21 de out. de 2015

A Independência do Brasil no Piauí – Resumo





Diderot Mavignier
(Autor de A Maçonaria e a História da Independência no Piauhy)


Já no final do século XVIII, os patriotas brasileiros que estudavam na Europa se reuniam em prol da liberdade do Brasil; esse grupo ficou conhecido como geração de 1790; nela os patriotas parnaibanos Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, Simplício Dias da Silva e João Cândido de Deus e Silva, mas também brasileiros como Hipólito José da Costa, Gonçalves Ledo, José Bonifácio e irmãos, e tantos outros;

Em 1808, o Brasil recebe a Família Real, e Dom João abre os portos às nações amigas. Em 1815, Simplício Dias compra uma franquia do Correio do Ceará para a vila da Parnaíba, a fim de se unir aos patriotas cearenses e pernambucanos; o Brasil é elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves;

A vila da Parnaíba adere a Revolução Pernambucana de 1817, e esta ao ser sufocada, é também abafada a sublevação parnaibana, conforme ofício do governador do Piauí; são fuzilados patriotas pernambucanos, entre eles, o amigo de Simplício Dias, Domingos José Martins, que contribuiu para a instalação do Correio parnaibano em 1815;

1820, a Revolução do Porto, em Portugal, proclama uma monarquia constitucionalista e faz retornar o Brasil à condição de colônia; as províncias brasileiras elegem os seus deputados à Corte de Lisboa: o parnaibano Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, e o campo-maiorense Miguel de Sousa Borges Leal Castelo Branco; o primeiro não aceitou, já estava no Rio de Janeiro e sabia dos rumos da independência, sendo substituído pelo pároco de Parnaíba, o padre português Domingos da Conceição; ambos juraram defender os interesses de Portugal (uma vergonha!);

Os patriotas reagem e fundam no Rio de Janeiro, o Grande Oriente do Brasil e a Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz; esta trabalha três lemas: União e Tranquilidade; Firmeza e Lealdade; e Independência ou Morte, sociedades secretas em prol da independência do Brasil. Com a esperança de que os portugueses voltassem atrás e reconsiderasse o Brasil como Reino Unido, os patriotas brasileiros trabalham a primeira divisa que era União e Tranquilidade;

Mas as Cortes de Lisboa não respeitam o pedido dos brasileiros e impõem a volta de Dom Pedro para a Europa, que responde com o Fico; no Rio de Janeiro é instalada as Cortes do Brasil; Oeiras, satélite de Portugal, não envia deputados;

Ao retornar de Santos, Dom Pedro recebe cartas da Imperatriz (que já tinha assinado a nossa Declaração de Independência no dia 05.09. 1822) e de José Bonifácio; Dom Pedro muda a divisa e proclama o terceiro lema Independência ou Morte, rompendo os laços com Portugal, às margens do riacho Ipiranga;

A vila da Parnaíba, a 19 de outubro de 1822, tendo a frente Simplício Dias da Silva, não sabendo que o imperador cortara os laços com Portugal, declara e brada o primeiro lema, e proclama a Independência, conservando a ideia de Reino Unido, onde o Brasil tinha a sua liberdade econômica desde 1808 com a abertura dos portos às nações amigas;

Os patriotas parnaibanos remetem aviso de sua proclamação à algumas vilas do Ceará, e Campo Maior no Piauí; esta não dá resposta e delata a proclamação às capitais Oeiras e São Luís, informando que “esta novidade foi bastante inesperada”

O Norte do Brasil declara guerra aos patriotas parnaibanos: Oeiras prepara um exército de piauienses comandados pelo sargento português Fidié (o Piauí não recebeu tropas de portuguesas, nem generais como as capitanias de Pernambuco e Bahia, Fidié chegou sozinho ao Piauí); São Luís e Belém enviam navios e tropas para sufocar o movimento parnaibano;

Não podendo enfrentar essas tropas e evitando um derramamento de sangue inútil, os patriotas parnaibanos se passam para o Ceará em busca de socorro ao Piauí;

Com o retorno dos patriotas parnaibanos, Leonardo de Carvalho Castelo Branco e José Francisco de Miranda Osório, acompanhados de 600 homens, o Piauí começa a receber tropas para a liberdade do Brasil, bancadas por Simplício Dias da Silva, que também envia a Recife o seu navio Senhor do Bonfim, para receber ajuda dos pernambucanos; os demais patriotas parnaibanos ficam no Ceará arregimentando tropas a favor do Piauí;

