9 de jun. de 2014

Verdade e mentira da corrupção: suas flores e frutos!(*)

A palavra corrupção vem do latim corruptus, que significa “quebrado em pedaços”; em outra interpretação, “apodrecido, podre”. Fora do contexto ao pé da letra – que não deixa de ser uma magnífica explicação – corrupção é o uso ilegal do poder, objetivando o benefício a si próprio ou a pessoas ligadas por uma rede de interesses.
Em todas as sociedades humanas existem pessoas que agem segundo as leis e normas reconhecidas como legais do ponto de vista constitucional. No entanto, também existem pessoas que não reconhecem e atacam essas leis e normas para obter benefício pessoal.
Essas pessoas são conhecidas sob o nome comum de criminosos. No crime de corrupção política, os criminosos – ao invés de assassinatos, roubos e furtos - utilizam posições de poder estabelecidas no jogo político da sociedade para realizar atos ilegais contra a sociedade como um todo.
O problema é que toda sociedade corrupta sacrifica a camada pobre, que depende puramente dos serviços públicos, mas fica difícil suprir todas as necessidades sociais (infraestrutura, saúde, educação, segurança, lazer etc.) se os recursos são divididos com a área natural de atendimento público e com os traficantes de influência (os corruptos).
O principal pilar da corrupção é o regime de governo em que não há democracia, isto é, o regime ditatorial ou autoritário. Nestes regimes, as estruturas governamentais de tomada de decisão concentram o poder de decisão em poucas pessoas. Porém, pior, são os pseudos-democratas!!! Estes enganam..., e como!
Quando o governo não tem transparência em sua administração é mais provável que haja ou que incentive essa prática. Não existe cidade com corrupção zero, porém as cidades mais ricas e democráticas têm menos corrupção, pois sua população é mais esclarecida acerca dos seus direitos, sendo assim mais difíceis de se deixar enganar.
Nas pobres, mesmo que haja democracia formal, a população mantida ignorante acaba votando em políticos corruptos que apenas possuem um discurso de proteção às pessoas mais desfavorecidas.
De quem é a culpa? Da corrupção na sociedade. Ou da sociedade que a deixa instalar-se? Não se trata de buscar culpados, mas é bom refletir! A omissão é, talvez, a forma de corrupção mais vista na nossa sociedade. Omitir-se é deixar de fazer ou dizer algo que deveria, deixando certo problema prosseguir ininterrupto. Quase todos nós nos omitimos. Deixamos de denunciar tudo o que vemos de errado, deixamos de ajudar aqueles que necessitam da nossa ajuda, deixamos de devolver aquilo que sabemos que não é nosso, entre outras omissões comuns. Não só não denunciamos, mas até votamos naqueles que se corrompem “escrachadamente”.
A falta de transparência da estrutura governamental é também fator favorável à corrupção. Mesmo em regimes ditos democráticos existem estruturas viciadas que facilitam tais processos.
Além disso, a educação sem qualidade em que é mantida a maior parte da população nestes municípios é mais um aspecto que favorece à instalação e manutenção da corrupção, criando um ciclo vicioso que sustenta a rede de poder criada e mantida para alimentar o “sistema”.
Sem educação, inclusive política (vide Bertolt Brecht, quem melhor definiu o analfabeto político), aumenta a propensão do cidadão em não defender e/ou não exercer seus direitos de cidadania, como a liberdade de expressão ou a liberdade de imprensa. Aumenta também a negligência dos cidadãos.
Portanto, a democracia e a educação são pilares de uma sociedade mais justa. O modelo de organização social é que define o mundo em que vivemos. Qual o nosso modelo? Qual a qualidade de nossa democracia? Quem nos representa? Qual a qualidade dessa representação?
O que aproxima ou diferencia o déspota do falso democrata? O que tem a ver um regime déspota e autoritário que suprimiu as liberdades individuais e deu fim em cidadãos de bem com um regime pseudo-democrático que é incapaz de promover o bem-estar social?
Um reprime e mata sem máscaras. O outro usa métodos sutis de mutilar a sociedade, criando uma sociedade de imbecis, desempregados, analfabetos e dependentes do poder público.  Diminui a qualidade de vida das pessoas. De forma escamoteada, às vezes imperceptível, a corrupção mata e anula a vida dos cidadãos, que deixam de ter acesso à educação, à saúde, à segurança, etc. Torna difícil até mesmo a simples e objetiva sobrevivência. Mata aos poucos, condena gerações. Uma violência!
Mário Quintana disse: “Do bem e do mal todos têm seu encanto: os santos e os corruptos. Não há coisa na vida inteiramente má. Tu dizes que a verdade produz frutos... Já viste as flores que a mentira dá?”.


(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

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