Por: Fernando Gomes(*)
O resultado das eleições 2014 implica em que benefícios para o povo? No Piauí Wellington Dias (PT) foi eleito em primeiro turno, com ele mais 30 deputados estaduais, 10 deputados federais e um senador da república. Com este resultado o que se pode esperar desta “nova” representação política?
Assistimos mais uma vez que a eleição foi definida pelo poder econômico. Dinheiro escondido nos bancos dos carros (só pegaram um), dinheiro envelopado com endereço certo aos cabos eleitorais, a famosa estratégia de contratar pessoas com o suposto título de fiscal que nada mais é do que uma forma camuflada de compra do voto. Formas qualificadas de mascarar a corrupção eleitoral.
Além das falcatruas já conhecidas, muitos questionamentos afligem a nossa sociedade. A lei da ficha limpa e as normas eleitorais que deviam coibir o abuso do poder econômico foram descumpridas. Uma legislação até certo ponto vigorosa que poderia permitir um pleito mais saudável, afastando-se da tradicional corrupção eleitoral foi negligenciada.
Constata-se que a aplicação rigorosa das leis em nosso país ainda é pouco eficaz quando se trata de punir a elite dominante. Um exemplo foi a permissão dada aos políticos corruptos já condenados pela Justiça para que pudessem pleitear cargos eletivos.
Alguns deles só não estão zombando mais do povo porque não conseguiram se eleger.Já os eleitos comemoram! “De um lado este carnaval, do outro a fome total”, como disse Gilberto Gil. Nesta relação desigual e violenta promovida pelo poder econômico não podia dar outra coisa senão o oprimido sempre elegendo o seu opressor. O que valeu a migalha recebida em troca do voto? Coitados...
Mas, miséria maior é se constatar que aqueles que lutaram para que a política fosse diferente, ao chegarem ao poder fizeram exatamente igual e em alguns casos se comportaram até pior do que os políticos tradicionalmente corruptos.
Sem delongas, refiro-me ao PT, onde boa parte dos companheiros faz história massacrando, humilhando e mantendo o povo na mesma dependência servil. Estes descobriram que o povo se deixa enganar por migalhas, inspiraram-se nos portugueses quando aqui chegaram e foram “catequizar” os índios, enganando-os com bugigangas e espelhos. Reitero o que já disse em outras oportunidades que no PT também tem muita gente boa, como em todo lugar.
Hoje, a enganação se dá com o Bolsa Família, que é colocado como grande feito de um governo, onde se vangloriam de dar comida a um povo faminto. Será que eles não percebem que estão criando uma legião de idiotas, famílias quantas estão condenadas a viver à mercê da violência, da prostituição, das drogas, humilhados, plenamente dependentes e condenados a viver sob condições vegetativas. Não seria melhor investir na educação, na geração de emprego e renda, no combate à corrupção? Combatendo a corrupção certamente teríamos recursos para investir nestas políticas públicas essenciais ao nosso povo.
Ocorre que dar dignidade ao povo é “perigoso”. Povo educado e independente pensa, analisa, critica e tem opinião própria. Isso não interessa ao político hipócrita.
Como se evidenciou, esta eleição mais uma vez foi caracterizada pela corrupção eleitoral. Não vou citar nomes, mas basta ver o mapa do resultado da eleição aqui em Parnaíba para a gente fazer a pergunta: o que leva um determinado candidato(a) a ter uma votação expressiva se ele(a) não tem nenhum compromisso com a cidade? Nunca teve, nem terá nenhum serviço prestado aqui.
A explicação para uns é esdrúxula: “o povo é que é corrupto e se vende!”. Estes desprovidos do conhecimento do que de fato está na essência que mantêm o sistema político brasileiro, piauiense e parnaibano põem a culpa no povo. Pobre povo, desavisado, desinformado, analfabeto, desempregado na sua grande maioria sofrendo a necessidade daquilo que é básico para ter uma vida com dignidade termina caindo no “laço”. Eu diria que, ao contrário do debate desqualificado que atribui toda a culpa da corrupção ao povo que se deixa corromper, deve-se refletir sobre o fato de que a corrupção está enraizada em meio à sociedade e é promovida em boa medida pela classe política brasileira.
Ora, é uma cegueira ideológica atribuir toda a culpa somente ao povo. Este termina entrando na corrupção de forma ingênua. Então, o povo na verdade é corrompido e quem promove a corrupção é a classe dominante, é a classe política que mantêm o controle do poder.
Recorro ao pensamento de Júlia Lícia para refletir melhor sobre estes fatos: “A pior ditadura não é a que aprisiona o homem pela força, mas sim pela fraqueza, fazendo-o refém das próprias necessidades”.
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte e parnaibano.