em prol da independência do Brasil. Com a esperança de que os
portugueses voltassem atrás e reconsiderasse o Brasil como Reino Unido, os
patriotas brasileiros trabalham a primeira divisa que era União e Tranquilidade;
Mas as Cortes de Lisboa não
respeitam o pedido dos brasileiros e impõem a volta de Dom Pedro para a Europa,
que responde com o Fico; no Rio de Janeiro é instalada as Cortes do Brasil;
Oeiras, satélite de Portugal, não envia deputados;
Ao retornar de Santos, Dom Pedro
recebe cartas da Imperatriz (que já tinha assinado a nossa Declaração de
Independência no dia 05.09. 1822) e de José Bonifácio; Dom Pedro muda a divisa
e proclama o terceiro lema Independência
ou Morte, rompendo os laços com Portugal, às margens do riacho Ipiranga;
A vila da Parnaíba, a 19 de outubro de 1822, tendo a frente
Simplício Dias da Silva, não sabendo que o imperador cortara os laços com
Portugal, declara e brada o primeiro lema, e proclama a Independência,
conservando a ideia de Reino Unido, onde o Brasil tinha a sua liberdade
econômica desde 1808 com a abertura dos portos às nações amigas;
Os patriotas parnaibanos remetem
aviso de sua proclamação à algumas vilas do Ceará, e Campo Maior no Piauí; esta
não dá resposta e delata a proclamação às capitais Oeiras e São Luís,
informando que “esta novidade foi bastante inesperada”;
O Norte do Brasil declara guerra
aos patriotas parnaibanos: Oeiras prepara um exército de piauienses comandados
pelo sargento português Fidié (o Piauí
não recebeu tropas de portuguesas, nem generais como as capitanias de
Pernambuco e Bahia, Fidié chegou sozinho ao Piauí); São Luís e Belém enviam
navios e tropas para sufocar o movimento parnaibano;
Não podendo enfrentar essas
tropas e evitando um derramamento de sangue inútil, os patriotas parnaibanos se passam para o Ceará em busca de socorro ao Piauí;
Com o retorno dos patriotas
parnaibanos, Leonardo de Carvalho Castelo Branco e José Francisco de Miranda
Osório, acompanhados de 600 homens, o Piauí começa a receber tropas para a
liberdade do Brasil, bancadas por Simplício Dias da Silva, que também envia a
Recife o seu navio Senhor do Bonfim,
para receber ajuda dos pernambucanos; os demais patriotas parnaibanos ficam no
Ceará arregimentando tropas a favor do Piauí;
Ao chegar a Parnaíba, Fidié não
precisou dar um só tiro contra os que desejavam a independência do Brasil, como também em todo percurso de 600 km, de
Oeiras a Parnaíba, o que mostra que no Piauí somente o grupo parnaibano
lutava pela independência; Fidié sabedor que a Cavalaria de Parnaíba era
composta de patriotas brasileiros, como castigo, destaca esta corporação para a
capital do Piauí; Fidié reconhece depois este grande erro; lá em Oeiras os
patriotas parnaibanos trabalham para adesão do Piauí à independência do Brasil
(24 de Janeiro de 1823), e na primeira Junta Provisória de Governo, o
parnaibano, o capitão da cavalaria parnaibana, José Honorato de Morais Rego; o
comandante desta corporação, o major Bernardo Antônio Saraiva de Carvalho,
retorna ao Norte do Piauí, e participa da Batalha do Jenipapo;
A partir do 24 de janeiro de
1823, o pobre Piauí se vê nas mãos de uma oligarquia oeirense, comandada por
Manuel de Sousa Martins, que sabedor do deslocamento de Fidié de retorno à
capital, “fica de guarda” do cofre da província;
Ao tentar retornar à capital do
Piauí, Fidié e tropas enfrentam os primeiros patriotas na Batalha da Lagoa do Jacaré,
no dia 10 de janeiro de 1823, no povoado Piracuruca; no dia 13 de março de
1823, as tropas de piauienses comandadas
pelo sargento Fidié enfrentam os brasileiros (a grande maioria formada de
cearenses que os parnaibanos arregimentaram) comandados pelo cearense capitão
Luís Rodrigues Chaves;
Fidié sai vitorioso, mas perde
parte de sua bagagem de guerra, o que força sua passagem para Caxias, Maranhão,
onde procura reforço e se aquartela no morro das tabocas;
No Norte do Piauí e Maranhão,
continuam as lutas para a liberdade do Brasil e do corte
de qualquer auxílio à Fidié pelo rio Itapecuru, missão das tropas de Parnaíba
que contavam com soldados cearenses e pernambucanos. Entrincheirado no morro
das tabocas, Fidié e tropas de rudes piauienses (uma vergonha), não resistem ao
cerco implacável do comandante cearense João da Costa Alecrim;
Depois de meses de assédio para
que Fidié se rendesse no morro das tabocas, chega a Caxias, numerosa tropa de
soldados do Ceará, com a presença oportunista de Manuel de Sousa Martins; o
morro passa a se chamar Morro do Alecrim;
Dom Pedro reconhece os feitos
dos parnaibanos e agracia a vila como honroso título de Metrópole das Províncias do Norte;
reconhece o empenho de Simplício Dias da Silva e o convida a ser o primeiro
presidente da província do Piauí; Simplício Dias sendo republicano e tendo que
refazer seus negócios destroçados por Fidié que tinha ficado com a sua tropa de
mil homens em Parnaíba por três meses alimentando-os com os bois das fazendas
do parnaibano, além de incendiar seus navios, fábricas e charqueadas; Simplício
Dias não aceita o convite do Imperador, sabendo
que em Oeiras, Manuel de Sousa Martins iria dificultar qualquer governo que não
fosse o seu;
Ainda em 1823, o Ceará cobra ao
Piauí, as despesas de guerra; é que os soldados cearenses (índios e caboclos)
não vieram por patriotismo; o Piauí, como o Brasil, teve que pagar caro, e mais
ainda por levar Fidié para Oeiras, licença paga também aos cearenses, para que
Manuel de Sousa Martins protegesse o sargento sanguinário português e tivesse
dividendos com o imperador;
Em 1824, explode a Confederação do Equador em Recife,
Pernambuco (movimento republicano de Frei Caneca); Parnaíba adere a 25 de
agosto de 1824; o líder pernambucano é fuzilado, e parnaibanos são presos e
remetidos para o Rio de Janeiro;
O Piauí vai ser governado pela
oligarquia de Manuel de Sousa Martins por 20 longos anos, que impõe um
histórico atraso à província; com a sua crueldade sacrificou inimigos,
incluindo governador que veio substituí-lo no poder; em 1839, explode a
Balaiada, oportunidade que o presidente da província Manuel de Sousa Martins
tem para fuzilar centenas de piauienses;
Em 1937, o projeto do Dia do Piauí do deputado Dr. José Auto
de Abreu é discutido na Assembleia, aprovado pelo governador em exercício Dr.
Anfrísio Lobão Veras Filho, ficando o 19
de Outubro, como a Data Magna do Estado.