Ao chegar a Parnaíba, Fidié não precisou dar um só tiro contra os que desejavam a independência do Brasil, como também em todo percurso de 600 km, de Oeiras a Parnaíba, o que mostra que no Piauí somente o grupo parnaibano lutava pela independência; Fidié sabedor que a Cavalaria de Parnaíba era composta de patriotas brasileiros, como castigo, destaca esta corporação para a capital do Piauí; Fidié reconhece depois este grande erro; lá em Oeiras os patriotas parnaibanos trabalham para adesão do Piauí à independência do Brasil (24 de Janeiro de 1823), e na primeira Junta Provisória de Governo, o parnaibano, o capitão da cavalaria parnaibana, José Honorato de Morais Rego; o comandante desta corporação, o major Bernardo Antônio Saraiva de Carvalho, retorna ao Norte do Piauí, e participa da Batalha do Jenipapo;

A partir do 24 de janeiro de 1823, o pobre Piauí se vê nas mãos de uma oligarquia oeirense, comandada por Manuel de Sousa Martins, que sabedor do deslocamento de Fidié de retorno à capital, “fica de guarda” do cofre da província;

Ao tentar retornar à capital do Piauí, Fidié e tropas enfrentam os primeiros patriotas na Batalha da Lagoa do Jacaré, no dia 10 de janeiro de 1823, no povoado Piracuruca; no dia 13 de março de 1823, as tropas de piauienses comandadas pelo sargento Fidié enfrentam os brasileiros (a grande maioria formada de cearenses que os parnaibanos arregimentaram) comandados pelo cearense capitão Luís Rodrigues Chaves;

Fidié sai vitorioso, mas perde parte de sua bagagem de guerra, o que força sua passagem para Caxias, Maranhão, onde procura reforço e se aquartela no morro das tabocas;

No Norte do Piauí e Maranhão, continuam as lutas para a liberdade do Brasil e do corte de qualquer auxílio à Fidié pelo rio Itapecuru, missão das tropas de Parnaíba que contavam com soldados cearenses e pernambucanos. Entrincheirado no morro das tabocas, Fidié e tropas de rudes piauienses (uma vergonha), não resistem ao cerco implacável do comandante cearense João da Costa Alecrim;

Depois de meses de assédio para que Fidié se rendesse no morro das tabocas, chega a Caxias, numerosa tropa de soldados do Ceará, com a presença oportunista de Manuel de Sousa Martins; o morro passa a se chamar Morro do Alecrim;

Dom Pedro reconhece os feitos dos parnaibanos e agracia a vila como honroso título de Metrópole das Províncias do Norte; reconhece o empenho de Simplício Dias da Silva e o convida a ser o primeiro presidente da província do Piauí; Simplício Dias sendo republicano e tendo que refazer seus negócios destroçados por Fidié que tinha ficado com a sua tropa de mil homens em Parnaíba por três meses alimentando-os com os bois das fazendas do parnaibano, além de incendiar seus navios, fábricas e charqueadas; Simplício Dias não aceita o convite do Imperador, sabendo que em Oeiras, Manuel de Sousa Martins iria dificultar qualquer governo que não fosse o seu;

Ainda em 1823, o Ceará cobra ao Piauí, as despesas de guerra; é que os soldados cearenses (índios e caboclos) não vieram por patriotismo; o Piauí, como o Brasil, teve que pagar caro, e mais ainda por levar Fidié para Oeiras, licença paga também aos cearenses, para que Manuel de Sousa Martins protegesse o sargento sanguinário português e tivesse dividendos com o imperador;

Em 1824, explode a Confederação do Equador em Recife, Pernambuco (movimento republicano de Frei Caneca); Parnaíba adere a 25 de agosto de 1824; o líder pernambucano é fuzilado, e parnaibanos são presos e remetidos para o Rio de Janeiro;

O Piauí vai ser governado pela oligarquia de Manuel de Sousa Martins por 20 longos anos, que impõe um histórico atraso à província; com a sua crueldade sacrificou inimigos, incluindo governador que veio substituí-lo no poder; em 1839, explode a Balaiada, oportunidade que o presidente da província Manuel de Sousa Martins tem para fuzilar centenas de piauienses;


Em 1937, o projeto do Dia do Piauí do deputado Dr. José Auto de Abreu é discutido na Assembleia, aprovado pelo governador em exercício Dr. Anfrísio Lobão Veras Filho, ficando o 19 de Outubro, como a Data Magna do Estado.  

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