A palavra corrupção vem do latim corruptus,
que significa “quebrado em pedaços”; em outra interpretação, “apodrecido,
podre”. Fora do contexto ao pé da letra – que não deixa de ser uma magnífica
explicação – corrupção é o uso ilegal do poder, objetivando o benefício a si
próprio ou a pessoas ligadas por uma rede de interesses.
Em todas as sociedades humanas existem
pessoas que agem segundo as leis e normas reconhecidas como legais do ponto de
vista constitucional. No entanto, também existem pessoas que não reconhecem e
atacam essas leis e normas para obter benefício pessoal.
Essas pessoas são conhecidas sob o nome
comum de criminosos. No crime de corrupção política, os criminosos – ao invés
de assassinatos, roubos e furtos - utilizam posições de poder estabelecidas no
jogo político da sociedade para realizar atos ilegais contra a sociedade como
um todo.
O
problema é que toda sociedade corrupta sacrifica a camada pobre, que depende
puramente dos serviços públicos, mas fica difícil suprir todas as necessidades
sociais (infraestrutura, saúde, educação, segurança, lazer etc.) se os recursos
são divididos com a área natural de atendimento público e com os traficantes de
influência (os corruptos).
O
principal pilar da corrupção é o regime de governo em que não há democracia,
isto é, o regime ditatorial ou autoritário. Nestes regimes, as estruturas
governamentais de tomada de decisão concentram o poder de decisão em poucas
pessoas. Porém, pior, são os pseudos-democratas!!! Estes enganam..., e como!
Quando
o governo não tem transparência em sua administração é mais provável que haja
ou que incentive essa prática. Não existe cidade com corrupção zero, porém as cidades
mais ricas e democráticas têm menos corrupção, pois sua população é mais
esclarecida acerca dos seus direitos, sendo assim mais difíceis de se deixar
enganar.
Nas
pobres, mesmo que haja democracia formal, a população mantida ignorante acaba
votando em políticos corruptos que apenas possuem um discurso de proteção às
pessoas mais desfavorecidas.
De
quem é a culpa? Da corrupção na sociedade. Ou da sociedade que a deixa
instalar-se? Não se trata de buscar culpados, mas é bom refletir! A omissão é,
talvez, a forma de corrupção mais vista na nossa sociedade. Omitir-se é deixar
de fazer ou dizer algo que deveria, deixando certo problema prosseguir
ininterrupto. Quase todos nós nos omitimos. Deixamos de denunciar tudo o que
vemos de errado, deixamos de ajudar aqueles que necessitam da nossa ajuda,
deixamos de devolver aquilo que sabemos que não é nosso, entre outras omissões
comuns. Não só não denunciamos, mas até votamos naqueles que se corrompem
“escrachadamente”.
A
falta de transparência da estrutura governamental é também fator favorável à
corrupção. Mesmo em regimes ditos democráticos existem estruturas viciadas que
facilitam tais processos.
Além
disso, a educação sem qualidade em que é mantida a maior parte da população nestes
municípios é mais um aspecto que favorece à instalação e manutenção da corrupção,
criando um ciclo vicioso que sustenta a rede de poder criada e mantida para
alimentar o “sistema”.
Sem
educação, inclusive política (vide Bertolt Brecht, quem melhor definiu o
analfabeto político), aumenta a propensão do cidadão em não defender e/ou não
exercer seus direitos de cidadania, como a liberdade de expressão ou a
liberdade de imprensa. Aumenta também a negligência dos cidadãos.
Portanto,
a democracia e a educação são pilares de uma sociedade mais justa. O modelo de
organização social é que define o mundo em que vivemos. Qual o nosso modelo?
Qual a qualidade de nossa democracia? Quem nos representa? Qual a qualidade
dessa representação?
O
que aproxima ou diferencia o déspota do falso democrata? O que tem a ver um
regime déspota e autoritário que suprimiu as liberdades individuais e deu fim
em cidadãos de bem com um regime pseudo-democrático que é incapaz de promover o
bem-estar social?
Um reprime e mata sem máscaras. O outro
usa métodos sutis de mutilar a sociedade, criando uma sociedade de imbecis,
desempregados, analfabetos e dependentes do poder público. Diminui a qualidade de vida das pessoas. De
forma escamoteada, às vezes imperceptível, a corrupção mata e anula a vida dos
cidadãos, que deixam de ter acesso à educação, à saúde, à segurança, etc. Torna
difícil até mesmo a simples e objetiva sobrevivência. Mata aos poucos, condena
gerações. Uma violência!
Mário Quintana disse: “Do bem e do mal todos têm seu encanto: os santos e os corruptos. Não
há coisa na vida inteiramente má. Tu dizes que a verdade produz frutos... Já
viste as flores que a mentira dá?”.
(*)
Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.