Nesse final de semana
me vem pela imprensa uma declaração do presidente do Instituto Histórico,
Geográfico e Genealógico de Parnaíba, Reginaldo Júnior, de que há um
desentendimento à vista entre o advogado e presidente da Federação do Comércio
do Piauí e do SESC, Valdeci Cavalcante e os antigos proprietários em relação ao
acervo da Escola Técnica de Comércio União Caixeiral, já desativada, atualmente
guardado naquela instituição da rua Duque de Caxias.
Desde quando foi
desativada aquela escola, perto de comemorar seus 90 anos, todos os imponentes
quadros de formatura, muitos com mais de dois metros de altura e sabe lá quanto
de peso e que registram toda a história de uma das mais importantes escolas
profissionalizantes do Piauí, pioneira na sua categoria, estão nas dependências
do IHGGP. Mas ali, convenhamos, não é e nunca foi lugar adequado pra guardar e
expor tão importante registro da história de Parnaíba.
O Instituto Histórico,
Geográfico e Genealógico de Parnaíba, criado há quase quinze anos, passa, assim
como outras entidades do gênero, por um momento de relativo abandono. Acaba de
ter vários objetos furtados e sua estrutura e segurança não oferecem as mínimas
condições de abrigar seja uma pena do pavão ou uma panela de barro da cozinha
da casa do coronel Simplício Dias da Silva. Aliás, toda a região do centro
histórico de Parnaíba passa pelos mesmos problemas.
A Parnaíba nunca tratou
sua história como realmente ela merece. E principalmente agora com a
importância e o interesse das universidades com os cursos de Turismo e de
História. E a Escola Técnica de Comércio União Caixeiral, fundada em 1918, a
exemplo de outras instituições, acabou por acabar. Mas vamos encurtar caminho.
Na época da desativação da escola todos os quadros foram morar e mal no prédio
da rua Duque de Caxias. Com a falta de cuidados eles começaram a sofrer a ação
do tempo.
Mas ao que parece, e o
presidente Reginaldo Júnior tenta explicar, na época da recompra do prédio pelo
advogado Valdeci Cavalcante não houve um acerto sobre o destino dos quadros.
Mas agora com a reforma e restauração da Caixeiral existe uma vontade de que
eles voltem a fazer parte do acervo, quando for inaugurado como Centro Cultural
de Parnaíba “Caixeiral”. O que quero dizer aqui nestas linhas é que não
interessa as razões passadas.
O que interessa
realmente é que os quadros de formatura de gerações e gerações de contadores
formados pela Caixeiral estão para aquele prédio assim como a coroa magnífica
do imperador Dom Pedro II está para o Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de
Janeiro. Qual a satisfação que daríamos e daremos aos visitantes e interessados
pela nossa história do século XX quando tivermos que justificar que ali
funcionou uma das maiores e melhores escolas de contadores? E os visitantes
perguntando pelos quadros e a gente tentando explicar que estão mal cuidados no
IHGGP. Era só o que faltava!
Portanto eu acho e
recomendo que se existem rusgas, ressentimentos e amuos entre a família do professor
Gilberto Escórcio Duarte e o advogado Valdecir Cavalcante, do SESC, devem ser
deixados de lado, esquecidos, colocados uma pedra bem grande em cima. Vamos
acertar as arestas, ser civilizados e dar forma ao que fizemos no passado para
que gerações que vêm nos admirem e nos respeitem. Não é com calundu e privando
as gerações que estão aqui a nos ver e aquelas que estão chegando que vamos
construir nada. Só a cidade é que perde.
Tenho certeza de quando
o prédio da histórica Escola Técnica de Comércio União Caixeiral estiver com
sua reforma e restauração concluídas muito há de orgulhar quem nos visita.
Tenho certeza de que os quadros com as gerações e mais gerações de contadores
formados naquela escola em quase um século, registro do seu passado, aqueles
parnaibanos ainda vivos e que nos visitam assim também como seus filhos, netos
e bisnetos muito vão falar por onde passarem de que na Parnaíba ainda existem
homens que respeitam e preservam o passado.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor