Digo dessa forma pra
explicar até onde chega a falta de criatividade e espírito público da nossa
comunicação em Parnaíba. Essa comunicação que tanto privilegia o instantâneo e
a exclusividade, mas que se esquece da qualidade daquilo que leva pra dentro
das casas e dos locais de trabalho de milhares de pessoas. Essa comunicação que
pouca importância dá pra quem é dirigida e muito menos para pra observar os
efeitos danosos daquilo que produz todo santo dia.
Vou ilustrar com um
fato. Nesse domingo, um funcionário do Cemitério da Igualdade, no centro de
Parnaíba, chegando ao seu lugar de trabalho se deparou com uma cena deprimente
e revoltante. O cadáver despido de uma senhora idosa que havia sido sepultado
no dia anterior. As primeiras
investigações policiais apontaram que o corpo havia sido violentado
sexualmente. E mais grave é que essas investigações apontaram pra um homem de
quase 40 anos e funcionário daquele cemitério. Com a continuidade das investigações
acabaram o inocentando.
Mas não é o amiudamento
desse fato o motivo de minhas considerações. O que me surpreende neste exato
momento é a falta de criatividade e esclarecimentos de nossa imprensa
parnaibana, principalmente a de televisão. Estive assistindo a todos os
noticiosos televisivos de Parnaíba nessas últimas 24 horas e não vi e nem senti
nenhuma disposição de se levar mais esclarecimentos de profissionais
qualificados sobre este dito distúrbio de comportamento, entre estes. a
necrofilia.
Muito pelo contrário. A
televisão parnaibana preferiu o lado sensacionalista do ocorrido. Mas até agora
tem sido incapaz de levar pra bancada de estúdio ou gravar uma entrevista com
algum pedagogo, psiquiatra ou psicólogo. Estes profissionais certamente sabem explicar
direitinho essas variações de comportamento, perfil, quem é mais vulnerável,
particularidades e situações especiais. Independente de se noticiar este caso
especial a televisão prestaria um grande favor à população.
Não. A televisão de Parnaíba, e aí nesse caso eu
aponto o dedo pras duas, tratou única e exclusivamente o fato como uma
ocorrência policial simples, mas espetaculosa. Porque pelo que se depreende
neste momento é que povo só tem de saber aquilo que não tem qualidade. Quanto
de pior valor moral, melhor pra ele povo. Este é o princípio da democracia da
comunicação desses que estão ultimamente no poder. Porque ao que parece a
televisão parnaibana está contratada única e exclusivamente para dar relevo a
ações menores de políticos. Algumas de início até interessantes, mas grosso
modo, medíocres.
Outras, sendo vistas
pela experiência de profissionais qualificados, não dariam uma nota de cinco
linhas! Era a hora agora da televisão parnaibana, atualmente tão carregada nos seus
quadros de pedagogos, psicólogos, bacharéis nisso e mais aquilo e outros que se
arvoram como tais, que privilegiasse a qualidade do que leva ao ar todos os
dias a começar por esclarecer à população, de forma científica e não apenas
policial este infeliz episódio do domingo.
Pádua Marques
Jornalista e Escritor