Por: Pádua Marques(*)
A revista Nova Escola, da Fundação Victor Civita, grupo da Editora Abril, edição de maio desse ano, esse mês que acaba de encerrar, trouxe uma informação na sua página 14 e que me causou preocupação. Uma escola de nome C. E. Presidente Emílio Garrastazu Médici, de Salvador, Bahia, trocou de nome para C.E. Carlos Marighella. A justificativa da diretora Aldair Dantas pra essa troca de nomes foi de que havia um ressentimento em toda a escola porque se fazia uma homenagem a um presidente que confrontou a liberdade e a democracia.
Ainda segundo a diligente dona Aldair o novo nome foi definido democraticamente por meio de uma eleição e que um relatório sobre este processo foi a base do pedido de alteração enviado à Secretaria de Educação e aprovado. Por aí se vê a quantas anda a coisa da ideologia política chegando às escolas. E ninguém me tira da cabeça que nessa empreitada não tenha um dedo do pessoal do PT. Ora se não tem! Tem e não é somente um dedo não, mas uma mão inteira. Porque de uns tempos pra cá o que mais tem se visto pelo Brasil é essa coisa de colocar a culpa na ditadura militar.
Que ninguém a essa altura e que bem me conhece não ache que eu estou fazendo defesa daquele período da política brasileira. Tudo em quanto agora é, no tempo da ditadura, a ditadura fez isso e mais aquilo, ditadura pra lá e pra cá e por aí vai. Parece que dá gosto falar porque justifica alguma coisa. Mas batendo cabeça aqui nas minhas observações tudo isso feito, essa abertura de sepulcro pelo PT, seus ideólogos e seus partidos satélites, esse desejo incontrolado de vingança, de revanche, essa revirada na roupa suja da história brasileira e que já tinha como destino o esquecimento cheira a uma obsessão doentia e que miseravelmente nos levará à ruína.
Muro do GREPEM
Pra esse partido que está no poder e todos os seus satélites é muito fácil, empanar e desviar a atenção pra um período nebuloso entre 1964 e 1985. O Brasil tem atualmente um péssimo desempenho na economia com um PIB alcançando menos de 2%, a violência nas cidades aumentando, o horror com a educação e o cuidado com a saúde da população, os descaminhos e a corrupção campeando, enfim, a feira em que se transformou e a pouca credibilidade em que está mergulhado. O Brasil está sujo e pobre até o pescoço na atualidade e que só o tempo vai dizer quando e como há de ter fim. Agora fica este PT jogando na cara do povo outro erro histórico. Todo que é santo dia se ouve e se vê sobre uma chamada, Comissão da Verdade, criada com o único objetivo de espremer feridas que já estavam cicatrizando. E agora mais essa de achar que um nome de escola vai influenciar em alguma coisa. Pensando assim eu fico até com medo do pessoal começar a caça às praças, escolas, avenidas, ruas e outros pontos que lembrem quem teve ligações com o período da ditadura aqui na Parnaíba. Eu fico até com medo de assim de repente eles encontrarem algum osso velho no meio da rua e meterem na cabeça que é de algum guerrilheiro parnaibano.
Porque tem ali na Praça da Lagoinha uma coluna lembrando a passagem do presidente Garrastazu Médici por Parnaíba quando veio inaugurar o asfaltamento da BR 343 ligando, salvo engano, de Corrente a Luiz Correia em 1973, quando o engenheiro Alberto Silva era governador nomeado. Eu até imagino o constrangimento daquela rapaziada que toma sua cerveja ali no trailer aos sábados tendo que desocupar a área. Fico imaginando e com medo que eles desçam a marreta também no Polivalente, escola inaugurada naquela mesma data pelo general e presidente.
Tenho medo que eles desçam a marreta no GREPEM, Grêmio Recreativo Presidente Emílio Médici, ali na Caramuru. E tenho medo que eles daqui pra mais uns dias mandem derrubar o Centro Cívico, a menina dos olhos de Lauro Correia, e ainda troquem como na Bahia os nomes de escolas e hospitais e avenidas porque foi a dita quem fez.
Porque ao que parece a coisa vai ser assim a partir de agora: teve alguma relação com a ditadura militar o couro come! Lembra de alguma forma a relação com alguém, sendo parente ou não de quem teve participação como algoz no período da ditadura, a sola vai levantar poeira e a palmatória vai estalar! E me recordo de outro período sombrio da história da Humanidade, atual, ainda no início do século XX, na Rússia. Quem conhece a História geral sabe. Se não sabe deveria saber. Foi essa mesma perseguição e sofrimento para quem não cantava na cartilha do comunismo.
Construída nos tempos da "DITA"
Eu não morro de amores por aquele período entre Castelo Branco e Figueiredo. Os protagonistas são outros. Mas o PT está criando até mesmo pra ele dificuldades em crescer como partido ao martelar um período ruim e que deve ser esquecido. Porque a ditadura militar pra esse pessoal tá feito aquele menino que se tem em casa e tudo em quanto não presta, tudo quanto é malfeito a gente joga a culpa nas costas dele mesmo ele já nem sendo mais menino. A ditadura militar pra eles é feito aquela mulher que o sujeito apanhava dela e ela ficou velha, foi embora ou morreu e o camarada toda vez que bebe e se lembra dela bebe mais.
(*)Pádua Marques é escritor e jornalista