Por:Bernardo Silva(*)
Não tem nenhum sentido a empolgação demonstrada pelos petistas do Piauí ao receberem na semana passada a vista da Presidente da República, Dilma Roussef, por estas plagas. Político do Piauí tem uma espécie de “paixão seca” por este Lula e esta Dilma, que cansa. Os fatos demonstram que nem vale à pena. Vir à Teresina e Parnaíba apenas para entregar diplomas a estudantes de cursos técnicos e inaugurar conjunto residencial, não justifica o envolvimento de um aparato tão grande, para a proteção de uma Presidente da República que tem muito que fazer. Ou teria, não fosse a opção dela pela campanha eleitoral extemporânea.
Aqui no Piauí os governos do Lula e da Dilma tiveram sempre uma bancada de deputados federais e senadores do lado deles. Tão fiéis quanto cachorrinhos, comendo na mão, balançando o rabinho e obedecendo, sempre a tempo e à hora, a orientação que recebem no encaminhamento das votações no Congresso Nacional. Lá em Brasília, sequer levantam as patas. Aqui no Piauí rosnam, vociferam valentemente como se significassem alguma coisa no centro das decisões.
Conjuntos residenciais do Programa “Minha Casa Minha Vida” e cursos do Pronatec estão espalhados por todos os Estados da Federação. Não é verdade? Se Teresina e Parnaíba também fazem parte da Federação, por que ficariam de fora? Qual o grande mérito, a grande justificativa para a Presidente vir até aqui para solenidades que sempre tiveram no máximo a presença de um governador e/ ou deputados do baixo clero? Não, rigorosamente, a presidente Dilma não mereceu os aplausos recebidos. Afinal, as promessas por ela feitas já vinham sendo apregoadas pela mídia. Além do mais, como dizem, quem ficou rico com promessas foi São Francisco.
E ela teve a coragem de falar do Porto de Luiz Correia, para o qual o deputado estadual Fábio Novo vive dizendo na Assembleia Legislativa que há recursos. O ex- governador Wilson Martins, em solenidade da AGESPISA realizada em fevereiro, quando foi inaugurada a ETA-IV, no bairro Igaraçu, criticou o antigo projeto do Porto e disse que agora, com o novo projeto do Governo dele, o Piauí teria um Porto nos moldes do Porto de Santos(SP), o maior do país. Ora, faça-me o favor!!!
Mas a vinda da Dilma a Parnaíba havia sido prometida lá atrás, ainda em 17 de junho do ano passado, quando esteve na cidade o então Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra, para assinar a ordem de serviço autorizando a retomada das obras da segunda etapa dos Tabuleiros Litorâneos. “Os tabuleiros litorâneos têm um enorme potencial de produção, a nossa meta é transformar a região em um dos maiores polos frutíferos do Brasil. Para isso precisamos dar condições aos produtores realmente interessados em produzir no local”, lembrava na ocasião o então governador Wilson Martins, discursando para uma plateia de políticos, irrigantes do DITALPI e olhando nos olhos do Prefeito Florentino e do Ministro Bezerra.
E o Ministro Fernando Bezerra, que é da região de Petrolina em Pernambuco, conhecedor da importância da fruticultura irrigada, discursou prometendo “horrores”. E arrematou dizendo que as obras da segunda etapa do DITALPI estariam prontas em abril deste ano ou maio, para serem inauguradas pela presidente Dilma, antes do período proibido pela Legislação eleitoral. E houve quem acreditasse. Porque quem hoje toca em frente a produção dos Tabuleiros são todos “gente boa”.
A qualidade dos produtos dos Tabuleiros Litorâneos é conhecida em todo o Brasil. Grandes empresas do ramo adquirem as frutas e comercializam nas centrais de abastecimento das capitais e nos supermercados da região Nordeste, Sul e Sudeste. Mas, para o governo federal parece não interessar investimentos de grande monta na produção de alimentos. Pelo menos no Piauí. E aí há de se perguntar: onde foi que erramos?!!!
(*) Bernardo Silva é professor e jornalista