Volto a um tema que é recorrente na
administração pública: o desperdício de dinheiro nas obras inacabadas. Aqui em
Parnaíba não é diferente do resto do país. A atual gestão, a despeito da
esperança em que se depositou na juventude de Florentino Neto (PT), traz o amargo
gosto da sensação de decepção frente aos compromissos firmados e a lealdade com
a população.
O atual modelo administrativo parnaibano
em muito se assemelha a outros que usaram a máquina pública em favor da
manutenção do poder de um grupo político que se afasta da ideologia e dos
discursos plantados nas campanhas eleitorais. Com competência mantêm o controle
da mídia em seu favor. Distribui cargos e favores políticos conforme interesses
do controle hegemônico.
O mesmo dissabor d’antes. Já se passaram
praticamente 15 meses dessa administração, ou seja, cerca de 30% do tempo total
ao qual o cargo lhes permitem, dos 48 meses de mandato. Afinal, o tempo não
para.
Lamenta-se registrar o descaso de inúmeras
obras paralisadas. Fato que ninguém consegue entender: o matadouro público que
em 8 anos não se conseguiu aplicar o recurso em caixa e o pior é que a
população permanece consumindo carne da moita; a falta de conclusão das obras
de drenagem das águas pluviais das ruas Oeste, Carpina e Anhanguera, no bairro
Piauí (o famoso Piscinão); a falta de ordem de serviço para a construção de 900
banheiros para domicílios no bairro São Vicente de Paula, a licitação foi
vencida no Processo de Concorrência Nº 007/2009, e o contrato assinado entre a
Prefeitura e a empresa ganhadora MARCA ENGENHARIA LTDA, sob o nº contratual
143/PMP/2010; a perda do projeto de requalificação da beira rio, cerca de R$
7.800 milhões; o saneamento básico que
se arrasta; o escândalo da Vila Olímpica; a letargia do DITALPI.
Engraçado verificar que quando as obras
do governo federal emperram ou caem em problemas, como exemplo as obras do
saneamento que estragaram a pavimentação, o poder público municipal sai pela
tangente dizendo que não é da sua responsabilidade; mas quando as obras (em sua
maioria) são do governo federal e dão certo, eles dizem que a prefeitura é quem
as viabilizou, trazem para si o mérito de ter realizado, embora os recursos
sejam externos. Muito engraçado!
Diz-se que criticar é muito fácil, e é.
Mas fazer quando se tem compromisso é muito mais, além de gratificante.
Sobremaneira, obrigação...
Outro dia numa roda um assessor do
prefeito admitiu essas dificuldades e a percepção do povo quanto à ineficiência
administrativa e soltou a seguinte pérola: “é,
tá ruim mesmo, mas na hora certa nós vamos virar a situação, temos muitos
projetos e vamos calar a boca de todos”.
Calar a boca é uma expressão usual da
política local, seja com “mimos” ou com vantagens patrocinadas pelo próprio
poder, como oferta de cargos, compra de produtos e contratações de serviços
pela prefeitura. Não importa saber a qualidade de vida da maioria da população?
O mundo todo hoje faz uma discussão
sobre a sustentabilidade. Qual é a política local para a gestão dos recursos
naturais? Qual o modelo de desenvolvimento pensado pelo município? Parece que
esta realidade está desintegrada das ações propostas e até do conhecimento e
afinidade com o tema em boa parte da equipe responsável pela gestão municipal.
O Governo Municipal tinha que estar
brigando na esfera estadual e federal pela requalificação da orla da Praia da
Pedra do Sal; junto à Eletrobrás, infra estrutura de energia elétrica; apoio
incondicional ao projeto DITALPI; reestruturação do transporte público; retomada
das obras da Vila Olímpica; plano de desenvolvimento do turismo regional; implementação
da ZPE; plano de atração de investidores, dentre outras obras estruturantes
para a região.
Os estrategistas da política do grupo
dizem: “Não vamos nos preocuparmos com a crítica,
vamos tocar do jeito que tá, tá bom”. É, se a receita deu certo outras
vezes, com esse mesmo estilo de governar, questiono-me: quem está errado?
Afinal, parece lógica a estratégia: para que fazer alguma coisa agora se a
eleição é só daqui a 7 meses?!
O povo visto como “de memória curta”
parece não engolir mais essa estratégia. Chegamos ao limite da exaustão, ou não.
Quem viver verá!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo,
cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.